Rio Grande do Sul

Reforma Agrária

MST realizará 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico em Viamão (RS)

As famílias Sem Terra celebrarão as duas décadas da produção orgânica em evento com 5 mil pessoas convidadas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O MST/RS e o Grupo Gestor do Arroz Orgânico estão organizando a maior Festa da Colheita do Arroz Agroecológico de todos os tempos - Foto: Alex Garcia

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra do Rio Grande do Sul (MST) e o Grupo Gestor do Arroz Orgânico estão organizando a maior Festa da Colheita do Arroz Agroecológico de todos os tempos. Em 2023, o MST RS comemora seu 20º evento e os mais de dez anos de liderança no ranking de maior produtor do alimento orgânico do Brasil e da América Latina, segundo o Instituto Riograndense de Arroz (Irga).

O 20º encontro será no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre, no dia 17 de março, às 8h30.


Em 2023, o MST RS comemora a 20º Festa da Colheita do Arroz Agroecológico / Reprodução

“Estamos muito felizes em poder convidar todos, todas e todes a comemorar a 20ª edição com a família do MST, pois é onde reunimos os agricultores, simpatizantes da Reforma Agrária Popular e da bandeira da agroecologia. Nos orgulha muito poder dividir esse momento festivo e também partilhar a nossa produção de forma solidária com a sociedade gaúcha e brasileira”, pontua Marildo Mulinari, da direção Estadual do MST RS.

De acordo com o Grupo Gestor do Arroz Orgânico, na safra 2022/2023, a estimativa é colher aproximadamente 16.111 toneladas de arroz orgânico, cerca de 322.235 mil sacas  de 50 kg cada, em uma área de 3.200 hectares. As principais variedades plantadas são de arroz agulhinha e cateto.

A produção ocorre em 22 assentamentos, localizados em nove municípios das regiões Metropolitana, Sul, Centro Sul e Fronteira Oeste do estado.

O cultivo é feito por 352 famílias, que estão organizadas em sete Cooperativas da Reforma Agrária, entre elas a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes (Coopat), Terra Livre, Cooperativa dos Produtores Orgânicos de Reforma Agrária de Viamão (Cooperav), Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentamentos de Charqueadas (Copac) e Cooperativa Sete de Julho.

Alternativa saudável e cooperada


De acordo com o Grupo Gestor do Arroz Orgânico, na safra 2022/2023, a estimativa é colher aproximadamente 16.111 toneladas de arroz orgânico / Foto: Gabriela Felin

A produção de arroz agroecológico desenvolvida pelas famílias assentadas da Reforma Agrária Popular, organizadas no Grupo Gestor, tem se reafirmado como alternativa ao modelo convencional de produção dominante.

O MST preza pela concepção de produção de alimento saudável em qualquer escala, preservando o meio ambiente. Além de um processo cooperado, que busca a distribuição de renda entre os produtores e que possa chegar à mesa dos consumidores a preço justo, alicerçado no princípios da agroecologia em todas as dimensões do processo produtivo e organizativo. 

“O processo produtivo do arroz agroecológico tem resgatado junto aos agricultores a troca de conhecimento, de saberes, do ponto de vista dos manejos tecnológicos, da gestão da produção, busca de conhecimento e estudos, podendo dialogar sobre os avanços, os gargalos e desafios na produção”, assinala Celso Alves da Silva, da coordenação do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico. 

Ainda de acordo com Silva, o Grupo Gestor busca maior autonomia no processo produtivo, na produção da semente, insumos e bioinsumos, na melhoria dos maquinários, domínio do manejo técnico, gestão da irrigação e processo permanente de capacitação e formação. Para isso, o mesmo tem estabelecido parceria com universidades, Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), Instituto Federal (IFRS), Emater/RS e Embrapa.

Conforme o Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, o intuito das famílias Sem Terra é seguir evoluindo e melhorando sua produção, para mostrar para a população brasileira a importância da Reforma Agrária Popular e da produção na agricultura familiar. A luta do MST é pela soberania alimentar popular, mas antes disso os Sem Terra se somam no combate à fome que assola milhares de brasileiros e brasileiras. 

Unidade de Produção de Bioinsumos será inaugurada

No dia 17 de março, as famílias Sem Terra irão compartilhar com a sociedade sua mais nova inovação: a Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi.

De acordo com Dioneia Ribeiro, produtora de arroz orgânico e integrante do Grupo Gestor de Arroz Agroecológico, a iniciativa foi proposta através do Curso Nacional de Bioinsumos: conhecimentos da teia alimentar do solo, ocorrido em junho de 2022, no Instituto Josué de Castro, no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão.

Participaram do curso agricultoras e agricultores das cadeias produtivas do arroz, feijão, milho, soja, frutíferas e agroflorestas, totalizando 20 participantes de oito estados.

“A Cootap decidiu produzir o próprio insumo para melhorar a fertilidade do solo e ter estratégias de redução de custo nas propriedades das famílias. Também reforçamos a importância de sempre inovar e trazer novas tecnologias para qualificar os nossos alimentos", destaca a Sem Terra. 

Segundo Dioneia, essa unidade de produção de bioinsumos traz algumas garantias para os produtores e produtoras do MST, como o aumento da produção, autonomia na produção de bioinsumos e acesso a novas tecnologias, o que beneficia as famílias assentadas.

Para a safra 2022/2023 do arroz orgânico, o uso desse bioinsumo foi implementado em duas áreas de pesquisa, em 28 hectares. Já para a próxima safra 2023/2024, os bioinsumos estarão em toda a produção do arroz orgânico dos assentamentos em Viamão, em cerca de 1126 hectares.


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Edição: Marcelo Ferreira