Rio Grande do Sul

MEMÓRIA

Lançado catálogo sobre monitoramento de movimentos sociais pela ditadura militar no RS

"Movimentos sociais sob suspeita: documentos da polícia política do RS durante a ditadura" foi apresentado pela ALRS

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Lançamento da publicação que traz textos de especialistas sobre o tema foi lançado nesta quinta-feira (26) - Foto: Paulo Garcia/ALRS

A Assembleia Legislativa do RS lançou, nesta quinta-feira (26), o catálogo "Movimentos sociais sob suspeita: documentos da polícia política do RS durante a ditadura". A obra tem como foco as ações de vigilância e monitoramento feitos pelo regime militar sobre as mais diferentes organizações da sociedade civil, entre o final dos anos 1960 e a década de 1980 no país.

Organizado por Ananda Fernandes, Paola Timm e Erico Espíndola, o livro traz cópias de documentos e a transcrição de inúmeros outros que mostram como se dava e os motivos apresentados pela polícia política da época para justificar a espionagem feita. Fruto da parceria entre o Parlamento, o Memorial do Legislativo, o Arquivo Histórico do RS a Secretaria de Estado da Cultura, tem 267 páginas com textos do grupo e de outros pesquisadores abordando o cenário político do período e temas relacionados.

“Um documento histórico, de uma homenagem aos homens e mulheres que, num período triste da nossa História, ousaram resistir, se organizar e defender os direitos políticos e sociais da população brasileira”, afirma o presidente do Legislativo gaúcho, deputado Valdeci Oliveira.

O deputado Valdeci destacou ainda que o trabalho se configurava em uma contribuição para que falsas narrativas não venham se sobreponham aos fatos. "Ele nos mostra, principalmente aos mais jovens, que a nossa democracia, que volta e meia é ameaçada por quem têm saudades daqueles tempos sombrios, não nos foi dada ou concedida, ela foi conquistada com muita luta, dor, lágrimas e sangue”, sublinhou.

A secretária estadual da Cultura, Beatriz Araújo, celebrou o trabalho realizado pelos servidores públicos para a publicação do catálogo. "Espero que não encerremos aqui (a parceria) e que tenhamos outros momentos de relevância, de guarda da memória, de difusão e divulgação e sigamos neste caminho que eu penso ser o caminho certo", afirmou.

A organizadora Ananda, que também coordena o Arquivo Histórico lamentou que o país viva um momento de “muita apologia a este triste período da nossa História”. Para ela, enquanto instituições públicas, de cultura, de pesquisa, de memória, de ciência, é fundamental  trazer essa temática a público.

Lembrou ainda que o RS é um dos poucos estados que não possui documentação relacionada aos Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que foi oficialmente incinerada em 1982 por ordem do então governador Amaral de Souza. "Mas preenchemos essas lacunas com as informações dos Sops, secretarias que funcionavam como pequenos Dops no interior. Então, quando dizem que no país a ditadura foi branda ou até mesmo que não houve, a documentação prova o contrário", explicou. "Ditadura nunca mais. E democracia para sempre”, finalizou a também historiadora.

* Com informações da Agência de Notícias da ALRS


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Edição: Marcelo Ferreira