Rio Grande do Sul

VIDA DAS MULHERES

Projeto Todas Vivas será lançado na próxima sexta-feira (14) em São Leopoldo 

Fruto de emenda parlamentar, ação tem como objetivo a qualificação da rede de enfrentamento à violência

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Projeto foi viabilizado por meio de emenda parlamentar da deputada federal Maria do Rosário (PT) - Divulgação

O Projeto Todas Vivas! Qualificação da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres será lançado na próxima sexta-feira (14)*, na Câmara Municipal de São Leopoldo, Região Metropolitana de Porto Alegre. Fruto de uma parceria do Coletivo Feminino Plural com a Prefeitura Municipal de São Leopoldo, através da Secretaria de Políticas para as Mulheres (Sepom), a ação tem como objetivo monitorar a rede de atendimento e qualificar servidoras e servidores que atuam na rede, e mais o movimento de mulheres. 

A parceria do projeto foi viabilizada por meio de emenda parlamentar da deputada federal Maria do Rosário (PT). O valor da emenda é de R$ 100.000,00 (cem mil) a ser usada até o final do ano para assessorar a secretaria. O lançamento e assinatura do termo de parceria ocorrerá numa aula pública ministrada pela deputada, a partir das 9h. 

“O nome do projeto Todas Vivas! exalta a vida das mulheres, que é o queremos ao desenvolver um projeto de qualificação da rede de enfrentamento”, destaca a coordenadora do projeto e integrante do Coletivo Feminino Plural, Thais Pereira.  

Conforme aponta Thais, a importância do projeto está na retomada das formações para profissionais que atendem mulheres em situação de violência. “Não só nos serviços especializados, mas nos mais diversos locais, a discussão da temática de gênero, a formação é importantíssima, entender os processos que envolvem essas situações para melhor atender as demandas nos serviços, de fato trabalhar em rede e fazer o enfrentamento da violência, a proteção, e também, a prevenção”, expõe. 

De acordo com a coordenadora, o projeto tem como ponto principal a formação dos profissionais através de oito oficinas que abrangem conteúdos diversos relacionados ao tema, e, numa perspectiva de gênero e intersseccional. As oficinas ocorrerão de julho a novembro. Além da realização do trabalho de diagnóstico e monitoramento da rede e a assessoria à gestão na Secretaria de Políticas para as Mulheres que se estenderá até janeiro de 2024. 

O projeto irá trabalhar com a formação de 50 profissionais oriundas das áreas de saúde, segurança pública, assistência e justiça, defensoras de direitos das mulheres, integrantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) e do movimento de mulheres/feminista. Assim como demais profissionais ao propor o acompanhamento, diagnóstico e monitoramento da rede e contribuir com a gestão municipal para a prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres no município.
 
Para a secretária da Sepom, Eliene Amorim, o projeto é de suma importância porque vai qualificar a rede de atendimento do município, em especial os profissionais que estão na ponta, tanto da área da saúde, do campo da assistência, segurança, Judiciário e da sociedade civil.

“Vai ser um momento de imersão, de trocas de conhecimentos, saberes e experiências que vão fortalecer o trabalho realizado com as mulheres da cidade de São Leopoldo. É um momento de empoderamento dessas trabalhadoras, porque acolher as demandas, atender e encaminhar necessita de muita formação, de muita compreensão e de conhecimento das leis, das diretrizes. De tudo aquilo que compõe o conjunto de atendimento e acolhimento das mulheres. Um momento rico, ímpar, para os trabalhadores e trabalhadoras e sociedade civil da cidade de São Leopoldo que lidam diretamente com a pauta da mulher”, afirma.


Foto: Divulgação

“É necessário fortalecer a autonomia das mulheres”

De janeiro a maio deste ano, o estado do RS registrou 24.099 casos de violência contra as mulheres (lesão corporal, estupro, ameaça, feminicídio consumado e feminicídio tentado). 

“Sabemos que a violência de gênero é muito complexa e difícil de ser prevenida e eliminada, por isso é preciso entender em profundidade como ela se processa, sabendo que cada mulher a vive de uma forma. Isso é tão importante quanto conhecer os mecanismos e as ferramentas capazes de salvar a vida de uma mulher, com olhar atento, não discriminatório, pois ela poderá ir e voltar num processo recorrente, e num desses intervalos, ser assassinada. As redes têm que tentar salvar todas as mulheres”, enfatiza Maria do Rosário. 

Segundo pontua a parlamentar, o país está em uma fase de retomada das políticas públicas para as mulheres como uma estratégia integrada e transversal, recuperando o que foi desmontado e repensando novas estratégias. “É um momento de muita esperança e desafios também, pois a violência de gênero tem crescido em todas as áreas, inclusive na política. Tenho priorizado em todos os ciclos de emendas a destinação de recursos para as políticas públicas às mulheres, com viaturas e equipamentos para Deams (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher), instalação e equipagem de centros de referência, como em Torres e Balneário Pinhal, casas para promover a cidadania, como em Canoas, e cursos de qualificação de redes de atendimento”, expõe.

Além disso, reforça a deputada, é necessário fortalecer a autonomia das mulheres. “Para isso têm sido destinados recursos para a economia solidária coordenados e compostos por trabalhadoras, por meio da Unisol, que abrange centenas de mulheres catadoras e  recicladoras, costureiras e toda a área da confecção e agroecologia. As pequenas agricultoras têm conseguido adquirir, com as emendas, equipamentos agrícolas específicos, sementes e melhorias em vias rurais que facilitem suas vidas nos assentamentos da Reforma Agrária integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Há um projeto de grande abrangência, implementado pela FetrafiSul, que está formando mais de 100 mulheres para a autonomia pessoal e política em cinco regiões do estado”, exemplifica.

* Previsto para acontecer nesta sexta-feira (047), a a data teve que ser alterada devido a previsão de um novo ciclone extratropical. 


Edição: Katia Marko