A deputada federal Reginete Bispo (PT-RS) formalizou, nesta segunda-feira (21), um requerimento na Câmara dos Deputados solicitando o encaminhamento de uma Moção de Solidariedade à comunidade do Quilombo Pitanga dos Palmares e aos familiares da Yalorixá Maria Bernadete Pacífico. Liderança espiritual e quilombola, Mãe Bernadete foi brutalmente assassinada na última quinta-feira (17), em seu próprio terreiro, alvejada com 22 tiros.
"A trágica morte de Maria Bernadete está inserida na triste realidade do racismo profundamente enraizado na sociedade brasileira, representando também um atentado aos valores dos direitos humanos e à preservação dos territórios tradicionais", sustenta a deputada.
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No requerimento, Reginete Bispo reivindica às autoridades competentes medidas imediatas para elucidar o ocorrido e reparar as injustiças cometidas. Ela busca responsabilizar aqueles que perpetraram esse covarde assassinato e, ao mesmo tempo, assegurar a segurança imediata dos familiares de Mãe Bernadete e de outras lideranças locais.
Ao Central do Brasil, Biko Rodrigues, da Coordenação Nacional da Articulação de Quilombos (Conaq), acredita que a disputa fundiária foi o principal motivo do assassinato de Mãe Bernadete. "Foi um assassinato pela disputa fundiária e especulação imobiliária. Ela já vinha sendo ameaçada. O Estado falhou ao não dar segurança para ela e sua família", disse.
Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras
Representantes de diversas entidades ligadas ao movimento negro realizam atos nesta quinta-feira (24), nas cinco regiões do país, contra as chacinas, mortes e execuções que ocorrem sob a anuência do Estado. A Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras ocorre em 24 de agosto em alusão ao aniversário de morte do advogado, jornalista e abolicionista negro Luiz Gama.
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Os protestos lembram da liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, executada a tiros na última dentro do terreiro Ilê Axé Kalé Bokum, onde era ebomi, na região metropolitana de Salvador (BA). Mãe Bernadete era uma lutadora em defesa de seu território, ancestralidade e identidade.
Em Porto Alegre, a mobilização inicia às 17h30, na Esquina Democrática. O ato está sendo organizado por representantes da Coalizão Negra por Direitos, do Movimento Negro Unificado (MNU), Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), da União de Negros pela Igualdade (Unegro) e do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma).
Edição: Marcelo Ferreira