Rio Grande do Sul

CARVÃO MINERAL

Transição energética justa segue em debate na região carbonífera do RS

Fechamento da Fase C de usina termelétrica em Candiota pode causar grave problema social na Campanha Gaúcha

Brasil de Fato | Candiota (RS) |
Lideranças regionais estão unidas para evitar grave problema social na região carbonífera - Divulgação

Durante o encontro de lideranças políticas, comunitárias e representações de classe da região da Campanha com o subsecretário de Gestão e Normas da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulinho Parera, o tema da Transição Energética Justa voltou a ser tratado como prioridade regional. O não fechamento da Fase C da Usina Termelétrica de Candiota, previsto para dezembro de 2024, é citado como fator decisivo para que o município e região não passem por um problema social de grandes proporções.

A reunião foi organizada pelo Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja) e pelo Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho. Conforme lembrou Paulinho – que é natural da cidade de Bagé – é preciso criar a lei de transição e trabalhar junto a deputados e senadores. “Temos um contrato que finda em 2024, é pouco tempo. É preciso tratar a continuidade da Fase C e trabalhar nos mandatos com deputados e senadores para apresentar essa lei. São milhares de empregos e se não tivermos solução, serão milhares de famílias sem emprego e sem futuro”, destacou.

Parera frisou ter saído otimista da reunião no Ministério de Minas e Energia. “Temos que trabalhar para o desenvolvimento das nossas cidades, e juntos demonstrar os impactos que a paralisação pode causar”, orientou.

Há otimismo, mas a região precisa trabalhar unida

No encontro, o prefeito de Candiota e presidente do Cideja, Luiz Carlos Folador, informou a expectativa quanto ao assunto. “Voltamos animados e entusiasmados que a bancada gaúcha vai acolher nossa solicitação, que deputados e senadores vão aprovar essa lei para que a Fase C siga gerando energia. Nossa Fase C é nova, há muito desenvolvimento com as usinas e a qualidade do ar está garantida.”

:: Guerra química: dossiê aponta que uso de agrotóxicos inviabiliza modos de vida do Cerrado ::

Em continuidade, o diretor do Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Alessandro Bicca, disse estar na luta e destacou três premissas da universidade, consideradas a partir de um seminário, como uso sustentável do carvão, respeitar e potencializar as características ecológicas do bioma Pampa e pensar na transição energética justa e inclusiva. “A universidade está aqui há 15 anos, temos laboratórios de carboquímica e de energia que podem ajudar a pensar nessa transição. Estamos aqui pela luta e emprego de todos, pois se a usina fechar, teremos perdas em toda região. Os prefeitos, independente de partidos, precisam trabalhar, pois temos que estar atentos, ainda, para os discursos de fechamento de usinas e universidades”.

Pronunciamentos e encaminhamentos

A vereadora Tanira Ramos (PTB), de Hulha Negra, disse que é necessário "entender que é preciso construir essa transição justa para que não ocorram impactos diretos. É importante esse grupo de trabalho ser apartidário perante este cenário, trabalharmos de forma coesa e imbuídos em encontrar um universo favorável”.

O vereador de Candiota e presidente do Fórum de Desenvolvimento Regional, Manejo das Águas e Combate às Estiagens, Guilherme Barão (PDT), lembrou que o tema tem forte apelo social. "Queremos uma transição justa para que ninguém tenha fome, mas se não seguirmos com a Fase C teremos muitos com fome.”

Já a vereadora Luana Vais (PT), também de Candiota, afirmou ter confiança no governo federal. “Estou com muita expectativa sobre a transição energética justa. Ouvia que o Lula era contra o carvão, mas ele é a favor das pessoas.”

Além dos integrantes da mesa de autoridades, uma das explanações foi da diretora estadual do Sinergisul, Cristina Gonzales, que acompanhou a comitiva nas agendas em Brasília. “Não é justo nem vender e nem fechar. A questão social e ambiental devem andar juntas. Queremos encontrar formas mais sustentáveis, que ocorra uma transição gradativa e justa para que ninguém perca sua dignidade”, frisou.

:: Privatização da Eletrobrás e a necessidade da transição energética justa e sustentável ::

Os trabalhos foram coordenados pelo presidente do Sindicato dos Mineiros, Hermelindo Ferreira, e pelo representante do Polo, Frei Sérgio Görgen, que após os pronunciamentos, apontaram os encaminhamentos que seriam feitos após o encontro.

Entre as atividades previstas para os próximos dias está a realização de agendas com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com o deputado Alexandre Lindenmeyer e o presidente da Petrobras Jean Paul Prates, no Ministério de Ciência e Tecnologia com a ministra Luciana Santos, bem como insistir com a bancada gaúcha para a criação e encaminhamento da lei de transição energética.

* A jornalista Silvana Antunes é vinculada ao jornal Tribuna do Pampa, onde esta matéria foi publicada originalmente.


Edição: Katia Marko e Marcos Corbari