Rio Grande do Sul

ARTES PLÁSTICAS

Neste sábado, Jailton Moreira inaugura exposição ‘Curso’ no V744atelier

O artista plástico gaúcho apresenta sua mais recente produção no mês em que o Atelier comemora dois anos de atividades

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Família Adams 1” uma das obras que integram a exposição - Divulgação

Prestes a comemorar dois anos de ininterrupta atividade como um espaço independente destinado a criar e expor arte contemporânea em Porto Alegre, o V744Atelier, idealizado pela artista visual Vilma Sonaglio, reservou para esta data uma mostra da mais recente produção do artista plástico Jailton Moreira. Intitulada “Curso”, a exposição será inaugurada neste sábado (26), às 17h, no espaço localizado à Rua Visconde do Rio Branco, 744.

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“Curso” reúne a produção mais recente de Jailton Moreira num conjunto de 11 obras, composto de fotografias, vídeos e origamis. O título da mostra vem da noção colocada pelo filósofo e educador Jorge Larrosa Bondia de que “um curso idealmente nunca inicia e nunca termina”.

A exposição é um recorte temporal, sem nenhuma ênfase temática ou técnica, de um trabalho que segue sempre em busca de novas variações. Segundo o artista, “Curso é uma estrutura aberta, de continuidade, que não leva a lugar nenhum”. Ele sugere algumas conversas, “mas nada está pronto”, afirma. “Penso que uma obra é a construção de um curso. Quando um artista cria uma obra ele está criando um curso”, define.

Jailton Moreira é artista plástico, professor e curador. O fato de o artista ser professor se torna uma informação ainda mais relevante quando se percebe que a exposição se chama, justamente, “Curso”. Ao lado da também artista Elida Tessler, foi criador e coordenador do Torreão, espaço de produção e reflexão de arte contemporânea, que vicejou em Porto Alegre entre os anos de os anos de 1993 a 2009.

A exposição

“Curso” propõe um campo de significados e leituras imprevisto ao aproximar obras e temas que não se alinham sobre um conceito unificador. Os vídeos exibidos na exposição são edições a partir de material disponível na internet que, por meio de uma montagem crítica, adquirem conotações inusitadas.

As fotografias foram selecionadas de um extenso banco de imagens coletadas por Jailton Moreira em suas viagens pelo mundo. A série de origamis “Estruturas Concêntricas para Outra Natureza”, cuja estampa simula a pele ou penas de animais, foi feita durante o período da pandemia. Cada peça é o resultado da descoberta lúdica com a dobradura de papel. “São origamis sem um projeto prévio e tem este jogo com a textura visual do papel; o título dá uma pista para que se pense sobre a direção que ele está provocando”, diz Moreira. 

No dia da abertura, haverá o lançamento da obra “Ilustrações” (editora Aboio), com uma seleção de poemas de Moreira. O livro é uma resposta poética e crítica de experiências vividas frente a determinados artistas e suas obras. São 29 poemas produzidos ao longo de três décadas.

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Moreira tem uma longa trajetória como professor de História da Arte. No passado, suas aulas, bem como da maioria dos professores desta disciplina, usavam slides como recurso didático. A obra “Esquema para uma Palestra Nunca Realizada” exibe a ilustração de 24 slides de uma possível palestra, deixando ao observador a tarefa de imaginar qual enfoque seria abordado.  

Se um curso é um caminho, Jailton Moreira, um notório viajante, percorre vários cursos. É daqueles artistas que fazem dos percursos pelo mundo seu ateliê. “Tronco” nasceu em Berg, na Noruega, percorreu outros países, até ser concluída no Jardim Botânico de Porto Alegre. “Esquema para uma Palestra Nunca Realizada” vem de uma visita ao Zoológico de Berlim, e “Família Adams” surge no Yosemite, nos Estados Unidos.

O artista explora, ainda, alguns espaços inusitados do V744, que caberá ao público descobri-los. Mais do que risos diante do inusitado, o que a obra provoca são novas visões do Brasil profundo.

Por fim, na mesa onde estão os portfólios que contam a história do V744atelier, há um vídeo intitulado “Time lapse”, na qual Moreira mostra diversas exposições do Torreão, criando uma aproximação entre estes dois espaços.

“Curso” poderá ser visitada até o dia 27 de outubro, de quartas a sextas, das 14h às 17h. Outros dias e horários, mediante agendamento.


Edição: Katia Marko