Rio Grande do Sul

FIM DOS ACORDOS

Em ação na empresa AEL, Frente Povo sem Medo pede que governo rompa acordos com Israel

Cooperação militar e de segurança entre Brasil e Israel foi assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A Frente Povo Sem Medo realizou uma ação simbólica de denúncia em frente à empresa AEL, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (14) - Foto: Comunicação MTST

Na manhã dessa terça-feira (14), a Frente Povo Sem Medo realizou uma ação simbólica de denúncia em frente à empresa AEL, em Porto Alegre. A AEL é uma subsidiária da Elbit Systems, a maior empresa privada militar israelense, que fabrica drones armados amplamente utilizados nos ataques em Gaza, entre outros armamentos.

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A ação teve como objetivo denunciar os acordos de cooperação militar e de segurança entre Brasil e Israel, assinados pelo ex-presidente Bolsonaro. Os manifestantes pedem que o governo brasileiro rompa com os acordos que beneficiam o apartheid e o genocídio contra o povo palestino, deixando de importar armas, táticas e tecnologias repressivas de Israel para o Brasil.

Além de uma das principais fabricantes de drones do mundo, a Elbit Systems foi uma das responsáveis pela construção ilegal do muro israelense e até hoje provê e mantém seus sistemas de vigilância, assim como os sistemas das colônias ilegais na Cisjordânia. Além disso, a Elbit também produz fósforo branco, cujo uso por Israel durante seus ataques à Palestina tem sido condenado pela Human Rights Watch e pela Anistia Internacional.

No Brasil, a Elbit possui uma subsidiária de nome AEL, com sede em Porto Alegre. Em 2014, em respostas ao chamado do povo palestino por campanhas de boicote, desinvestimento e sanções (BDS) às empresas cúmplices das violações israelenses do direito internacional, organizações e movimentos sociais conquistaram a ruptura de um acordo bilionário da empresa. Atualmente, no entanto, o site da AEL ostenta o apoio do governo federal, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) em sua página inicial.

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Em chamado publicado em 23 de outubro, o Comitê Nacional Palestino de BDS (BNC), maior coalizão de organizações da sociedade civil palestina que lidera o movimento BDS, pediu ao povo brasileiro para atuar pela ruptura dos acordos assinados por Bolsonaro com Israel na área de segurança e defesa:

“Muitas pessoas no Brasil, especialmente a comunidade negra, sabem que estes acordos militares, de cooperação para tecnologia, armamentos e treinamento apenas irão exacerbar a matança na Palestina, mas também no Brasil. Nos últimos 10 dias, armas israelenses foram usadas em seis operações militares que fecharam todas as escolas, resultaram em violações de domicílios e mataram três pessoas na favela da Maré, no Rio de Janeiro.

Apelamos ao povo brasileiro para que se oponha a esta cooperação criminosa e construa uma solidariedade eficaz para defender as pessoas no Brasil da exportação por Israel de ferramentas de repressão do apartheid que são usadas para subjugar o povo palestino indígena.”

Dezenas de movimentos brasileiros, dentre eles o MTST, a CUT, a APIB e o Movimento Negro Unificado responderam a esse chamado:

“Urgimos ao presidente Lula que denuncie os acordos firmados por Bolsonaro com o apartheid israelense. Dado que os crimes contra a humanidade cometidos por Israel se nutrem da cumplicidade internacional, revogar estes instrumentos é fundamental para contribuirmos de fato com a paz, os direitos humanos e o direito internacional.

Não podemos aceitar que táticas e tecnologias desenvolvidas pelo apartheid israelense sigam sendo exportadas normalmente. É urgente que o mundo e o Brasil caminhem rumo a um embargo militar semelhante ao que ajudou a colocar fim ao regime de discriminação racial na África do Sul.”

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No dia 8 de novembro, mais de 60 parlamentares brasileiros também se somaram à condenação do genocídio em curso, pedindo ao governo brasileiro que “atue energicamente pelo fim do genocídio, da ocupação e do apartheid, em defesa do respeito ao direito internacional e às resoluções da ONU” e solicitando que o embaixador do Brasil em Israel seja chamado para consultas e “que não se promulguem os acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel”.


Edição: Katia Marko