Como parte da Agenda 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e do Março por Marielle e Anderson, em comemoração ao aniversário de nascimento do professor e ativista Abdias Nascimento, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), realiza em Porto Alegre o evento "Abdias Vive!".
Na atividade, serão lançados dois livros: o clássico do teatro negro, "Sortilégio", de Abdias Nascimento, e "Abdias Nascimento, a Luta na Política", de Elisa Larkin Nascimento, diretora do Ipeafro.
O evento ocorreu na próxima terça-feira (14), às 19h, na Casa de Cultura Mario Quintana, Centro Histórico da capital gaúcha. A entrada é gratuita.
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O encontro reunirá intelectualidades brasileiras e vai contar com uma performance artística sobre as obras lançadas. A produção do evento, o roteiro e a direção artística são do teatrólogo Ângelo Flávio Zuhalê, que também vai participar de uma roda de conversa sobre os livros com o diretor teatral e gestor cultural Jessé Oliveira e com Elisa Larkin Nascimento. Além disso, o evento terá uma sessão de autógrafos e confraternização com o público.
Programação:
19h - Recepção ao público
19h30 - Performance artística sobre as obras lançadas
20h - Mesa de apresentação dos livros, com Ângelo Flávio Zuhalê, Jessé Oliveira e Elisa Larkin Nascimento
21h - Sessão de autógrafos e confraternização
Sobre as obras
"Sortilégio", de Abdias Nascimento, e "Abdias Nascimento, a Luta na Política", de Elisa Larkin Nascimento, cientista social e companheira de Abdias durante os últimos 38 anos de sua vida, são publicações da Editora Perspectiva, em parceria com o Ipeafro.
Os dois volumes abordam as dinâmicas entre arte e política na vida e obra de Abdias Nascimento. Escrito em 1951, lançado em 1959, revisto em 1978 e atualizado em 2022, "Sortilégio" corrobora a atualidade do pensamento do autor, cuja criação passou do moderno ao contemporâneo.
Já "Abdias Nascimento, a Luta na Política" aborda seus mandatos parlamentares e resgata a história do Memorial Zumbi, articulação nacional em torno da recuperação das terras da República de Palmares, que desembocou na criação da Fundação Cultural Palmares. Para Abdias, a arte foi um meio para enfrentar a urgente questão política das condições de vida das populações negras no Brasil e no mundo.
"Nosso Teatro seria um laboratório de experimentação cultural e artística, cujo trabalho, ação e produção explícita e claramente enfrentavam a supremacia cultural elitista-arianizante das classes dominantes", escreveu Abdias Nascimento em "O Quilombismo", uma de suas principais obras, que retrata esse olhar do futuro em nosso presente.
O simbolismo do dia 14 de março
O 14 de março une três personalidades negras que entraram para a história. Em 1914, nasceram Abdias Nascimento e a escritora Carolina Maria de Jesus. Neste mesmo dia, em 2018, foram assassinados a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes. O Ipeafro realizava uma série de atividades no âmbito do Fórum Social Mundial, em Salvador (BA), em torno do lançamento, no aniversário do autor, da nova edição do livro "O Genocídio do Negro Brasileiro", quando recebeu a notícia do assassinato da vereadora.
"Uma liderança com aquela dimensão, assassinada no dia do nascimento de dois ancestrais tão significativos - parecia que o universo nos chamava para pensar sobre vida, morte e continuidade da luta. Então, no ano posterior, em parceria com a Redes da Maré, Criola, FOPIR e 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e, com o apoio do Itaú Cultural, realizamos a exposição 'Abdias Nascimento, a Arte de um Guerreiro' no Centro de Artes da Maré, na favela da Nova Holanda, Complexo da Maré, território onde Marielle nasceu e foi criada. A exposição ficou aberta de 14 de março a 14 de junho de 2019. Desde então, o Ipeafro vem intensificando as ações de memória e valorização do legado dessas três importantes personalidades", relembra Elisa Larkin .
Desde 2009, o dia 14 de março é Dia do Ativista por lei estadual no Rio de Janeiro, em homenagem a Abdias Nascimento. Em 2018, o mesmo dia foi instituído como Dia Marielle Franco de Luta contra o Genocídio das Mulheres Negras. Em 2023, completam-se cinco anos sem respostas sobre quem mandou matar Marielle.
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Edição: Marcelo Ferreira