Centenas de trabalhadores e trabalhadoras saíram as ruas da capital gaúcha para exigir juros baixos para aquecer a economia, gerar empregos, combater a fome e fazer o Brasil crescer, durante ato realizado no final da manhã desta terça-feira (20), em frente à sede do Banco Central (BC), no Centro Histórico de Porto Alegre.
Durante o ato também foi exigida a saída imediata do presidente do BC, Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com mandato até 31 de dezembro de 2024. Ele tem defendido a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, a mais alta do mundo.
O destaque deste terceiro protesto contra os juros altos na capital gaúcha em 2023 foi a participação de uma caravana de metalúrgicos e metalúrgicas, organizada pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos (FTM-RS) e sindicatos filiados, que vieram de vários municípios. Após concentração na Praça Pinheiro Machado, no bairro São Geraldo, a marcha tomou a Avenida Farrapos e foi até a sede do BC.
Abrindo a caminhada, um participante representando Campos Neto se acorrentava a setores da sociedade. Ao longo do trajeto de quase cinco quilômetros, os participantes exibiam cartazes e os dirigentes dos sindicatos da região Metropolitana e do Interior se manifestaram contra a alta dos juros e dialogavam com a população sobre os efeitos nocivos dessa política.
A marcha acontece na data em que começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá, amanhã (21) qual será a taxa praticada. Sob comando de Campos Neto, o Banco Central vem mantendo a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, trazendo consequências severas para a retomada do crescimento.
Dirigentes destacam os prejuízos dos juros altos
O presidente da Federação, Lírio Segalla, ressaltou que a mídia divulga o Banco Central como autônomo e independente, o que não é verdade. “Mais de três mil economistas assinaram um manifesto contra os juros altos e isso não sai na mídia, porque há interesse do capital financeiro”, afirmou.
O dirigente também destacou que Campos Neto só pode ser removido da presidência do BC por determinação do Senado. “Por isso estamos nas ruas, queremos discutir distribuição de renda, emprego e investimento na indústria e com os juros a 13,75% não tem como avançar”, defendeu.
“Nós temos que reconstruir o Brasil. Temos que ter saúde, moradia, mobilidade urbana e serviços públicos de qualidade. O pacote do Campos Neto é o projeto que foi derrotado nas eleições. Não são eles que governam. Logo depois do golpe, criaram a independência do Banco Central. Mas para quem interessa isso? Só para os banqueiros e rentista”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. Para ele, “juro alto e a taxa Selic na estratosfera é mais fome, é mais miséria, é mais desemprego, menos serviços públicos e menos carreiras públicas”.
O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, que coordenou o ato, apontou que “a população não aceita esse boicote contra o governo. Esse juro é o maior juro real do mundo. Não tem como gerar emprego e fazer política social assim. “Por isso, é importante a população sair para a rua e protestar. Campos Neto é um sabotador do país porque essa história de autonomia do Banco Central é mentira, porque não existe autonomia no sistema financeiro”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Luciano Fetzer, ressaltou que “é um absurdo completo a taxa de juros do Brasil. É inaceitável essa política de juros. Campos Neto é o legado do governo anterior, que fala que o Banco Central é independente".
"Nós, bancários, podemos dizer, com tranquilidade, que esse BC não tem nada de independente. Ele é dependente do capital estrangeiro e da especulação. Esse BC é dependente da política dos ricos. Hoje ele nega, a um governo legalmente eleito, a definição da política de juros”, enfatizou Luciano.
“Nós estamos aqui para tratar do problema central para a população brasileira. Queremos falar do pão na mesa da classe trabalhadora, estamos falando do emprego para nossos filhos e estudantes”, disse a presidente estadual do PT, Juçara Dutra. Para ela, é uma “deformação” a independência do Banco Central. “O presidente do BC se dá o direito de impedir o governo de fazer uma política de juros”, criticou. “Por isso não estamos aqui para falar de problemas técnicos, estamos aqui para repudiar uma política que ataca diretamente o bolso de brasileiros e brasileiras menos favorecidos.”
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, Adriano Filipetto, salientou que “o Brasil não pode ficar refém dessa política de juros do Banco Central que o Campos Neto está fazendo. Então, os metalúrgicos e as metalúrgicas estão na rua para combater os juros altos e poder explicar para a população”.
Durante o ato, foi servido almoço preparado por uma das cozinhas solidárias que integram o projeto CUT com a Comunidade, simbolizando a unidade da classe trabalhadora na luta contra os juros altos para combater a fome e reconstruir o Brasil.
* Com informações da FTM-RS e CUT-RS
Edição: Katia Marko