DITADURA NUNCA MAIS

Debate sobre Operação Condor e luta pela democracia ocorre hoje (27) no auditório do IFRS Campus Porto Alegre

Operação Condor foi uma aliança feita entre as ditaduras sul-americanas, com apoio dos EUA, em meados da década 1970

Redação

Brasil de Fato | Porto Alegre |

27 de outubro de 2023 às 16:25

Cartum de Latuff representando a Operação Condor - Foto: Reprodução/ Carlos Latuff

Com o tema "O surgimento da Operação Condor e a luta pela democracia”, ocorre nesta sexta-feira (27), às 18h30, no auditório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Porto Alegre, um debate sobre esse capítulo da guerra travada “nas sombras” entre grupos comunistas e os aparelhos de repressão militar durante a Guerra Fria.

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A Operação Condor, formalizada em reunião secreta realizada em Santiago do Chile no final de outubro de 1975, é o nome que foi dado à aliança entre as ditaduras instaladas nos países do Cone Sul a partir da segunda metada da década de 1970. Entre esses países estavam Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil, à época em que neles prevaleciam regimes políticos comandados por militares.

O objetivo da operação foi debelar estruturas de organizações político-revolucionárias de orientação comunista a partir do compartilhamento de informações dos sistemas de inteligência e da ação conjunta das forças de repressão desses países. Para isso realizava atividades coordenadas, de forma clandestina e à margem da lei, a fim de vigiar, sequestrar, torturar, assassinar e fazer desaparecer militantes políticos que faziam oposição, armada ou não, aos regimes militares da região.

Ações da Operação Condor

Entre as ações da Operação Condor que se destacaram, está o assassinato do diplomata chileno Orlando Letelier, que aconteceu em 21 de setembro de 1976, em Washington. Essa ação foi orquestrada pela Diretoria de Inteligência Nacional (DINA), política secreta do Chile à época de Pinochet. Letelier estava ligado ao presidente Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 1973 durante o golpe das Forças Armadas chilenas.

O atentado contra o diplomata teve a anuência do então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, que, em 16 de setembro de 1976, emitiu ordem à CIA para que não interferisse no plano dos agentes da DINA. Kissinger teria se envolvido em outras colaborações com a Operação Condor, valendo-se de sua posição estratégica.

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Outra ação bem conhecida da Operação Condor foi o sequestro do major Joaquim Pires Cerveira, membro da Frente de Libertação Nacional (FLN) – organização que havia planejado e sequestrado o embaixador da Alemanha Ocidental em 1970, no Rio de Janeiro – e de João Batista Rita Pereda, também revolucionário partícipe da luta armada. O sequestro de ambos ocorreu em Buenos Aires, em ação conjunta entre as polícias brasileira e argentina. Ambos foram dados como desaparecidos e seus corpos nunca foram descobertos.

Debate sobre um dos capítulos da guerra travada “nas sombras”

O debate "O surgimento da Operação Condor e a luta pela democracia” inicia às 18h30 e ocorrerá no Auditório do IFRS (Rua Cel. Vicente, 281 - Centro Histórico de Porto Alegre). Os convidados são Edval Nunes Cajá, ex-preso político e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR); Luís Ruiz, uruguaio que foi exilado na Argentina em 75 e membro do partido Vitória Popular; Guilherme Fernandes, filho do guerrilheiro Diógenes Oliveira; Ricardo Haesbaert, presidente da Associação Cultural José Martí; e Priscila Voigt, presidenta da Unidade Popular/RS.

A atividade é promovida pela União da Juventude Rebelião, Federação Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico (FENET) e pelo Movimento Correnteza. O evento também abordará sobre os 44 anos da anistia e a luta pela Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia.