Uma ação realizada pelo Coletivo Juntos na madrugada desta sexta-feira (31) colocou os nomes de presos políticos do período da ditadura militar sobre placas da Rua Santa Antônio, no bairro Floresta, em Porto Alegre, que abrigava o prédio do Dopinho (antigo Dops), utilizado por militares para prisões e torturas de pessoas que enfrentaram o regime.
A ação foi realizada nesta sexta para marcar os 59 anos do golpe militar e lembrar que, mesmo 38 anos após a redemocratização, os torturadores que cometeram os seus crimes no local nunca foram julgados ou punidos.
Entre os nomes escolhidos para “rebatizar” a Rua Santo Antônio, estão Ary Abreu Lima da Rosa, preso em 1969, logo após o Ato Institucional n. 5, que acirrou o período de torturas e prisões políticas. Ary foi preso panfletando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com material crítico à ditadura, pela legalidade do movimento estudantil. Morreu em 1970, oficialmente por suicídio. Contudo, após a redemocratização, o governo brasileiro reconheceu que Ary foi morto por ação da Ditadura militar.
Outro nome colocado nas placas foi o de Ignez Maria Serpa, atualmente médica veterinária da Prefeitura de Porto Alegre, que foi presa em 1970 e usada como cobaia, no próprio Dops, por Paulo Malhães, torturador e assassino confesso de dissidentes. Já Nilce Azevedo Cardoso foi presa em Porto Alegre em 1972. Levada ao Dops, foi brutalmente torturada, ao ponto de ficar 10 dias em coma. Nilce faleceu sem ver seus torturadores condenados.
Também homenageado, Diógenes Carvalho de Oliveira, histórico militante gaúcho pela democracia, foi preso em São Paulo e brutalmente torturado, mas nunca entregou nenhum de seus companheiros.
Edição: Sul 21