A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, declarou que quatro de cada dez crianças Yanomami estão contaminadas por mercúrio. A afirmação aconteceu ontem (26) à noite durante sua participação na mesa "Fortalecer a terra, alimentar o Brasil", do Fórum Social Mundial 2023, em Porto Alegre.
“O Brasil está estarrecido com a imagem do povo Yanomami à semelhança do que vemos nos livros de história sobre os campos de concentração”, pontuou a ministra.
“A população (indígena) está contaminada pelo mercúrio do garimpo criminoso e acossada pela violência que estupra suas mulheres e violenta seus jovens criando problemas graves de saúde”, lamentou.
Bolsonaro não demarcou nada
Criticando o governo Bolsonaro, lembrou que enquanto nos mandatos de Lula foram criados 40 milhões de hectares de terras indígenas e de unidades de conservação, nos últimos quatro anos o então presidente “criou zero”. Denunciou ainda que 400 indígenas foram assassinados no governo passado, além de 71 ambientalistas.
Discutindo o “momento difícil” e a necessidade de “reconstruir o Brasil” pós-Bolsonaro, Marina acentuou três desafios a serem enfrentados não apenas pelo governo mas pela sociedade brasileira.
“O primeiro deles é fortalecer a democracia”, disse, reparando que não existem respostas duradouras se elas só vierem de cima para baixo.
O segundo implica no enfrentamento da desigualdade, citando não ser possível admitir que “um dos maiores produtores de proteína animal e de grãos do mundo tenha 33 milhões de pessoas passando fome e 125 milhões em um quadro de insegurança alimentar”, quando a pessoa come mas não os nutrientes necessários.
Macaxeira e molho de pimenta
Marina ilustrou a situação relembrando as dificuldades de sua família no Pará em 1968. “Eu, minha mãe, sete filhos, meu pai, minha tia, meu avô e minha avó só comíamos macaxeira cozida com molho de pimenta malagueta e caldo de cana. Estávamos tecnicamente de bucho cheio mas passando fome.”
O terceiro, prosseguiu, envolve o fortalecimento de um modelo de desenvolvimento sustentável. “O Brasil não pode dar lugar para uma visão de desenvolvimento que destrói”, ponderou.
Também notou que, atualmente, é preciso “um combate estrutural ao racismo e ao machismo”, citando ainda o preconceito e a violência com que é tratada a população LGBTQIA+ no país.
Além da ministra, mais 11 debatedores integraram a mesa, entre eles deputados e deputadas, representantes de universidades, quilombos, cozinhas e hortas comunitárias e agricultores urbanos e outros movimentos sociais que militam no combate à fome.
Antes do debate a ministra fez uma coletiva de imprensa que pode ser vista aqui.
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Edição: Marcelo Ferreira