Mobilidade urbana, acesso à educação e permanência andam lado a lado, mas parece que o governo Melo ainda não percebeu como deveria resolver essa problemática. As redes de ensino apontam o aumento da evasão escolar desde o início da pandemia da covid-19, a taxa de evasão escolar estourou. De 2019 até 2021 a taxa de evasão saltou, na educação infantil, de 0,5% para 3% e, no ensino médio, de 4,7% para 9,6%, segundo dados do ObservaPOA. Mas pouco foi feito até aqui efetivamente para garantir o retorno dos alunos à sala de aula. E, nesse caso, a demora na resposta do poder público é um tempo que não se recupera.
Em 2019, início da gestão Melo, 101.015 estudantes utilizavam o cartão TRI, que dá direito à isenção parcial da passagem em Porto Alegre, segundo dados disponibilizados pela EPTC ao nosso gabinete, a partir de pedido de informação. Em 2022, o número despencou para 23.256, o que representa uma redução de 77%.
:: Prefeitura de Porto Alegre mantém valor da tarifa de ônibus em R$ 4,80 ::
A retomada das aulas presenciais, ao contrário do que se imaginaria, não refletiu em um aumento da emissão dos TRIs. A pergunta que nos mobiliza é saber qual a consequência da restrição das isenções em Porto Alegre para os 80 mil estudantes que perderam o TRI Escolar: tornaram-se pagantes do transporte público, mudaram de modal ou deixaram de estudar?
Mesmo diante do cenário de redução de matrículas nas escolas e universidades, consideramos inadequada a decisão de restrição das isenções no transporte público para estudantes, professores e idosos sob o pretexto de cortar gastos e reduzir a tarifa, que já configurava entre as mais caras do Brasil. Nada mudou.
Porto Alegre ocupa lugar de destaque entre as 10 capitais brasileiras com a passagem de ônibus mais cara do Brasil, com a tarifa a R$ 4,80, segundo levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. Precisamos produzir um balanço das mudanças realizadas no último período e avaliar mais profundamente os impactos da crise do transporte sobre os usuários e produzir políticas públicas baseadas em evidências.
As condições do transporte público, no entanto, foram de mal a pior. Superlotação, atrasos, redução de linhas e estrutura precária são desafios cotidianos dos cidadãos e cidadãs de Porto Alegre que dependem dos ônibus. Os relatos e imagens são chocantes: peças correndo no meio da estrada e motores pegando fogo.
Seguindo a cartilha privatista, a prefeitura não busca solucionar o problema, mas sim lavar as mãos e delegar a quem não tem compromisso com o povo. A frota foi sucateada, os cobradores extintos e a Carris está no rumo da privatização. Porto Alegre vive uma crise do transporte público e de responsabilidade social, o colapso no transporte público já está em curso e precisamos revertê-lo, assim como o colapso e a crise na educação.
* Co-vereadores do Mandato Coletivo em Porto Alegre
** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko