Rio Grande do Sul

Desenvolvimento

Seminário lança bases para o Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho

Ato aconteceu sexta-feira (28) e contou com cerca de 300 participantes no auditório da Unipampa, em Bagé

Brasil de Fato | Bagé (RS) |
Auditório da Unipampa ficou lotado durante o seminário - Corbari

Cerca de 300 pessoas lotaram o auditório da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus Bagé (RS), na manhã da última sexta-feira (28), quando foi realizado o primeiro seminário regional voltado ao tema da implantação do Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho. Lideranças de âmbito local, regional, estadual e federal estiveram presentes, assim como pesquisadores, empresários, trabalhadores, industriários, professores e estudantes. O objetivo é avançar no debate sobre a Transição Energética Justa (TEJ), que tem colocado em xeque a indústria do carvão, instalada há mais de meio século em Candiota e que vai impactar social e economicamente a região em caso de paralisação abrupta.

O ponto central de debate estabeleceu uma proposta inicial para um projeto de desenvolvimento econômico, social e ambiental na região do Pampa gaúcho, tendo como base três premissas: respeitar e potencializar as características ecológicas do Bioma Pampa; fazer uso sustentável do carvão mineral como matéria-prima industrial e alavanca econômica do projeto, através de processos de gaseificação, superando a fase da queima direta para produção de energia; realizar a transição energética justa e inclusiva para evitar impactos duros no emprego, na arrecadação e nas atividades econômicas no caso de substituição brusca da atual matriz energética e aproveitamento do carvão como matéria-prima calórica para outras mais eficientes e sustentáveis.

“É uma proposta de cunho estratégico, holístico, não imediatista, ampla, envolvendo ações de curto, médio e longo prazo”, aponta Frei Sérgio Görgen, diretor do Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ), que juntamente com a própria Unipampa, o Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja) e o sindicato dos Mineiros de Candiota estão à frente do projeto.

Conforme Görgen, esta proposição de implantação do Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho, se consensuada, consolidada e posta em execução, terá impactos regionais de amplo espectro na geração de emprego e renda, na industrialização, na atração de investimentos, na diversificação da matriz produtiva e na sustentabilidade ambiental.

O diretor do Campus Bagé da Unipampa, Alessandro Bicca, destacou que “a universidade participou desse movimento com as suas expertises, demonstrando a importância dos laboratórios de carboquímica, os laboratórios de energia e outras possibilidades que nós temos na construção de redes de diálogo e de arranjos econômicos e sociais para o desenvolvimento da região. A universidade desempenhou o seu papel e vai seguir desempenhando”.

Para conhecer a síntese da proposta, acesse o documento gerador.


Debate colocou diferentes pontos de vista sendo tabulados em um grande objetivo comum / Foto: Marcos Corbari

Lideranças políticas reconhecem importância do projeto

O prefeito de Candiota e atual presidente do Cideja, Luis Carlos Folador (MDB), renovou seu compromisso com o desenvolvimento do projeto e agradeceu a todos que tem se somado à iniciativa. Tocando num dos pontos mais sensíveis - a geração de energia elétrica a partir das duas termelétricas instaladas na área de seu município e que enfrentam risco de descontinuidade - relembrou de momentos que a energia produzida em Candiota já foi utilizada para sanar crises em território nacional, evitar “apagões” e até mesmo utilizada para abastecer países vizinhos.

“Nós todos aqui temos a extrema responsabilidade de construir juntos aquilo que é certo. Devemos nos dedicar à preservação do meio ambiente e para isso podemos utilizar uma nova matriz energética que começa a ser apresentada hoje”, expressou Folador. Ele citou, como alternativa, o desenvolvimento do gás mineral sintético a partir do carvão (gaseificação), que tem sido pesquisada na Unipampa e demonstra ser economicamente viável e ecologicamente responsável.  

Falando em nome das câmaras de vereadores de toda região, o vereador Marcelo Gregório (PSDB), também de Candiota, destacou que as questões tratadas não são apenas de ordem ambientais, colocando questões de matriz social no centro do debate. Ele concorda que os processos da carboquímica podem representar o início das soluções para problemas graves que se projetam para a região carbonífera a curto prazo. “Precisamos nos unir, sair do discurso e entrar mais na prática, o carvão inserido em uma nova política energética, de gaseificação, se torna estratégico para o nosso desenvolvimento”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, explicou que o território do Pampa compreende um polígono em torno de 90 mil quilômetros quadrados, com apenas dois núcleos industriais instalados. Um encontra-se em Candiota, baseado na produção de energia elétrica, mineração do carvão e indústria do cimento, e outro em menor escala em Caçapava do Sul, na área do calcário. “Neste sentido, a ameaça que a região passa com o final dos contratos (de produção de energia elétrica) em 2024 assombra, assusta, o sentimento da população que habita Candiota (e municípios vizinhos) é de medo, de incerteza”, disse.

Para Ferreira, a reunião realizada em Bagé tem um sentido especial: “O passo que nós estamos prestes a dar é de alta importância, precisamos viabilizar uma legislação de transição energética que seja segura para os investimentos. Não podemos deixar chegar o dia 31 de dezembro de 2024 para tentar reconectar as pessoas”. O sindicalista foi assertivo ao afirmar que “esse é um dia de ouvir sobre conhecimento e pesquisa, ponto inicial para pavimentar uma estrada muito segura para os nossos próximos caminhos”.

O campo político esteve representado no seminário com a presença do deputado federal Dionilso Marcon (PT-RS) e de representantes de pelo menos uma dezena de outros deputados estaduais e federais. “Me sinto feliz em estar aqui junto com a ciência, com a pesquisa, com o saber. Na hora de crise, só podemos contar com esses segmentos para avançar”, pontuou Marcon.

“Estamos aqui ouvindo os pesquisadores, os cientistas que estão presentes e compreendendo que existem alternativas, então precisamos construir uma grande mobilização e viabilizar o apoio político necessário, para colocar o projeto de pé”, disse. O deputado garantiu apoio para construir agendas nos próximos meses para que os indicadores compartilhados durante o seminário sejam apresentados junto ao governo federal.


Fulgêncio Duarte apresentou linhas gerais já estabelecidas no projeto do Polo / Foto: Marcos Corbari

Há elementos centrais prioritários, mas a iniciativa só terá sucesso se abarcar o todo

O sociólogo Fulgêncio Duarte, atualmente atuando como colaborador do ICPJ para conduzir a confecção dos estudos referentes a implementação do Polo fez uma apresentação destacando as premissas do projeto, com especial atenção ao tema da reflexão sobre a transição energética justa e inclusiva. “Precisamos destacar a palavra inclusiva, porque ninguém pode ficar para trás, ninguém pode ficar à margem, precisamos estar todos juntos”, apontou Duarte.

O técnico que há poucos anos atuou na região coordenando as ações sociais e ambientais durante a implantação da Usina Pampa Sul tem familiaridade com o território e conhece a realidade das populações envolvidas direta e indiretamente com o projeto. “A região precisa se articular e o projeto ser desenvolvido de forma holística”, defendeu Duarte, fazendo referência ao termo que diz respeito ao entendimento que um sistema não pode ser definido e caracterizado apenas pela soma de suas partes, mas sim como um todo.

“Precisamos de articulação política no nível municipal, estadual e federal, todos precisam estar engajados nessa causa para chegarmos em 2050 numa situação bastante melhor do que nos encontramos hoje”, acrescentou, dizendo ainda que “empresariado, trabalhadores, movimentos sociais, meios de comunicação, todos são decisivos, mas a integração dos poderes públicos nas três esferas vai ser central, essencial para efetivamente ser construído um rearranjo da matriz econômica”.

Acerca da viabilidade, Duarte aponta que será necessário ampliar as alianças, somando ao grupo outros consórcios intermunicipais, bem como promover a criação de um fundo de desenvolvimento intermunicipal para esse processo de transição e para amparar os investimentos necessários em pesquisa e qualificação da mão de obra. “O que nós apresentamos hoje é um roteiro, um guia, uma provocação para todos nós: como podemos nos engajar nessa causa?”, concluiu, deixando uma pergunta aberta para todos os presentes.


Pesquisadores da Unipampa apresentaram informações estratégicas para desenvolvimento do projeto / Foto: Marcos Corbari

Projeto considera carvão o “pré-sal do Pampa”

Algo que chama atenção logo de cara no projeto de implantação do Polo de Inovação Energética Ambiental do Pampa Gaúcho é a analogia que se propõe entre o carvão – principal riqueza mineral da região localizada no município de Candiota e arredores – com o petróleo da zona do pré-sal, levando os proponentes a denominar o mineral como “pré-sal do Pampa”. Para os propositores do projeto, o carvão deverá servir como indutor da proposta holística e intersetorial, avalizado pelas pesquisas que demonstram a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental da sua utilização a partir de novas tecnologias de beneficiamento.

“Um dos objetivos deste seminário foi justamente pensar uma nova matriz energética, e uma nova matriz econômica para o desenvolvimento regional, haja vista a importância que o carvão tem para a região do Pampa”, afirmou o diretor da Unipampa campus Bagé, Alessandro Bicca. Para ele é preciso debater a própria produção do carvão, mas para além disso, pensar o carvão como um indutor de novas possibilidades e redes de economia. “A universidade participa trazendo sua expertise, demonstrando a importância dos laboratórios de carboquímica e dos laboratórios de energia, entre outras possibilidades possíveis de serem utilizadas na potencialização das redes de diálogo”, concluiu.

No espaço de divulgação científica aberto dentro da programação do seminário, os professores Enoque Dutra Garcia e Ana Rosa Costa Muniz apresentaram resultados animadores obtidos pelos estudos no campo da energia e da carboquímica.

Garcia apresentou dados do balanço energético da metade sul e apontou informações sobre as condições que a Unipampa tem de contribuir a partir da área de Engenharia de Energia com o projeto, levando em conta não apenas o campus de Bagé, mas as dez unidades instaladas da Unipampa no território. Apesar de tratar o potencial carbonífero como uma prioridade, Muniz frisou que é preciso também levar em conta o potencial de geração solar (inclusive para usinas de médio e grande porte), eólico (que em pontos estratégicos na região é bastante significativo), assim como o potencial térmico (biomassa) e o potencial de geração através do hidrogênio verde.

Já Muniz centrou sua exposição no potencial da gaseificação do carvão, processo que já é realizado em diversas plantas industriais no mundo e que está em estágio avançado de pesquisas no laboratório de carboquímica da Unipampa. Segundo ela, na primeira fase a alternativa para a reconversão energética é a utilização da estrutura existente das usinas termelétricas, substituindo a queima o carvão pela queima do syngas (resultante da gaseificação) que é muito menos poluente. Em uma segunda etapa, além da produção do syngas, se prevê a possibilidade de produzir syngas e gás natural sintético. Na terceira fase se aponta a possibilidade de trabalhar na gaseificação de carvão e biomassa, já sendo possível também a produção de fertilizantes. Por fim, na quarta fase pode ser trabalhada a gaseificação só a partir da biomassa.

Acerca dos resíduos, a pesquisadora afirmou que são bem menores os níveis de emissão do que se pratica na atualidade. Itens como o alcatrão e as cinzas obtidas no final do processo também podem ser utilizados como matéria prima em outras cadeias industriais, portanto deixando de ser considerados resíduos e passando a ser considerados coprodutos.

Foram apresentadas ainda imagens e dados de plantas industriais já existentes no mundo, como da Mitsubishi, no Japão, que trabalha com carvão semelhante ao encontrado em Candiota e imediações. Lá, dois terços da eletricidade gerada se dá a partir da turbina a gás, enquanto um terço fica por conta da turbina a vapor convencional. A produtividade é mais eficiente, entre 10 a 15% em relação a uma planta convencional, já a emissão de Dióxido de Carbono/Gás carbônico (CO2) é de 10 a 15% menor e a produção de cinzas é 60% menor. Por fim, foi demonstrado ainda que a necessidade de consumo de água também é menor na planta de gaseificação.

Outro aspecto destacado pelos pesquisadores é a possibilidade da produção de Gás Natural Sintético a partir do carvão, cuja produção em solo brasileiro é insuficiente para atender a demanda nacional, sendo necessário importar da Argentina e da Bolívia. Em ambos os países vizinhos o processo de extração é ambientalmente condenável, por ser a partir da exploração do mineral xisto em processo de fracking. No caso da produção proposta pelas pesquisas realizadas na Unipampa, partindo do método da gaseificação, é possível o fornecimento de gás de ótima qualidade em um processo de exploração e produção eficientes e ambientalmente responsáveis.


Representantes de empresa sinalizaram investimento em planta industrial em breve / Reprodução / Editção Corbari

Primeiros investimentos podem acontecer em breve

Um dos momentos mais esperados do seminário ocorreu com a fala dos representantes do Vamtec Group, sediado no Espírito Santo, que se encontra em avançado estágio de negociações para implantar uma unidade de gaseificação carbonífera na região. Pronunciaram-se de forma remota o CEO do grupo, José Varella, o responsável pelas plantas industriais do grupo, engenheiro José Paulo Amaro, e, presencialmente, o representante local, Daniel Rocha.

Varella parabenizou os envolvidos na realização do seminário e prospectou que o Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho, quando viabilizado, será um marco na economia local. Em sua fala apresentou brevemente o grupo, que atua há 43 anos com plantas industriais instaladas no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e vem já alguns anos projetando a instalação de uma unidade de carboquímica no Rio Grande do Sul, em parceria com o grupo chinês Youtian Chemicals.

“Nosso projeto teve uma parada por conta da pandemia, justamente às vésperas de uma viagem que tínhamos marcado para ir à China alinhar detalhes com nosso parceiro”, explicou. “Agora que o projeto foi retomado esperamos rapidamente começar a colaborar com a economia da região do Pampa”, completou.

“Mantivemos toda equipe muito motivada, conseguimos inclusive encorpar, dar mais musculatura ao projeto inicial: antes eram previstas 100 mil toneladas de metanol/ano e agora a previsão é de 200 mil toneladas/ano. Também foi possível mitigar a emissão de carbono com uso de biomassa em conjunto com o carvão, e agregar no processo a produção de ureia e o aproveitamento de coprodutos como o enxofre”, explicou.

Amaro apresentou dados do projeto carboquímico Vamtec/Youtian, a ser implantado na região. Disse que o carvão de Candiota é a fonte de energia mais barata disponível no país e pode gerar um syngas com custo menor que U$ 3/mmbtu, com estabilidade e garantia de fornecimento no longo prazo com custos inferiores a U$ 20/Ton. Amaro explicou que o objetivo é colocar em prática o processo de gaseificação em escala industrial, assim como acontece em larga escala na China. O setor, segundo ele, é de elevado interesse regional, conta com apoio governamental e incentivos para o desenvolvimento de projetos carboquímicos, já existindo inclusive uma lei de implantação do Polo Carboquímico no Rio Grande do Sul.

Como atualmente há dificuldades em financiar projetos com combustíveis fósseis, está sendo buscada a estruturação do projeto integrado à economia de baixo carbono, gerando oportunidade de substituir importações de metanol, amônia e ureia. “É um projeto com baixo impacto na pegada de Carbono”, garantiu. Amaro citou ainda testes de gaseificação já bem sucedidos em escala piloto e laboratório.

Entre outros pontos destacados por Amaro a respeito da implantação industrial de planta de gaseificação de carvão com carga de biomassa (disponível na região), está a integração da gaseificação e metanol com a geração de Hidrogênio e amônia, com a utilização do Carbono para a produção.

Por fim, abordou ainda a possibilidade concreta de produção de fertilizantes fosfatados com matéria prima regional, ajudando a suprir uma necessidade que se tornou latente no país desde o inicio da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, principal produtor/exportador das matérias primas deste segmento. Além das 200 mil toneladas de Metanol, o projeto pode gerar 300 mil toneladas de Ureia, 50 mil toneladas de super fosfato, ultrapassando os U$ 280 milhões em movimentação financeira a partir da produção.

Já Rocha, em breve pronunciamento destacou a união dos diferentes segmentos em prol do projeto e reafirmou o compromisso social e ambiental da empresa: “Não podemos dissociar a preservação e a proteção do meio ambiente do desenvolvimento social e econômico da região”. Também informou que os técnicos da Vamtec Group e da Youtian Chemicals estarão na região em 60 dias para dar andamento ao projeto. “Em breve serão anunciados os investimentos, viabilizando uma fonte muito interessante de geração de renda e desenvolvimento para a economia da região e do estado”, concluiu.


Participação de público foi grande e acordos alinhados referendam otimismo de organizadores / Corbari

Encaminhamentos já preveem ações práticas

Ao final da atividade, Frei Sérgio fez um balanço positivo e relatou os encaminhamentos. “Mostramos que é possível do ponto de vista científico com os resultados já alcançados pela pesquisa na Unipampa. E mostramos que é viável com a apresentação da empresa Vamtech”. Quanto aos encaminhamentos, foram redigidos sete pontos centrais:

1. Constituir Comitê Técnico e Comitê Político para implementar as propostas do Seminário e do Projeto “Polo de Inovação Energética e Ambiental do Pampa Gaúcho”.

2. Pleitear recursos para a conclusão do Laboratório de Carboquímica da Unipampa.

3. Organizar e manter sistemática de comunicação e reuniões dos Comitês Técnico e Político.

4. Manter contatos constantes e fluxo de informações com todos os interessados através de comunidade/grupo de WhatsApp para alinhamentos, retornos, esclarecimentos de dúvidas e proposições.

5. Estabelecer um processo contínuo de elaboração do Plano de Transição Energética justa e inclusiva – Pampa 2050.

6. Envidar todos os esforços e implementar as ações necessárias para viabilizar a instalação do projeto da VAMTEC na região.

7. Articular e realizar gestões políticas para viabilizar a continuidade de funcionamento das atuais Plantas Industriais de Geração de Energia da CGT Eletrosul e da Pampa Sul, no mínimo, até 2040, enquanto se implanta o Projeto de Transição Energética.


Novas ações do comitê pró-implantação do polo devem ocorrer em breve / Corbari

Outras manifestações

Vereador Leandro Ferreira (PT), de Santana do Livramento: Defendeu que qualquer estratégia de desenvolvimento econômico, sustentável, geração de emprego e renda precisa pensar toda a região sul. Convidou o grupo para a realização de um seminário que discuta a Energia Eólica em Santana do Livramento.

João Ramis, empresário do ramo de energias renováveis: Disse que o projeto é transformador para a região. "Essa formatação de toda a sociedade engajada junto com os poderes políticos, contando ainda com a participação da universidade dando a segurança técnica que se precisa, conduz a possibilidade da sociedade compreender que o carvão pode ser utilizado de forma correta, de forma sustentável, como algo transformador do ponto de vista econômico, social e ambiental."

Emerson Capelesso, presidente da Cooperativa Cooptil, de Hulha Negra: Afirmou entender a importância de pensar um projeto de desenvolvimento que transcende a queima do carvão, pensar as inovações tecnológicas para manter emprego na cidade e também desenvolvimento do campo.

Flavius D’ajulia (PT), vereador de Bagé: Segundo ele, o projeto apresentado lembra muito a luta que a região empreendeu pela implantação da Unipampa. "Assim como foi feito naquela vez, será preciso convencer a sociedade, as pessoas. É possível dar um salto no IDH da região com esse projeto."

César Borges, presidente do Sintec: “Qualquer projeto de desenvolvimento passa pelos profissionais, pelo seu aperfeiçoamento. Precisamos focar na questão dos profissionais, levar em conta o avanço tecnológico e a qualidade da mão de obra.” No final do seminário, o Sintec anunciou investimentos imediatos em uma escola de Bagé e no laboratório de Carboquímica da Unipampa e conclamou os esforços de todos para a reestatização da Eletrobras.

Murilo da Luz, representante da CRM: Disse que o evento foi motivador e dá combustível para continuar na luta. "Muitas vezes esmorecemos porque quando vamos até o governo as respostas não são rápidas como desejamos. Mas aqui temos pessoas que estão cheias de entusiasmo, que tem trânsito na nova composição da esfera federal. Isso nos alegra e nos renova."

Fabio Pintos, vice-presidente do Corede Campanha: Afirmou que o Corede Campanha e sua expertise no desenvolvimento de projetos está a disposição do Polo. "A reconversão energética está começando a ser trilhada e vai virar realidade, mas isso vai muito além de um projeto de reconversão energética, diz respeito a desenvolvimento econômico e social de forma sustentável."

Clodoaldo Fagundes, Presidente do Sindicato dos Municipários de Bagé (Simba): Lembrou que a água tem sido mal tratada em Bagé e que se não tiver água em abundância e se os mananciais não estiveram sob controle efetivamente do setor público, grandes projetos podem ser prejudicados. "Para evitar o risco de fechamento abrupto da usina que hoje está em operação precisamos avançar no debate da reestatização da Eletrobras."

Nelson Kadel, representante da Seival Sul Mineração (SSM): "Esse é um espaço inclusivo, onde as pessoas podem construir sonhos, futuro, inovação. A gente não pode gerar impacto no uso do carvão, por isso precisamos de projetos inovadores. A sustentabilidade não faz a mineração, mas não se faz mineração sem sustentabilidade."

Adriano dos Santos, representante da prefeitura de Pedras Altas: Disse que a reunião era por uma questão de resistência e de entendimento da necessidade de uma linha de desenvolvimento para a região. "Se hoje estamos debatendo o carvão, é pela resistência que os servidores da CRM tiveram nos últimos anos, com a política sobre a geração de energia a carvão sendo totalmente ignorada pelos governos estadual e federal passados. Hoje somos provocados a encontrar novas opções de desenvolvimento porque o carvão foi marginalizado. Esse trabalho que estamos realizando hoje vai ter eco, vai ter voz e vai ter vez no governo federal. Potencialidade a gente tem."

Alexandre Carvalho, da Bioserve: Destacou que gerar energia não é fácil nem barato. "A gente tem que aprender a economizar. É uma batalha árdua. Atitudes de educação tem que ter espaço. A energia que a gente utiliza tem que ser utilizada de modo racional."

Maria Cristina, da Sinergisul: Recordou que são aproximadamente 10 mil empregados no setor na região. "O que vai acontecer em 31 de Dezembro de 2024? Queremos uma atualização na lei estadual como foi feito em SC para que seja possível construir a transição energética."

Caio Ferreira (PDT), vereador de Bagé: "Antes todos eram bem intencionados, mas não caminhavam juntos. Esse é o grande mérito desse projeto. Está reunindo diferentes pessoas com diferentes formas de ver o mundo juntos por um mesmo projeto. Temos que ter a capacidade de colocar todos os interesses em um tabuleiro."

Vereadora Hulda Alves (MDB), de Candiota: Defendeu pensar a inovação energética e ambiental, mas sem esquecer que os municípios tem duas características e uma não vive sem a outra: "O setor energético não pode se sobrepor as atividades do setor primário. E as atividades do setor primário não podem se sobrepor ao setor energético."


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Edição: Marcelo Ferreira