Rio Grande do Sul

Vida das Mulheres

Audiência pública debaterá violência política de gênero na Assembleia gaúcha

Promovido pela deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), evento nesta sexta (27) vai reunir parlamentares que foram vítimas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"Estamos iniciando um movimento amplo e que será contínuo pela busca do fim da violência política de gênero no nosso estado", afirma Bruna - Foto: Maí Yandara/CPERS

A audiência pública "Pelo Fim da Violência Política de Gênero", promovida pela deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), acontece nesta sexta-feira (27), às 14h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa gaúcha. Diversas parlamentares confirmadas para o evento, assim como a própria deputada, são vítimas desse fenômeno em que mulheres enfrentam violência, discriminação ou assédio com base em seu gênero no contexto político-institucional. 

:: MP apresenta denúncia contra Alexandre Bobadra pelo crime de violência política de gênero ::

Conforme destaca Bruna Rodrigues, a lei 14.192, sancionada em 2021, estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher durante as eleições, no exercício de direitos políticos e de funções públicas. 

A lei considera violência política de gênero toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos delas. Ela surge, detalha a deputada, devido a estereótipos de gênero e desigualdades de poder persistentes na sociedade e pode se manifestar de várias maneiras, incluindo assédio sexual, difamação de gênero, ameaças, exclusão, violência física e discriminação. As consequências dessa violência incluem trauma psicológico, desistência da participação política, perda de oportunidades e danos à saúde mental e emocional.

"As causas estão enraizadas em estereótipos prejudiciais de gênero que perpetuam a ideia de que mulheres e pessoas de gênero não-binário são menos adequadas para a política. A violência política de gênero também tem implicações sociais, como a sub-representação de mulheres na política e a manutenção de desigualdades de gênero. E inclusive de raça", afirma Bruna.

De acordo com ela, essa estrutura de dominação ainda é mais perversa com mulheres negras, que precisam enfrentar ao mesmo tempo o machismo e o racismo. "Não é à toa também que em quase 200 anos de Assembleia Legislativa, somente agora temos deputadas negras no parlamento gaúcho. Ter chegado aqui não foi fácil, mas se manter também não é. O encontro é importante para conscientizar não só a sociedade em geral como também os próprios colegas de plenário", destaca. 

:: Mulheres são tratadas como intrusas na política, afirma Marcia Tiburi ::

Bruna pontua ainda que a violência política também existe através de piadas misóginas, com comentários desqualificadores, de ridicularização e humilhação das mulheres em posição de poder, como forma de reafirmar que o lugar público não as pertence, reproduzindo conceitos patriarcais. Para a deputada, é o início de "um movimento amplo e que será contínuo pela busca do fim da violência política de gênero no nosso estado".

A parlamentar afirma que essas atividades serão retomadas em março do próximo ano com ainda mais ações concretas, mês em alusão á luta das mulheres, com a reaização de um grande seminário, a partir da criação de um grupo de trabalho para organização. Pra ela, essa é "mais uma forma de construir a política de forma coletiva, integrada, que previna o combate às mulheres na política e que torne este um espaço mais convidativo e menos hostil para lutar".

A audiência pública será transmitida pelo canal do YouTube da Assembleia Legislativa


Edição: Marcelo Ferreira