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Rio de Janeiro recebe Congresso Brasileiro de Agroecologia na próxima semana

A 12ª edição do maior evento do segmento desafia colocar a 'Agroecologia na Boca do Povo'

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
São mais de 70 organizações e movimentos reunidos num grande esforço coletivo sob a coordenação da ABA para efetivar o 12º CBA - Divulgação CBA

Tendo como ponto de origem a Fundição Progresso, na cidade do Rio de Janeiro, e estendendo sua teia de atividades em pelo menos mais uma dezena de locais nas imediações, o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) acontece entre os dias 20 e 23 de novembro. Contando com amplo espectro de programação, que contempla conferências ampliadas, apresentações de trabalhos, espaços de feira e exposição, atrações culturais e festivais, o evento se desenvolve a partir do macro tema que desafia colocar a “Agroecologia na boca do Povo”.

:: Comunidades são exemplos de produção de alimentos saudáveis e solidariedade ::

Conforme expresso na convocatória do CBA, a expectativa é de 5 mil participantes inscritas/os, entre pesquisadoras/es, docentes, estudantes, técnicas/os e extensionistas, agricultoras/es familiares e camponeses, povos e comunidades tradicionais e ativistas dos movimentos sociais.

Os objetivos centrais voltam-se para a defesa da produção de alimentos adequados e saudáveis, da popularização da agroecologia e da construção de uma ciência comprometida com uma sociedade justa e tecida entre múltiplos saberes.

A organização é puxada pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e agrega de forma colaborativa mais de 70 organizações, instituições, movimentos, coletivos e grupos representativos.

Ciência, movimento e prática

Para Natália Almeida, da ABA Sudeste/Fiocruz, o Congresso Brasileiro de Agroecologia possibilita “olhar para todas as experiências que já estão enraizadas”, gerando “uma oportunidade de exercitar a coerência entre ciência, movimento e prática, que é uma das grandes bússolas do trabalho da ABA”.

Membro do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra do RJ, Já Eró Silva afirma que "ocupar a cidade nesse contexto de combate a fome a miséria requer muito o cuidado de pensar qual o tipo de ciência nós vamos estar discutindo nesse congresso". Segundo ele, é "discutir Agroecologia para além dos muros das Universidades, envolvendo toda a população, acolhendo a diversidade".

Integrante da coordenação-geral do CBA, Paulo Petersen coloca em destaque o contexto em que o evento está inserido, "de muita disputa de projetos na sociedade". A intenção, aponta, é "exatamente expressar que o caminho para a superação da fome e da pobreza passa pela fundação dos sistemas alimentares com foco na agroecologia". Petersen alerta que é preciso avançar além do debate puro e simples sobre produção, “interessa superar a fome com alimento sadio, saudável, de qualidade e para isso é preciso construir uma força social, é preciso colocar a agroecologia na boca do povo”.

Andressa Paiva, do Movimento dos Pequenos agricultores e Pequenas Agricultoras (MPA) ressalta a importância que o CBA traz para o tema e para o território. Relembra que a edição anterior, realizada em Sergipe, deixou um legado de experiência que agora está sendo resgatado na construção coletiva da nova edição.

Karine, da Comissão de Ciências e Saberes e do grupo de trabalho de Ancestralidade da ABA, sinaliza para a forma como as mulheres, as periferias, as favelas, o povo preto de matriz africana, indígenas, o povo das águas do campo e suas lutas contra os fundamentalismos “são princípios centrais desse congresso, buscando também somar nas resistências, retomadas e mudanças que são estruturantes e que seguem curso nos territórios”.


Congresso afirma a produção de alimentos saudáveis como solução para a fome no Brasil / Divulgação CBA

Programação

As atividades vão acontecer em múltiplos formatos, estão sendo organizadas em quatro dias e distribuídas em mais de 15 espaços diferentes. Conforme explicam os organizadores e organizadoras, trata-se de um encadeamento de atividades que terá três tipos de ambientes estruturantes, sendo elas: Tapiris de Saberes ( mais de 300 sessões de trabalhos científicos, dos relatos técnicos e dos relatos populares em texto e em vídeo no período da manhã dos dias 21, 22 e 23); Conferências (realizadas nas tardes dos dias 21 e 22, organizadas a partir dos grandes temas Ciência, Saúde, Justiça Climática, Bem Viver, Direitos e Economias, bem como as conferências especiais de Abertura e Encerramento, no primeiro e no último dia do congresso); e Barracões de Saberes (são 17 pontos de referências espaciais temáticas para aquelas pessoas que buscam participar das atividades autogestionadas, dialogar com os assuntos tratados pelos Grupos de Trabalho da ABA-Agroecologia e eixos que orientam o Congresso).

Também serão realizadas oficinas propostas por grupos, coletivos, movimentos sociais e instituições na perspectiva de complementação, diálogo e interação com a programação nos mais variados temas. Elas acontecem durante as manhãs dos dias 21 e 22.

Outras atividades simultâneas ainda ocorrem em diferentes espaços e com programação própria: Feira Nacional Saberes e Sabores da Agroecologia e Economia Solidária (praça do Passeio Público), Tenda da Saúde, Cuidado e Cura (Escola Superior de Desenho Industrial, ESDI), Ciranda Infantil (Circo Voador), Cozinha das Tradições (Escola Superior de Desenho Industrial, ESDI), Terreiro das Inovações Camponesas (Fundição Progresso), Festival Internacional de Cinema Agroecológico (FicaEco – Cine Odeon) e o Festival de Arte e Cultura da Agroecologia (FACA) no Passeio Público, e outros espaços.

Confira aqui a programação em detalhes. Para conhecer mais sobre o Congresso Brasileiro de Agroecologia acesse o site do evento.


Edição: Marcelo Ferreira