Vereadores da Câmara de Porto Alegre aprovaram, nesta segunda-feira (27), a criação de uma frente parlamentar para formular políticas para a juventude em situação de vulnerabilidade.
A Frente Parlamentar Juventude Viva foi proposta pelo vereador Giovani Culau e o mandato coletivo (PCdoB). Para fortalecer as políticas também no Rio Grande do Sul, o mesmo projeto foi protocolado na Assembleia Legislativa em parceria com a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), que compõe a primeira bancada negra do estado.
De acordo com o Atlas de Violência de 2021, 51,3% das vítimas de homicídio no país são jovens de 15 a 29 anos. Entre esses jovens, há um grave recorte racial. Das quase 35 mil mortes de jovens entre 2016 e 2020 no Brasil, 80% eram negros, apontou estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Unicef.
“Nosso entendimento é que a juventude em Porto Alegre assim como no Brasil sofre com altos índices de violência e isso não pode ser naturalizado. Nós temos uma juventude que tem tido o seu futuro sequestrado”, destaca o vereador.
A proposta da frente, segundo ele, é fazer a defesa da vida dessa juventude para que ela possa ser um instrumento de debate para formular políticas públicas “que garantam para juventude da nossa cidade o acesso à saúde, educação, emprego e cultura’. Conforme pontua Culau, esses são os mecanismos para que se possa garantir uma vida digna para juventude.
O vereador afirma que os dados são escassos em relação à juventude da capital gaúcha. Nesse sentido, aponta, a frente também possa ser um instrumento de coletas de informações.”Por isso que eu digo, de ser uma frente que faça o debate, o diagnóstico para poder subsidiar o Poder Público e também aqui a Câmara no seu trabalho legislativo na formulação de mecanismos que apontem novas perspectivas para a juventude. Que inclusive é muito impactada por esse período pós pandemia, problemas que nós já tínhamos antes da pandemia se agravaram no ultimo período.”
Os debates da Frente Parlamentar devem funcionar a partir dos seguintes eixos: assistência social, educação, saúde, trabalho e renda, cultura, esporte, direito à cidade e segurança pública. As políticas devem ser pensadas com atenção ao recorte de classe e raça.
O mesmo projeto foi protocolado na Assembleia Legislativa em parceria com a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB) / Foto: Paulo Garcia | ALRS
“Eu fico pensando nessa frente que protocolamos e não consigo não pensar no que me fez chegar até aqui. Fui uma menina que sempre contou com políticas públicas e muita oportunidade para poder transformar a minha realidade. E aí hoje eu estou aqui, deputada estadual, fui vereadora... E o resto da nossa juventude? Como vai acreditar que pode ter um futuro melhor se sequer tem acesso à escola, à renda, à saúde...", afirma a deputada estadual Bruna Rodrigues.
Para ela, tal situação precisa inquietar todo mundo. “Porque lá de onde eu venho, jovem que não tem escola acaba tendo como referência o tráfico – o fechamento da Alberto Bins tá aí pra provar! É por isso que queremos fazer dessa frente um espaço que consiga articular as melhores ideias, propostas reais e necessárias para que as e os jovens do nosso estado possam permanecer vivas”, conclui.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
Edição: Katia Marko