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"Não há seca, não há fome, não há miséria capazes de derrubar um povo que se une, mostra indignação com força, unidade e preocupação com o amanhã e o futuro"
"Não há seca, não há fome, não há miséria capazes de derrubar um povo que se une, mostra indignação com força, unidade e preocupação com o amanhã e o futuro" - MST/Arquivo/Divulgação
A força, a coragem, a fé do povo nordestino são a força, a coragem, a fé do povo brasileiro

A linha de frente da transformação e do futuro do Brasil está hoje no Nordeste. A hora e a vez são do Nordeste, sem qualquer dúvida.

No final dos anos 1970, início dos anos 1980, foram os metalúrgicos do ABC paulista e seu protagonismo, sob a liderança de Lula, que puxaram a linha de frente das lutas e da organização da classe trabalhadora, junto com as ocupações urbanas e rurais, as Oposições Sindicais, e o surgimento da CUT, MST, MAB, a voz e vez dos trabalhadores brasileiros em meio à ditadura militar e a reconstrução da democracia.

No final dos anos 1980, início dos anos 1990, o protagonismo maior foi dos governos populares de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o OP, Orçamento Participativo espalhando-se pelo mundo, a participação popular nas decisões de governo, resultando no FSM, Fórum Social Mundial na capital gaúcha, anunciando ´um outro mundo possível´.

As últimas décadas, nos anos 2000, o protagonismo maior está no Nordeste brasileiro. A partir dos governos Lula e Dilma, e agora novo governo Lula, a linha de frente é do povo nordestino, com sua organização, sua capacidade de sonhar e construir a utopia.

“Quando o povo se junta, o poder se espalha”, dizem camisetas da RECID, Rede de Educação Cidadã nordestina, da Casa Pequeno Davi, da ONG Menina Feliz, do Instituto Frei Beda de Desenvolvimento Social e de tantas organizações populares que se espalham por todo Nordeste brasileiro.

Diz Ivan Lins em ´Novo Tempo´, cantada no Brasil e mundo afora por estes dias: “No novo tempo,/ apesar dos castigos,/estamos crescidos,/estamos atentos,/ estamos mais vivos./ No novo tempo,/apesar dos perigos,/ da força mais bruta,/ da noite que assusta,/ estamos na luta/pra sobreviver./ Pra que nossa esperança/ seja mais que a vingança,/ seja sempre um caminho/ que se deixa de herança./ No novo tempo,/ apesar dos castigos,/ estamos em cena,/estamos na rua,/ quebrando as algemas/pra nos socorrer./ No novo tempo,/ apesar dos perigos,/ a gente se encontra/ cantando na praça,/ fazendo pirraça/ pra sobreviver.”

A força, a coragem, a fé do povo nordestino são a força, a coragem, a fé do povo brasileiro e latino-americano nesta quadra da história. Os tempos, como disse Frei Sérgio Görgen em Plenária do Brasil de Fato RS, são de crise civilizatória: um mundo multipolar em construção, com suas contradições e dificuldades, uma crise ecológica e ambiental, os tempos de transformação no mundo do trabalho, as novas formas de comunicação, redes sociais e internet, ainda sob hegemonia das elites conservadoras, uma crise alimentar, uma crise sanitária, uma crise das fontes de energia,  quase tudo ao mesmo tempo, exigindo capacidade de entender as mudanças em curso e organização popular para seu enfrentamento, com valores de solidariedade e compromisso no cuidado com a Casa Comum.

A NOSSA COMUNIDADE TEM A NOSSA VOZ diz o povo nordestino para o Brasil e para o mundo. Nada mais importante que a comunidade organizada, as vozes que se juntam, gritam e anunciam democracia, direitos, soberania popular. Não há seca, não há fome, não há miséria capazes de derrubar um povo que se une, mostra indignação com força, unidade e preocupação com o amanhã e o futuro.

Não há tempo a perder. É, sim, tempo de sonhar, de acreditar num outro mundo possível, cada vez mais urgente e necessário. O povo nordestino é hoje, nos anos 2020, luz e esperança. E mostra o caminho por onde andar em tempos tri difíceis, que exigem, mais que paciência histórica, uma pedagogia libertadora, muita paz, muito sonho, muita utopia.

Viva o Nordeste e seu povo de fé e coragem!   

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko