O setor de transporte público urbano no Brasil enfrenta um momento desafiador, com a pressão cada vez maior para a privatização das empresas estatais responsáveis pelos sistemas de metrô e trens. No entanto, é necessário questionar os argumentos utilizados pelos defensores da privatização, que muitas vezes carecem de fundamentos verídicos. Além disso, é importante refletir sobre os impactos negativos que a privatização pode trazer para a qualidade e a eficiência dos serviços, assim como para a valorização dos trabalhadores metroviários.
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Os defensores da privatização alegam que as empresas públicas de transporte urbano são ineficazes e ineficientes, mas tal afirmativa carece de embasamento. O setor privado muitas vezes recorre a subsídios públicos e não apresenta a mesma responsabilidade e comprometimento na prestação dos serviços, além de buscar apenas o lucro em detrimento da qualidade. Além disso, é importante considerar as profundas alterações trazidas pelas novas tecnologias, que podem transformar as formas de trabalho e estudo, reduzindo a necessidade de deslocamentos físicos.
A privatização dos sistemas de transporte urbano pode resultar na perda de usuários, uma vez que as empresas privadas tendem a aumentar tarifas e reduzir investimentos em áreas menos rentáveis. Além disso, as grandes empresas privadas já recebem diversos tipos de subsídios, como serviços de manutenção de ruas, segurança pública, energia elétrica, limpeza urbana, entre outros. A concessão de mais recursos públicos para o setor privado apenas perpetua as altas taxas de lucro dessas empresas, sem garantir a melhoria dos serviços.
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A mídia corporativa muitas vezes limita o debate sobre as questões envolvendo o transporte público coletivo urbano, reproduzindo argumentos produzidos por consultorias privadas interessadas em obter vantagens para o grande capital. No entanto, é necessário recuperar a capacidade do Estado brasileiro de planejamento, que contribuiu para a construção dos sistemas de transporte público no passado. Além disso, é fundamental estabelecer políticas nacionais que auxiliem no financiamento e organização dos sistemas de mobilidade urbana, evitando a privatização irresponsável.
A preservação das empresas públicas de transporte urbano no Brasil é essencial para garantir a qualidade, a eficiência e a valorização dos trabalhadores metroviários. É preciso questionar os argumentos utilizados pelos defensores da privatização, que muitas vezes visam apenas a obtenção de lucros, sem considerar o bem-estar da população e a importância de um transporte coletivo acessível e de qualidade. A implementação de políticas públicas nacionais e o fortalecimento do planejamento estatal são fundamentais para garantir um transporte público eficiente e a serviço do interesse público.
* Metroviário - Setor de Segurança da Trensurb
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira