No mês de outubro, o CineBancários comemora 15 anos de vida. Para marcar a data, na última terça-feira (10), a Casa dos Bancários recebeu convidados para a pré-estreia de “Meu Nome é Gal”. Figuras do cinema gaúcho, autoridades políticas e integrantes da diretoria do Sindicato comemoraram o aniversário do cinema e a chegada do filme de Gal Costa às telas.
O evento contou com a presença de um dos ícones da categoria, o ex-presidente do SindBancários Olívio Dutra. Além de ter contribuído nas lutas históricas dos bancários e ser um grande entusiasta da cultura, Olívio é frequentador assíduo do CineBancários.
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Após a exibição, foi servido um coquetel ao som da banda Inquilinas, com as musicistas Paola Kirst, Thays Prado e Viridiana. As artistas apresentaram diferentes roupagens de clássicos da inesquecível Gal. Imbuídos da emoção de acompanhar na telona cenas emblemáticas da vida da cantora, falecida há quase um ano, o público cantou junto canções como “Lágrimas Negras”, “Flor do Cerrado”, “Onde está o Dinheiro?” e “Divino Maravilhoso”. A atmosfera no ambiente foi de celebração: à performance das Inquilinas, à vida de Gal Costa, aos 15 anos do CineBancários.
Espaço oferece arte e cultura acessível para a cidade
A sala de cinema localizada no térreo da casa do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região vem se consolidando como um espaço de resistência e democratização da cultura, exibindo produções de alta qualidade com ingressos acessíveis. Ao longo desse tempo, lançou mais de 300 filmes nacionais contemporâneos e inéditos – além das exibições de produções latino-americanas, outro ponto forte da programação.
A proposta do cinema da Casa dos Bancários sempre buscou a valorização da produção cinematográfica com diversidade de temáticas, linguagens e abordagens estéticas, conforme conta a curadora Bia Barcellos, à frente da programação da sala desde 2008. “No início fazíamos ciclos e mostras temáticas, prioritariamente, mas nesse meio tempo a realidade cinematográfica da Capital mudou e passamos a trabalhar com lançamentos, filmes contemporâneos brasileiros e latinos. Oferecemos uma programação voltada exclusivamente para a nossa identidade, a nossa realidade, e que em grande parte não chega às salas de cinema mais comerciais”, explica.
Segundo o atual presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, o cinema do Sindicato dos Bancários é muito mais que um equipamento, é um projeto político da entidade. “Praticamente toda semana tem uma estreia no CineBancários: isso não é pouca coisa para um cinema sem fins lucrativos como centro, dentro de uma entidade sindical, de calçada, que está aí, consagrado na cena cultural porto-alegrense. E nada melhor que a cultura para ser o catalisador da política e da disputa de visão de mundo, da discussão que temos que fazer no dia a dia enquanto militantes sociais”, defende o dirigente.
A criação do cinema dentro de um sindicato de trabalhadores
Dispostos a revitalizar o prédio onde hoje fica o Sindicato dos Bancários, a gestão na época tinha o projeto de instaurar no local um espaço multicultural. Foi quando surgiu a ideia de criação de um cinema, visto como instrumento de reflexão e transformação social. Considerado um projeto ousado, o cinema tinha o tamanho do sonho dos bancários que conduziam a diretoria da entidade.
Mauro Salles, ex-presidente do SindBancários e um dos responsáveis pela ideia do cinema dentro da entidade, relata que a iniciativa também foi uma busca por diálogo com a cidade, para além da categoria. “O sindicato não é só luta por direitos e conquistas para os bancários – é isso, principalmente, mas também sempre defendemos a ideia de fazer o diálogo com a cidade e as pessoas”, comenta.
A partir da consagração do sonho, foi iniciado o processo de busca por patrocínio. Na época, Petrobras e Banrisul foram os parceiros no patrocínio às obras do cinema, via Lei Rouanet. Juberlei Bacelo, presidente do SindBancários naquela gestão, conta que os estudos feitos para o projeto da sala mostravam que se produzia muito audiovisual no país, mas faltavam espaços de exibição, justamente por conta da tendência de fechamento dos cinemas de calçada. “A partir daí a gente entendeu que seria um projeto muito legal apostar nisso de ter uma janela para essa produção nacional”, afirma o dirigente.
CineBancários daqui para a frente
Ao olhar para trás e analisar o processo de construção e da trajetória do CineBancários, os dirigentes sindicais e os trabalhadores da sala são unânimes: valeu – e segue valendo – a pena. O esforço de ir contra a maré ao lançar títulos menos comerciais, apostar em debates e formações e investir no cinema brasileiro e latino é visível, mas a satisfação de completar 15 anos formando público para o audiovisual e construindo uma visão crítica do mundo compensa e faz sentido para um sindicato que luta pelos direitos dos trabalhadores.
Na análise de Bia, é muito raro um projeto cultural durar 15 anos: “ainda mais porque priorizamos não o evento, mas a construção. É tudo um grande processo de construção, de público, de cinematografia, da própria linha curatorial. Então é uma grata surpresa ver que o CineBancários chegou até aqui e vai além, se pudermos contar com o público”.
Saiba mais:
O CineBancários tem três sessões diárias, às 15h, 17h e 19h – com exceção das segundas-feiras, quando fecha. Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria; idosos(as), estudantes, bancários(as), jornalistas sindicalizados(as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. Nas quinta-feiras, a meia entrada é para todos e todas.
O cinema fica na Rua General Câmara, 424, no Centro de Porto Alegre. A programação tu podes conferir no blog http://cinebancarios.blogspot.com e no instagram da sala: www.instagram.com/cinebancarios/. Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail [email protected]
Confira o minidoc produzido em comemoração aos 15 anos do cinema:
Edição: Katia Marko