Com o título "Poeta, negro – a vírgula é imprescindível", tem início nesta sexta-feira (29), em Porto Alehre, exposição que destaca a obra escrita de Oliveira Silveira. Conhecido, principalmente, pela invenção do 20 de Novembro, dia da Consciência Negra, seu extenso trabalho como poeta e escritor é ainda um território a ser mais reconhecido pela sociedade.
A abertura da exposição acontece às 17h, no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), rua Eng. Luiz Englert, 333. A visitação é franca e pode ser realizada de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.
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“Essa exposição está focada no Oliveira Silveira enquanto poeta. Por um lado, é uma afirmação óbvia, porque ele é um grande poeta. Por outro, ela é um pouco surpreendente, porque o que se enfatiza normalmente no trabalho do Oliveira Silveira é o seu compromisso com as causas negras e a luta antirracista”, afirma o poeta, crítico e escritor Ronald Augusto, que é também organizador do livro “Oliveira Silveira: Obra Reunida”, publicado em 2012.
Ao lado de Ronald, Naiara Oliveira, filha do poeta, Sátira Machado, pesquisadora da obra, Ronald Augusto, escritor e crítico, e Lígia Petrucci, diretora do Centro Cultural da Ufrgs, assinam a curadoria de “Oliveira Silveira: poeta, negro”.
Ronald reconhece que esse engajamento político e social é fundamental na poesia e vida de Oliveira, no entanto, na opinião do curador, a dimensão dele enquanto grande poeta brasileiro fica oculta. “As pessoas que visitarem a exposição vão se deparar com um conjunto de poemas diferente dos tradicionais que todos esperam. Encontrarão uma experiência estética provocativa, com concepções existenciais. Encontrarão um outro Oliveira, que é também o próprio Oliveira, um poeta múltiplo”, resume.
Como escritor, Oliveira Silveira publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior. Para Naiara, o local escolhido para a exposição é significativo do ponto de vista da trajetória do poeta. “O Oliveira gostava muito de estar na Ufrgs e de ocupar os espaços onde ele se formou e recebeu tanta informação para sua vida profissional”, explica.
A mostra apresenta também uma expografia inteiramente pensada a partir de poemas – um formato raro de se ver. Além das obras, há também uma produção audiovisual inédita, em que pessoas de diferentes gerações, como a atriz Celina Alcântara, a escritora Taiasmin Ohnmacht, a cantora Pâmela Amaro e o artista Gabi Faryas leem poemas do autor e contam sobre sua relação com ele, mostrando que seu trabalho segue impactando a formação de novos artistas e escritores.
Em 2021, o Brasil de Fato RS entrevistou a filha do escritor, Naiara Oliveira, que falou sobre o legado deixado pelo seu pai.
Edição: Marcelo Ferreira