Rio Grande do Sul

CELEBRAÇÃO

Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) comemora 40 anos de lutas e conquistas

Mulheres camponesas de todas as regiões do país estarão reunidas neste sábado no interior de Chapecó, em Santa Catarina

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Os 40 anos de existência do MMC têm um significado muito importante para nós, mulheres camponesas", ressalta dirigente - Foto: Acervo MMC

O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) celebra neste sábado (18) seus 40 anos de existência, na comunidade de Faxinal dos Rosas, no interior do município de Chapecó, em Santa Catarina. Mulheres camponesas de todas as regiões do país estarão unidas pelo lema "MMC 40 anos: existimos porque lutamos" para celebrar os frutos das lutas e projetar o futuro. Desde o início de 2023 foram realizados encontros nos estados para estudar a história do movimento. 

:: Depois de viver seca e trabalho escravo, agricultora conta da sua luta com mulheres camponesas ::

No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, em diversos locais dos interiores do país, mulheres agricultoras, pescadoras artesanais, quebradeiras de coco, extrativistas, arrendatárias, meeiras, ribeirinhas, marisqueiras, posseiras, boias-frias, diaristas, parceiras, sem-terra, acampadas, assentadas, faxinalenses, assalariadas rurais, agregadas, indígenas, quilombolas, mulheres do campo, das florestas e das águas e de demais comunidades tradicionais se reuniam com a proposta de organizar movimentos autônomos de mulheres.

O contexto era de modernização tecnológica na agricultura com a chegada dos pacotes de venenos e da chamada “revolução verde”, que trouxe grandes rupturas do sistema social (efeito perverso e adverso) para as mulheres e as famílias camponesas, afetando a vida em diferentes dimensões no campo. 

A data do marco histórico da fundação escolhida pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) é o 1º de Maio de 1983. O MMC chega aos seus 40 anos, neste 2023, organizado em 16 estados do país, resultado das sementes plantadas naqueles anos 1980 e das lutas anteriores, das ligas camponesas e de tantas mulheres do campo, das águas e das florestas que ousaram enfrentar as violências, o capitalismo, o machismo, o patriarcado, o racismo e todas as opressões em cada momento da história. 

Envolvidas em todas as lutas camponesas, da resistência à ditadura à reorganização dos sindicatos rurais progressistas e à reforma agrária, as mulheres percebiam que precisavam de um espaço de autonomia de decisões para que as pautas diretamente ligadas aos seus direitos também tivessem espaço nos debates. E aquelas sementes de organização, os diversos movimentos, articulações e espaços autônomos que foram se construindo em cada região, resistiram e vingaram. Já deram muitos frutos e construíram um movimento que hoje é protagonista das lutas das mulheres camponesas.

“Os 40 anos de existência do MMC têm um significado muito importante para nós, mulheres camponesas. Muitas foram as conquistas: os direitos sociais como aposentadoria, salário maternidade, auxílio doença, o SUS, entre outras, que tanto bem têm feito para as mulheres e famílias do campo, assim como para toda a sociedade”, aponta Noeli Welter Taborda, da direção nacional do MMC. 

:: Rio de Janeiro recebe Congresso Brasileiro de Agroecologia na próxima semana ::

De acordo com Noeli, todo o processo de luta pelos direitos garantiu às mulheres camponesas ter documentos, uma profissão reconhecida, o acesso à previdência social e a serem sujeitas ativa na história do país e do mundo. "Para além das conquistas, o MMC constrói as bases para um projeto de sociedade e de agricultura camponesa, popular e feminista através do feminismo camponês popular, da produção de alimentos saudáveis e diversificados, das sementes crioulas, das plantas medicinais, tornando os quintais produtivos espaços pedagógicos da agroecologia como modo de vida e caminho para a sociedade", explica. 

“Mas, acima de tudo, temos buscado enfrentar a violência do sistema capitalista opressor em que vivemos, do patriarcado, do machismo, do racismo, da LGBT+fobia, construindo novas relações entre mulheres e homens e de harmonia com a natureza. Através do nosso tripé de organização, de formação e de lutas, seguiremos na construção de uma sociedade justa e digna”, complementa a dirigente do MMC. 


Para além das conquistas, o MMC constrói as bases para um projeto de sociedade e de agricultura camponesa / Foto: Acervo MMC

Segundo Noeli, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) é hoje um dos principais espaços de construção, prática e reflexão sobre o feminismo camponês popular e está entrelaçado, desde as origens, nas lutas globais do campesinato e de toda a classe trabalhadora através da participação efetiva na construção da Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC) e da Via Campesina Internacional. 

Programação:

8h30 - Recepção das caravanas
9h - Mística de abertura
9h40 - Ato político
12h - Abertura da mostra das camponesas
12h30 - Almoço
13h30 - Ciranda Feminista Camponesa Popular, visitas à Associação Pitanga Rosa, ao horto florestal e agrofloresta
16h - Encerramento com música e dança

* Com informações do Coletivo de Comunicação do MMC.


Edição: Katia Marko