A realização do FSM POA chega na melhor hora, no tempo certo e num momento histórico
O ano era 2001, alvorecer do século XXI. No Brasil, o neoliberalismo campeava solto. Mas Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estavam no centro da resistência. Orçamento Participativo, o conhecido OP, levava a população a participar diretamente da decisão sobre os recursos públicos e da formulação e implementação de políticas públicas, com governos populares onde o povo tinha vez e voz. Democracia em sentido pleno.
Num país com a história do Brasil, de elites escravocratas e do latifúndio, ter o OP era mais que inédito. Era revolucionário: a vez e a voz do povo trabalhador chegando com força e protagonismo, conquistando vida digna, direitos e democracia.
O OP ganhou o mundo. Por isso, o primeiro Fórum Social Mundial, FSM, aconteceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em janeiro de 2001, com as palavras símbolo ´UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL´, juntando sonho, luta e utopia.
O FSM aconteceu mais vezes em Porto Alegre. Depois, espalhou-se pelo mundo, para diferentes cidades, países, continentes. O mais recente aconteceu no México no primeiro semestre de 2022.
2023 é ano-chave para o Brasil, e também para o mundo. No Brasil, a democracia foi esmagada nos últimos tempos. O neofascismo instalou-se no governo federal e em boa parte da sociedade. No mundo, a ultradireita conservadora está presente em muitos países e continentes, junto com a guerra e a incerteza do futuro.
Felizmente, com ares de esperança, a vitória eleitoral de Lula no final de 2022 abriu portas e horizontes. Mas os acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília, com a invasão e depredação do Palácio do Planalto, da sede do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, acenderam todas as luzes de preocupação e cuidado, e deram todos os avisos de que os tempos não estão fáceis, nem serão tranquilos.
Neste contexto, a realização do FSM POA, de 23 a 28 de janeiro, chega na melhor hora, no tempo certo e num momento histórico.
´Um outro mundo possível´ precisa ser sonhado e construído sempre. Mas agora, em janeiro de 2023, embora continue sendo possível, tornou-se também urgente e necessário. O Brasil, com certeza, estará de novo na linha de frente da luta popular, sendo reconhecido no mundo por suas políticas públicas de participação social, pela construção e defesa da democracia, em tempos de guerra, de neofascismo e de ultraneoliberalismo.
Será um grande FSM em Porto Alegre: muita gente, alegria, coragem, fé, ninguém soltando a mão de ninguém. Estarão no centro dos debates, regados a muita música, festa, cultura, todos os temas urgentes da conjuntura e do futuro: um mundo multilateral, com combate ao fascismo; o Brasil da Esperança: o Brasil que queremos; o mundo do trabalho; a Economia Solidária; a luta antirracista, popular e periférica; por um Brasil feminista; o combate à fome e a luta sócio-ambiental; os direitos sociais: educação, cultura, saúde, assistência social; participação popular e controle social.
Todas e todos são mais do que benvindas-os a Porto Alegre de 23 e 28 de janeiro. Os grandes debates serão realizados na Assembleia Legislativa. Mas também se espalharão por toda a cidade, em todos os cantos, esquinas, espaços, centro e periferia, manhã, tarde, noite e madrugada.
A Feira da Economia Solidária acontecerá na frente do Mercado Público, na Praça XV. A tradicional Marcha de Abertura será na quarta, dia 25, às 17h, no Largo Glênio Peres, coração de Porto Alegre, com dezenas de milhares de participantes anunciando o sonho de um outro mundo possível, lutando por democracia, direitos, soberania, igualdade, justiça, paz (Contatos e informações: https://www.fsm.org.br).
Não há tempo a perder neste início de 2023. Todo mundo chamado, convidado, convocado a mais uma jornada histórica. O povo unido na rua gritando FASCISTAS, GOLPISTAS, NÃO PASSARÃO! Proclamando: viva a democracia! Viva o povo consciente e organizado! Viva o Orçamento Participativo! Viva a unidade e a luta popular!
Edição: Katia Marko