O projeto do ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), cassado por abuso do poder econômico nas eleições de 2020, estabelece que a capital gaúcha tenha a data de 8 de janeiro como o “Dia do Patriota”. A proposta foi promulgada no dia 25, além de contar com o apoio do prefeito Sebastião Melo (MDB) que silenciou.
Ficamos estarrecidos com a notícia de que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que deveria representar o povo, apoiou o projeto que instituiu o dia 8 de Janeiro como o “Dia do Patriota. Além de ser um acinte à inteligência dos porto-alegrenses, é mais um absurdo político dos fascistas. Para nós, o que vale é projeto do vereador Aldacir Oliboni (PT), aprovado em junho, estabelecendo que 8 de janeiro é o Dia em Defesa da Democracia em Porto Alegre.
O dia 8 de janeiro de 2023 ficou marcado como um dos maiores ataques à democracia no nosso país. Nesse dia, uma horda de indivíduos auto intitulados “Patriotas” ocuparam Brasília e, com a conivência do Exército e da Polícia do DF, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF. Na insanidade, depredaram, roubaram e tentaram destruir símbolos do estado democrático de direito do país. Esse episódio, aos olhos do mundo, tornou-se uma vergonha mundial.
Hoje, ficou claro que não foi uma ação isolada. O ex-presidente Bolsonaro e seu entorno alimentaram a tentativa de golpe desde antes das eleições. Primeiro, atacaram o STF, o TSE e espalharam notícias falsas para desacreditar as eleições e as urnas eletrônicas, sem provas. Esse processo continuou durante todo o pleito.
Após as eleições, houve a preparação para um golpe, a fim de impedir a posse do presidente eleito legitimamente. Isso incluiu acampamentos fascistas em frente aos quartéis, ataques a bomba em Brasília e diversas articulações para envolver o Exército e dar um golpe de estado.
Com todas essas tentativas frustradas, os golpistas articularam a última investida no emblemático 8 de janeiro. Falharam, perderam apoios, muitos foram pra cadeia e outros tantos foram e continuam sendo investigados. Entre eles, as altas patentes.
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Portanto, o dia 8 de janeiro não deve ser comemorado. A data deve ser lembrada como um dos capítulos mais tristes de nossa história. A aprovação desse projeto, pela maioria dos vereadores de Porto Alegre, com a conivência do prefeito Melo que também é um fascista, e sua omissão ao não vetar esse projeto vergonhoso e antidemocrático, mancham a história da cidade.
Tenho certeza de que a maioria do povo de Porto Alegre é defensora da democracia e não compactua com esse projeto fascista. Ele não representa a população da cidade. É necessário reafirmar o fora fascistas. Dar vivas à democracia, ao nosso povo, trabalhador e guerreiro.
* Vice-presidente da CUT RS e ex-presidente do SindBancários
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira