Pedro fez e faz a vida a vida acontecer, a fé como guia, o cuidado com a Casa Comum
Para Márcia Miranda e Pedro Ribeiro de Oliveira, nos seus oitenta
Nestes tempos de grandes turbulências e poucos horizontes de paz, final de 2023, é fundamental que apareçam janelas de luz, mostrando a vida e suas belezas, e esperança.
As guerras alastram-se perigosamente. Já não é mais apenas entre Rússia e Ucrânia. Os acontecimentos do Oriente Médio, Hamas e Israel, são ainda mais sérios. A paz está distante, e não se pode descartar uma guerra mundial, que pode ser nuclear.
A violência atravessa cidades, periferias, especialmente atingindo jovens e população negra, mulheres, povo LGBTQIA+, indígenas. Não há paz, muito menos segurança nas ruas.
A crise climática está presente todos os dias em todos os lugares: seca na Amazônia e Nordeste, chuva e mais chuva no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre outras mil coisas.
A democracia está cada dia mais em risco em muitos países e continentes, junto com a intolerância, os preconceitos e o ódio, como nunca se viu antes.
Felizmente, algumas janelas de luz podem ser vistas no horizonte.
A solidariedade está presente nas enchentes no Sul, como as Sementes da Solidariedade no Vale do Taquari no Rio Grande do Sul, via MPA, Cáritas, franciscanos e Pastorais, as Cozinhas Comunitárias e Solidárias do MST e MAB, entre muitas outras iniciativas.
As Conferências e a participação social avançam, como as de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em andamento, em meio à Semana Mundial da Alimentação, a de Saúde Mental, o retorno da PNEPS-SUS, Política nacional de Educação Popular em Saúde, a retomada da Política e Comissão nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. A sociedade civil mobiliza-se por paz, solidariedade, democracia, e planta esperança.
Foi neste contexto que aconteceu em Juiz de Fora, MG, o reencontro e a alegria nos festejos dos 80 anos bem vividos do sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, do Grupo Emaús, Movimento Fé e Política, Comunidades Eclesiais de Base, e da teóloga e militante feminista Márcia Miranda.
Hora e momento de celebração, (re)encontro de amigas, amigos, companheiras, companheiros: Frei Betto, Leonardo Boff, Cláudio Vereza e Tereza Cogo Lodi, Daniel Seidel e Jussara, Durval Ângelo, Rose Schwantes, Jorge Lourenço, Teresinha Toledo, Inês Pandeló, Marcelo Barros, Ivo Lesbaupin, Penha Dalva, Raquel Passos, os membros do Grupo Emaús e do Movimento Fé e Política, filhas, netas-os, parentes de Pedro e Tereza Sartório. Tudo aconteceu no Sítio Tarumã, Rancho da Mata, em meio às árvores, natureza, com pitangas, jabuticabas, acerolas, que podiam ser saboreadas no próprio pé, as boas conversas com o Jurandir, que me buscou, ida e volta, no distante aeroporto de Juiz de Fora. Só felicidade, ternura, amizade, fé.
As cachaças mineiras estiveram presentes, com as Cirandas, os abraços, a vida, a paz, a muito boa companhia, absolutamente necessárias e urgentes nestes tempos de turbulência.
Não podiam faltar os poemas, como Amores e história, setenta vezes sete, declamado em outubro de 2013, nos 70 de Pedro. E agora, outubro de 2023, Oitentinha, dedicado ao Pedro, Pedro de Assis Ribeiro de Oliveira, que declamei na festa, em homenagem:
“A vida é uma só./ Passam os anos,/ passa o tempo./ Pedro militante,/ amigo,/ companheiro,/ nos oitentinha bem vividos.
Pedro fez e faz a vida a vida acontecer,/a fé como guia,/ o cuidado com a Casa Comum,/ e a sociedade do Bem Viver de utopia.
Pedro está sempre a serviço das boas e melhores causas,/ mais que solidário,/ fé e política caminhando juntas,/ a Teologia da Libertação servindo de referência,/ Comunidades de Base de prática cotidiana.
É Pedro,/ amigo, irmão,/ companheiro, militante,/ sonhador,/ revolucionário da esperança e do amor,/ da coragem, sem medo de ser feliz.
O esperançar freireano está em Pedro,/ construindo a vida inteira,/ todos os dias o dia todo,/ o inédito viável,/ um outro mundo possível,/ urgente e necessário.
Esse é Pedro,/ Pedro de Assis,/ Pedro Ribeiro,/ Pedro de Oliveira,/ acompanhado por sua-seu anja-o da guarda,/ Tereza,/ e mais mil outras-os anjas-os da guarda.
A luz da manhã brilha em outubro de 2023,/ com o que Pedro viveu,/ construiu./ E continuará vivendo e construindo,/ coletiva e solidariamente./ Com ideias e palavras,/ sonhos e esperança,/ diálogo e amorosidade.
Os oitentinha são muito,/ e ao mesmo tempo são pouco,/ são nada,/ ante o que ainda está por fazer,/ por viver,/ por amar,/ por sonhar.
Viva a vida, Pedro de Assis Ribeiro de Oliveira!”
Por isso, digo, proclamo, anuncio, de vez em quando, em momentos especiais, como nestes três dias em Juiz de Fora: De vez em quando a vida é mesmo muito boa!
Brigadérrimo, Pedro e Tereza, pelos dias iluminados.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko