O artista plástico José Spaniol inaugura a exposição ‘Sem peso & Cem medidas’, no próximo sábado (4), às 17h, no V744atelier, em Porto Alegre, marcando a abertura da programação de 2023 do espaço expositivo idealizado e dirigido pela artista visual Vilma Sonaglio.
O título estabelece um paradoxo em relação à situação dos objetos. “Sem peso” remete a uma ausência e a falta de gravidade, “Cem medidas” fornece uma ideia de contagem, de quantidade, de aferição, precisão. É, segundo seu autor, uma ironia, pois, ao contrário do que o título sugere, as obras expostas estão escoradas, em suspensão, num aparente equilíbrio.
Pintor, escultor e professor de artes visuais, o gaúcho José Spaniol vive e trabalha em São Paulo, período no qual consolidou sua trajetória. Desde o início da carreira, na década de 1980, suas pinturas já apontavam para um desdobramento espacial, trocando a tela por um conjunto de ripas alinhadas, criando ritmos na horizontal e vertical.
Já na década de 1990, as obras escultóricas, remetem a objetos simples e cotidianos, como peças de mobiliário. Na década atual, a investigação se intensifica com questões que passam a surgir do próprio trabalho, reaparecendo por um novo ponto de vista. Independente do lugar, as esculturas e as instalações do artista carregam de poética o espaço onde se encontram.
Segundo Spaniol, “Sem peso & Cem medidas” pode ser definida como uma exposição de caráter retrospectivo, pois reúne trabalhos de épocas diferentes de sua trajetória, porém, com um novo encadeamento. Agrupadas em torno de cinco séries, as obras apresentam um recorte plural de sua produção ao longo dos últimos 20 anos, que ocupou espaços importantes no Brasil e no Exterior, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra (2019), o Espazo de Intervención Cultural da Universidade da Coruña, Espanha (2020), entre outros.
Em suspensão
A primeira série é “Clash!” (2022), que consiste em uma mesa em ardósia sobre a qual estão dispostas outras obras referenciais: as cadeiras são da série “O Descanso da Sala” (2005/2006); a embarcação suspensa por hastes de alumínio e o “O Barco Torcido”, pertencem à série Tiamm Schuoomm Clash!, apresentada pela primeira vez no Octógono da Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2016.
A segunda série, posicionada ao centro do espaço expositivo, é “Balança”, em que se vê dois objetos de forma esférica em relação a um conjunto de livros, suspensos por um cabo de aço preso a um travessão. Nas paredes, está a terceira série de desenhos feitos com tinta permanente prata, denominada “Rima”. A quarta série - “Grades” -, também em bronze e espuma sintética, está afixada em uma das paredes do V744atelier. Em “Firmamento”, nome da quinta série, o artista apresenta um conjunto de atlas (publicação constituída por uma coleção de mapas ou de cartas geográficas) suspensos, escorados por bambus, em uma referência explícita ao titã Atlas, figura mitológica que sustentava o mundo nas costas.
“A suspensão, o equilíbrio e a sustentação, o espelhamento, a força, o peso versus contrapeso e a leveza são questões que permeiam o percurso poético do artista José Spaniol (...)”, observa Niura Legramante. “(...) apesar de evocar uma grandeza de dimensões, não é o que acontece com escala dos trabalhos apresentados, de caráter minimalistas, dotados de econômicos e elegantes cromatismos e que obedecem a um rigoroso acabamento formal. A professora, pesquisadora e curadora irá mediar a “Conversa com o Artista”, momento de reflexão e troca entre o convidado e seu público, que, excepcionalmente, irá ocorrer antes da abertura da exposição.
A convite do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAV/Ufrgs), José Spaniol ministra uma palestra, como atividade de extensão. O encontro nesta quinta-feira (2), às 17h, on-line pelo canal do PPGAV da UFRGS.
“Sem peso & Cem medidas” pode ser visitada até o dia 28 de abril, de quartas a sextas, das 14h às 17h, na Rua Visconde do Rio Branco, 744, em Porto Alegre. Outros horários são possíveis, mediante agendamento. A entrada é franca.
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Edição: Katia Marko