Durante a sessão plenária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no dia 9 de outubro, o jornalista negro Luis Henrique Silveira, 60 anos, sofreu agressões proferidas pelos vereadores Idenir Cecchim (MDB) e a Comandante Nádia (PP), na tentativa de impedir o exercício profissional.
Com o objetivo de tal fato não ficar impune, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) entregou na tarde desta quinta-feira (26) uma representação, assinada também pela CUT-RS e 38 entidades sindicais e movimentos sociais, ao presidente do Legislativo municipal, vereador Hamilton Sossmeier (PTB). No documento, solicita que a Comissão de Ética abra uma investigação para apurar as responsabilidades dos vereadores envolvidos e garantir o livre exercício profissional dos jornalistas. O presidente da Câmara prometeu levar o pedido para a apreciação da Mesa Diretora, que volta a se reunir na próxima quarta-feira, 1º de novembro.
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“Não podemos tolerar qualquer tipo de agressão, que acaba fazendo com que a nossa democracia e a nossa profissão seja atacada. De maneira alguma este episódio de violência será aceito pelo Sindicato dos Jornalistas e pela Federação Nacional do Jornalistas”, disse a presidenta do SindJoRS, Laura Santos Rocha.
Laura recordou que “não é à toa que nos 250 anos desta Casa foi a primeira vez, que eu saiba, que um jornalista negro foi atacado”. Segundo ela, “mais do que acolher essa causa, viemos aqui trazer essa representação e lembrar que essas situações de violência e racismo não têm mais espaço na nossa sociedade”.
Conforme pontuou o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, a expectativa é que se dê andamento no caso. “Esperamos um posicionamento da Câmara Municipal sobre esse episódio, porque isso tem a ver com o que nós defendemos e queremos para a sociedade – o respeito às diferenças –, mas, sobretudo, respeito a essa categoria”, destacou Amarildo.
Para a secretária eleita de Comunicação da CUT-RS, Maria Helena de Oliveira, “é um absurdo usarem o seu poder enquanto vereadores e não sofrerem nenhuma penalidade ou sequer enfrentarem a Comissão de Ética. Então, fica aqui o nosso pedido para que haja uma atenção especial e se faça justiça para esse trabalhador negro”.
Por sua vez o representante do Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Ademir Wiederkehr, salientou que a representação entregue “não pode ser engavetada” na Câmara Municipal, observando que as imagens divulgadas são nítidas e comprovam a violência contra o jornalista.
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“A sociedade porto-alegrense viu, o Brasil inteiro testemunhou, através das redes sociais, e isso mexeu também com a comunidade negra”, destacou Ademir, que é também o atual secretário de Comunicação da CUT-RS. “Se o jornalista fosse branco, isso certamente não aconteceria”, alertou, defendendo que os vereadores envolvidos sejam investigados pela Comissão de Ética.
Também estiveram presentes o diretor regional da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Nunes, a secretária do SindJoRS, Viviane Finkielztejn, a representante do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do SindJoRS, Elaine Barcellos, o diretor do Sintrajufe-RS, José Carlos de Oliveira, a diretora do Simpa, Beth Charão, o diretor da Associação dos Técnicos de Nível Superior do Município de Porto Alegre (Astec), Luiz Borba, os representantes do Fórum das Periferias de Porto Alegre, Julio Pedroso e Fabiano Negreiros, e a representante da Associação dos Juristas pela Democracia (AJURD), Betânia Alfonsin.
* Com informações da CUT-RS com Sindjors.
Edição: Katia Marko