Um ato político realizado no Centro Histórico de Porto Alegre marcou os cinco anos do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. A manifestação contou com a fala de parlamentares do PSOL e de entidades apoiadoras.
No dia 14 de março de 2018, a então vereadora Marielle Franco foi vítima de um atentado e morreu. Seu motorista, Anderson Gomes, também foi assassinado. A única sobrevivente é a jornalista Fernanda Chaves, assessora da ex-parlamentar.
:: Cinco anos de investigação: Júri popular é o próximo passo na elucidação do caso Marielle ::
O ato em Porto Alegre começou por volta das 12h, no encontro da Rua General Câmara com a Rua dos Andradas. Aberto espaço para falas, Fran Rodrigues, vereadora suplente na Câmara de Porto Alegre e militante do coletivo Juntas, afirmou que a luta pelo esclarecimento do caso fortalece a luta do povo negro.
"O mesmo sistema que oprime o povo negro foi quem tirou a vida da Marielle. É inadmissível que meia década tenha passado e nós ainda não saibamos quem foram os mandantes desses assassinatos", disse.
:: "Marielle fazia política com força e simpatia", relembram mulheres negras inspiradas por ela ::
Por sua vez, a vereadora Karen Santos (PSOL) afirmou que é um momento difícil que a população de Porto Alegre vive. Fazendo um paralelo com a cena política do RJ, destacou que Marielle foi assassinada justamente por combater lá os mesmos problemas que a população sofre aqui.
"O legado da Marielle, para nós, está nessa insistência e rebeldia de construir um novo caminho para o nosso povo", defendeu.
:: Entrada da PF no caso Marielle mostra fracasso da Polícia Civil do RJ, diz Orlando Zaccone ::
O vereador Pedro Ruas (PSOL) disse conviver com um sentimento contraditório de orgulho com frustração. "Temos o orgulho de ter tido a Marielle como exemplo. Mas temos o sentimento de frustração por não termos ainda uma solução para o caso."
Ruas recordou que Anderson sofreu as consequências de estar ao lado de Marielle, que era o alvo, e que ela mostrou enquanto viveu o valor de uma militância engajada, além de ter denunciado a intervenção militar no Rio de Janeiro como algo que beneficiaria as milícias e prejudicaria o povo. "É claro que ela não seria perdoada por isso", concluiu.
Presente no ato, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) afirmou que não aceitar a impunidade do caso é uma forma de enfrentar a extrema direita do Brasil.
"Não vamos aceitar anistia para nenhum dos que cometeram crimes políticos e contra a humanidade nesses últimos anos", reiterou Genro. A deputada também afirmou que espera do atual Ministério da Justiça uma resposta para o caso ainda neste ano.
O vereador Roberto Robaina (PSOL) recordou o ano do acontecimento (2018), afirmando que aquele fato abriu mudanças no país e que o partido, na época, temia que o fato pudesse desencadear uma onda de assassinatos políticos nas grandes cidades. Felizmente, recorda, o triste episódio foi sucedido de ondas de movimentações das organizações negras, estudantis, entre outras.
Para o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) o assassinato de Marielle está conectado com outros acontecimentos políticos que o Brasil vive. "Temos que lembrar que ela foi executada em meio a uma intervenção militar, comandada por um dos generais que depois viria a ser homem forte do governo Bolsonaro", disse. Ele reforçou a ideia de que não aceitar a impunidade no caso significa lutar contra a onda de extrema direita que cresceu no país.
Também compareceram e fizeram falas a professora e ativista dos direitos trans Atena Roveda, a militante do PSOL Grazi Oliveira, a presidente estadual da Unidade Popular Priscila Voigt e uma representação da direção do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
Edição: Katia Marko