Rio Grande do Sul

VIDA DAS MULHERES

Curso aborda monitoramento de violência contra as mulheres para prevenir feminicídios

Diretora de Proteção de Direitos do Ministério das Mulheres, Aline Yamamoto, é uma das palestrantes

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A promoção é do Observatório Lupa Feminista Contra os Feminicídios, coordenado pela psicóloga gaúcha Thais Pereira Siqueira - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Promovido pelo Observatório Lupa Feminista Contra os Feminicídios, tem início neste sábado (12), a partir das 9h, o curso sobre monitoramento de violência contra as mulheres para prevenir feminicídios. As inscrições online são gratuitas e será fornecido certificado de frequência. As próximas aulas acontecerão nos dia 19 e 26. Entre as palestrantes confirmadas está a diretora de Proteção de Direitos do Ministério das Mulheres, Aline Yamamoto, que abrirá a atividade no primeiro dia dos encontros. 

:: 'Metade das mulheres assassinadas no RS não havia registrado ocorrência contra o agressor' ::

Em uma década, são mais de mil vítimas no RS. Uma mulher é agredida a cada 22 minutos e em menos de quatro dias ocorre um feminicídio. Em média, são emitidas 459 medidas protetivas por dia. Mesmo com esse enorme volume, apenas 20% das vítimas de feminicídio em 2022 tinham Medida Protetiva. Até o final de julho, de acordo com o Lupa Feminista, foram 50 mulheres assassinadas no RS. Em 2022, foram 110 feminicídios e outras 262 tentativas registradas.

Maiores vítimas do feminicídio devido às interseções de gênero e raça, os impactos do racismo sobre as mulheres negras serão abordados por Analba Brasão, do SOS Corpo e Cidadania do Recife. Ao lado de Telia Negrão e Carol Santos (RS), de Marcia Tiburi (SP), Shuma Schumaher (RJ) e outras, Analba coordena nacionalmente a Campanha permanente Levante Feminista contra o Feminicídio, Lesbocídio e Transfeminicídio.

Conceitos teóricos e legais do feminicídio serão apresentados no primeiro módulo pela psicóloga e coordenadora do Observatório, Thaís Pereira Siqueira (Coletivo Feminino Plural) e pela advogada Renata Jardim. Durante o curso, serão debatidas questões como por que feminicídios não são assim tratados pela imprensa, e a importância de monitorar os dados, pela jornalista Niara de Oliveira, autora do livro “Histórias de morte matada contadas feito morte morrida: a narrativa de feminicídios na imprensa brasileira” (Drops Editora).

:: "Quando entra feminicídio numa redação, entra junto o fantasma da passionalidade, e muda tudo" ::

A troca de experiências entre pesquisadoras que trabalham com dados e tecnologias digitais no país e internacionalmente reunirá pesquisadoras do tema e integrantes do Laboratório de Estudos de Feminicídio (Lesfem - UEL/PR), do Fórum Cearense de Mulheres (AMB) e do Data+ FeminismLab - Departamento de Estudos Urbanos e Planejamento/Instituto de Tecnologia de Massachusetts - Projeto Dados contra o Feminicídio e da Lupa Feminista.

Lupa Feminista

Os observatórios se multiplicam em todo o mundo como forma de fortalecer a luta contra a violência e no aprimoramento das políticas públicas. “É um movimento internacional para analisar dados, informações e alertas por meio digital e fazer com que as tecnologias estejam ao lado das mulheres”, complementa Telia Negrão, que é ativista e pesquisadora sobre o tema.


Evento será realizado de forma online / Foto: Divulgação

A Lupa Feminista é disponibilizada para consulta por mulheres, ativistas, serviços de atendimento, pesquisadoras e estudiosos, sendo um instrumento de apoio ao trabalho para prevenir a violência e acompanhar os feminicídios no estado. “A Lupa não apenas concentra dados, estatísticas, legislação e serviços, mas analisa os dados e aponta as inconsistências para aprimorar as informações e proteger a vida das mulheres”, resume Thais. 

Analisar dados para defender a vida

Entre os conteúdos oferecidos, a Lupa Feminista apresenta a localização de todos os serviços de atendimento a mulheres por município desde Delegacias Especializadas, Centros de Referência, Juizados de Violência Doméstica, Sala das Margaridas, Núcleos e Defensorias Especializadas, entre outros. Disponibiliza, ainda, toda a legislação atualizada no estado e no país que mais mata mulheres trans no planeta, além de dados de violência de gênero.

A ferramenta começou a ser desenvolvida em 2021 para aprofundar a análise dos feminicídios com enfoque de gênero, raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual e deficiência no Rio Grande do Sul a partir da ideia de que o acesso a dados ajuda no enfrentamento à violência.

Inscrições podem ser feitas neste link.


Edição: Katia Marko