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PT, 43 anos de luta e sonho

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"O PT estava presente em todas as lutas do Rio Grande do Sul e do Brasil. Liderou as Diretas-Já, estava em todas as greves e na preparação da Constituinte e promulgação da Constituição de 1988" - Acervo Instituto Lula
O PT foi decisivo no processo constituinte, dando rosto democrático à Constituição Cidadã

São 43 anos. Quem, como eu, é fundador do PT, e todas e todos que fundaram o PT em 10 de fevereiro de 1980, talvez não imaginasse que este Partido nascido da base popular chegasse em 2023 como o mais importante do Brasil, da América Latina e Caribe e um dos mais importantes do mundo.

E o mais importante e que orgulha fundadoras e fundadores: está forte, está vivo. O Brasil não tem história de partidos políticos com trajetória longa, fruto de sua democracia pouco consolidada. Menos ainda no caso de partidos enraizados na base popular, de esquerda, democrático-populares, com perspectiva socialista.

No final dos anos 1970, começamos a conversar sobre o que fazer, eu morador da Lomba do Pinheiro, Viamão-Porto Alegre. Estávamos nas lutas das Associações de Bairro, nas Oposições sindicais, apoiando as greves dos metalúrgicos do ABC, dos bancários gaúchos, da construção civil de Porto Alegre, nas CEBs, Comunidades Eclesiais de Base, e Pastorais Populares, na defesa dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores e melhoria das condições de vida nas vilas populares da periferia.

Surgiu a possibilidade da reformulação partidária, mesmo em meio à ditadura militar, com o fim do bipartidarismo e a fundação de novos partidos. Reunimos as lideranças comunitárias da Lomba do Pinheiro, conversamos muito, e resolvemos entrar, praticamente em bloco, no novo partido em construção, o Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores. Fundamos em seguida o Núcleo do PT da Lomba do Pinheiro, já em 1980, numa memorável reunião na Vila Santa Helena, parada 12.

O PT era um Partido-movimento. Em 1982, primeira eleição disputada pelo PT, eu candidato a deputado estadual, o PT elegeu um único vereador em todo Rio Grande do Sul. Mesmo sem parlamentares e sem ter governos, o PT estava presente em todas as lutas do Rio Grande do Sul e do Brasil. Liderou as Diretas-Já, estava em todas as greves e ocupações urbanas e rurais e na preparação da Constituinte.

Só em 1986 o PT gaúcho elegeu quatro deputados estaduais e dois deputados federais constituintes. Em 1988, o PT elegeu os primeiros quatro prefeitos em governos populares. Portanto, só depois de 6 a 8 anos de existência, o PT tornou-se partido-instituição, sem deixar de ser partido-movimento, o que talvez seja uma das explicações para chegar aos 43 bem vividos em 2023.

O PT foi decisivo no processo constituinte, dando rosto democrático à Constituição Cidadã. Os governos do PT têm a marca das políticas públicas com participação popular, em especial através do OP, Orçamento Participativo, implementado em Porto Alegre no primeiro governo municipal do partido. Os seus parlamentares constroem mandatos populares.

Os desafios de se manter partido-movimento são permanentes. Nada contra ser partido-instituição, até porque estive na instituição como deputado estadual constituinte e integrante de diferentes governos populares, além de ter sido presidente do PT/RS. Portanto, com atuação no plano institucional. Mas o desafio de se manter partido-movimento é cotidiano, mesmo ganhando governos e estando no Parlamento.

Sendo partido-movimento, o PT mantém-se fiel às raízes populares de sua origem e ao seu compromisso com o povo trabalhador e a construção de um Brasil com justiça, igualdade e democracia. Por isso, nos últimos anos o PT lançou a proposta Nova Primavera, com a construção dos Núcleos de Vivência, Estudo e Luta, tal como era e atuava o Núcleo do PT da Lomba. E hoje faz o Núcleo de Reflexão Política da Lomba, criado em 2019. E é exemplo de movimento, trabalho de base, formação na ação dos Comitês Populares de Luta, espalhados por todo Brasil.

Em tempos de neofascismo e ultraneoliberalismo, partidos como o PT são decisivos para garantir a democracia e a soberania, na luta por igualdade, justiça, paz, liberdade, direitos, mantendo viva e presente a construção da utopia da transformação. 

Longa vida para o PT, o Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores! O sonho de uma sociedade e um Brasil democrático continua, e está entranhado nas mentes e corações de todas e todos os militantes petistas.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko