No Agosto Lilás e mês que a Lei Maria da Penha comemora 17 anos, a campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, Transfeminicídio e Lesbocídio no RS lança um novo site de monitoramento da violência contra as mulheres e promove curso sobre a importância da análise de dados para evitar mortes.
A Lupa Feminista está sendo disponibilizada para consulta por mulheres, ativistas, serviços de atendimento, pesquisadoras e estudiosos, sendo um instrumento de apoio ao trabalho para prevenir a violência e acompanhar os feminicídios no Estado. As inscrições para o curso já estão abertas.
“Além de apresentar dados, estatísticas, serviços, legislação, a Lupa tem como diferencial analisar os dados e apontar as inconsistências para aprimorar a busca de informações como forma de proteger a vida das mulheres”, resume a psicóloga Thais Pereira, coordenadora do Observatório Lupa Feminista.
A ferramenta começou a ser desenvolvida em 2021 para aprofundar a análise dos feminicídios com enfoque de gênero, raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual e deficiência no Rio Grande do Sul a partir da ideia de que o acesso a dados ajuda no enfrentamento à violência.
“Este é um movimento internacional que visa colocar dados, informações e alertas por meio digital e fazer com que as tecnologias estejam ao lado das mulheres”, afirma a cientista política Telia Negrão, que pesquisa sobre o tema e integra a Lupa e a coordenação nacional da Campanha Levante Feminista.
Entre os conteúdos oferecidos, a Lupa Feminista apresenta a localização de todos os serviços de atendimento a mulheres por município desde Delegacias Especializadas, Centros de Referência, Juizados de Violência Doméstica, Sala das Margaridas, Núcleos e Defensorias Especializadas, entre outros. Disponibiliza, ainda, toda a legislação atualizada no estado e no país que mais mata mulheres trans no planeta, além de dados de violência de gênero.
No RS, uma mulher é agredida a cada 22 minutos e em menos de quatro dias ocorre um feminicídio. No estado emitem-se, em média, 459 medidas protetivas por dia. Mesmo com esse enorme volume, apenas 20% das vítimas de feminicídio em 2022 tinham Medida Protetiva, dando uma ideia do cenário de terror e insegurança que resulta em mais de mil feminicídios em uma década.
Feminiciômetro e violentômetro
A Lupa apresenta um “feminiciômetro” que que atualiza instantaneamente os assassinatos gerados por razões de gênero do Estado e país e um “violentômetro”que mostra a gradação da violência até a morte. Até o final de julho foram 50 mulheres assassinadas no RS. Em 2022, foram 110 feminicídios e outras 262 tentativas.
Segundo a jornalista Niara de Oliveira, autora do livro ‘Histórias de morte matada contadas feito morte morrida – a narrativa de feminicídios na imprensa brasileira”, e também coordenadora do observatório, muitas dessas mortes ou tentativas foram divulgadas como feminicídios comuns ou de forma culpabilizadora das mulheres. Por isso, uma das missões da Lupa é alertar para a banalização dos feminicídios e realizar ações educativas de prevenção.
Curso
Um curso com três oficinas está sendo oferecido no mês de agosto, em três módulos nos dias 12, 19, e 26, sempre aos sábados, a todas as interessadas abordando o monitoramento dos feminicídios como estratégia do ativismo para evitar a morte de mulheres.
Entre as palestrantes convidadas estão a Secretária de Enfrentamento à Violência do Ministério das Mulheres, integrantes de quatro iniciativas de monitoramento nacionais e internacionais, além de especialistas integrantes do Levante Feminista Contra o Feminicídio.
As inscrições prévias online para o curso são gratuitas e será fornecido certificado de frequência.
Edição: Katia Marko