As ações do projeto Alimergia Continuidade, executado pela cooperativa camponesa Cooperbio - sediada na região Norte/Noroeste do RS - com o patrocínio da Eletrobras, seguem sendo realizadas. Na última semana um grupo de agricultores camponeses dos municípios de Seberi, Erval Seco, Palmitinho, Ametista do Sul e Iraí participaram de dois dias de intercâmbio de experiências em experimentos agroecológicos realizados com sucesso nos municípios de Paraíso do Sul e Santa Cruz do Sul, na região central do estado. O projeto que tem como objetivo principal a recomposição de áreas degradadas com sistemas agroflorestais também mantém centralidade nos métodos produtivos da agroecologia, tema norteador das atividades do intercâmbio.
Na segunda-feira (17), as atividades iniciaram com visitação na unidade produtiva camponesa de Rosiele Ludke e Valdemir Vezaro, onde o grupo familiar se dedica à produção agroecológica certificada de alimentos destinados ao consumo próprio e à comercialização em feiras livres de Paraíso do Sul e Santa Maria.
“Pudemos conhecer os métodos de produção utilizados no local, a integração entre a produção dos alimentos e a preservação da natureza, a forma bonita como os camponeses interagem com o meio ambiente em uma relação mútua de troca”, apontou a técnica Viviane Chiarello, que atua junto ao projeto Alimergia e acompanhou a atividade.
Na visita foram feitas caminhadas pelas áreas de produção, observando a questão dos tratos culturais dentre os variados cultivos de hortaliças, milho, mandioca, batata, frutíferas, entre outros. Os participantes também puderam conhecer a proposta de produção e organização em coletivos a partir do grupo Flor(e)Ser Agroecológico, do qual o casal anfitrião faz parte juntamente com mais outras 8 famílias.
“Durante a caminhada na unidade produtiva foram compartilhadas informações a respeito de como os camponeses trabalham cada talhão de produção, métodos de utilização de bioinsumos para adubação e nutrição das plantas, controle natural de insetos e doenças, tudo feito em conformidade com as questões agroecológicas”, apontou Viviane.
Outro ponto de parada do grupo de intercambistas em Paraíso do Sul foi na Casa de Sementes do grupo Flor(e)Ser Agroecológico, na unidade produtiva de Felipe Huff e Diulie Almansa. “Hoje a casa de sementes tem mais de 350 variedades, e a metodologia utilizada é registrar o nome e contato de cada pessoa que passa por lá e leva uma quantidade de determinada variedade, depois essa pessoa deve devolver o dobro da quantidade que levou fortalecendo assim o processo de troca de sementes entre os camponeses da região e também do estado”, explicaram Felipe e Diulie, que exercem a função de Guardiões de Sementes na casa.
No final do dia de atividades, antes do grupo seguir para Santa Cruz do Sul, Rosiéle agradeceu a oportunidade da troca de experiências e frisou que são ações como esta que estabelecem os elos ultrassociais se fundamenta a partilha da sabedoria camponesa agroecológica.
Na terça-feira (18) o intercâmbio conduziu o grupo até o centro de pesquisa, formação e produção São Francisco de Assis, mantido pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e pela cooperativa camponesa Cooperfumos em Santa Cruz do Sul. Na área certificada, além de hortaliças, frutas e arroz, também são trabalhadas a criação de animais como ovelhas, porcos, gado de corte e galinhas, sempre de acordo com as indicações do modo agroecológico de produzir.
“Nessa unidade produtiva foram observadas as questões de manejo das hortaliças em sistema de estufa, produção de arroz irrigado e produção de maracujás em sistema de espaldeira”, apontou a gestora do projeto Alimergia Continuidade, Bernadete Reis. “Durante a visita também foram tiradas várias dúvidas dos agricultores em relação a tratos culturais, controle de doença, adubação de cobertura de solos, entre outras questões”, concluiu.
O gestor da Cooperfumos e do Centro São Francisco, Miquéli Schiavon, agradeceu a oportunidade da troca de saberes com os agricultores camponeses participantes do projeto Alimergia Continuidade. Relembrou que o espaço foi constituído graças a um grande somatório de esforços das famílias camponesas que constituem a base do MPA. Ressaltou que em momentos como este são viabilizados encontros e reencontros que fortalecem os pressupostos da agroecologia e do movimento camponês como alternativas para um modo de produção que viabilize a produção de alimentos saudáveis com respeito ao meio ambiente.
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Edição: Marcelo Ferreira