A Marcha Independente Zumbi e Dandara irá às ruas do centro de Porto Alegre nesta segunda-feira (20) para denunciar a discriminação racial e a marginalização da população negra. A atividade terá concentração às 17h na Esquina Democrática e percorrerá as avenidas Senador Salgado Filho e Borges de Medeiros em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, com o encerramento na Ponte de Pedras na Praça dos Açorianos.
:: Bem Viver na TV traz resistência negra no humor, cultura e alimentação ::
“A Marcha Zumbi e Dandara, em todos os dias 20 de novembro, é um marco para a construção da unidade em prol da comunidade negra. Tanto do movimento negro, com todas as suas nuances que tem, mas em conjunto com o movimento sindical e os movimentos populares”, afirma Marco Aurélio Velleda, do Coletivo Pela Igualdade Racial do Sindicato dos Servidores da Justiça do RS (Sindjus/RS-CIRS), um dos movimentos que coordena as atividades do Novembro Antirracista.
Para ele é fundamental essa construção coletiva para a sociedade avançar e acabar com essa estrutura do racismo que tem nessa sociedade. “Porque o novembro, ele sempre desperta a questão do antirracismo, mas ele não pode ser só em novembro, ele tem que despertar esse debate para o ano inteiro. Ela tem que ser uma luta perene, para sempre, até a gente conseguir acabar com o racismo estrutural e o racismo que vive nessa sociedade”, complementa.
A organização vem se reunindo semanalmente em comunidades da periferia de Porto Alegre e decidiu coletivamente que as palavras de ordem este ano serão: “Pelo poder ao povo preto, por nossa identidade afro-gaúcha e pelo direito à cidade!”. O objetivo é dialogar com a sociedade sobre a defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade para o povo brasileiro e negro, do ensino de História da África e cultura afro-brasileira, e da História do Brasil na perspectiva antirracista nas escolas e universidades, além da revogação do Novo Ensino Médio.
:: IV Festival Cinema Negro será lançado no dia 20 de novembro no Salão de Atos da Ufrgs ::
Os manifestantes defendem, também, políticas públicas efetivas para a promoção da saúde mental da população negra, assim como a volta das campanhas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis que foram extintas nos governos anteriores. Da mesma forma que exigem maior investimento em campanhas de conscientização da Doença Falciforme e nos programas de fornecimento gratuito dos medicamentos para o uso compassivo das pessoas com a doença.
Ainda irão marchar pelo direito à moradia, a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, uma urbanização e regularização fundiária das inúmeras vilas das periferias dos municípios gaúchos.
“No caso de Porto Alegre, por exemplo, a cidade não está mais sendo construída para nós, nosso povo, que é jogado hoje nas comunidades periféricas. Quando se constrói uma cidade linda, maravilhosa, para os olhos de quem passa pelo Centro, pelos arredores do Centro, está se vendo isso, está se vendo que é uma cidade construída para aqueles que sempre comandaram e sempre exploraram o nosso povo, que é o nosso povo negro. Então, isso é importante, neste momento, a gente quer pautar a cidade que nós queremos”, afirma Velleda.
A atividade contará com a apresentação cultural da Cia de Danças e Ritmos Afro-brasileiros Brazil Estrangeiro que comemora 32 anos de sua fundação na Marcha.
“Nossa companhia tem abordado de janeiro a janeiro pautas sobre a diversidade étnico-racial, o preconceito, o genocídio da população negra e, principalmente, a identidade afro-gaúcha”, afirma Carla Pires, fundadora e coreógrafa da Cia.
Além, também, da apresentação do Grupo Poetas Vivos formado por jovens pretos com foco na representatividade preta e periférica através do Hip-Hop, literatura, educação, música e grafite. Durante o trajeto a Harmonia Musical e a Bateria Cadência do Morro irão entoando sambas com letras em prol da luta do povo negro.
Edição: Katia Marko