O tempo e a hora são de mais movimento, de menos instituição: povo na rua, mobilização total
Os acontecimentos de domingo, 8 de janeiro de 2023, em Brasília, com a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes da República, demonstraram mais uma vez que as elites escravocratas brasileiras, hoje também neofascistas, com o apoio das Forças Armadas, não amam a democracia.
Em todos os momentos cruciais da história brasileira foi assim. A saída, como em 2016, sempre foi o golpe, a ditadura. Assim foi também nos anos 1950, de novo nos anos 1960, com golpe militar e ditadura de décadas, nos anos 2010 e agora nova tentativa nos anos 2020.
Os direitos do povo trabalhador e dos mais pobres nunca são aceitos, sequer tolerados pelo grande capital nacional e internacional, do latifúndio, e, quase sempre, com apoio da grande mídia. Sem ilusões, portanto, em 2023.
A resposta do povo e dos democratas foi imediata desta vez. Segunda, 9 de janeiro, menos de um dia depois da invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso e da sede do Supremo Tribunal Federal, o povo estava nas ruas, dizendo: Fascistas, Golpistas, não passarão!
Quem acha que os próximos tempos serão fáceis, ou que o governo Lula será um passeio, espero que tenha perdido todas as ilusões. Está redondamente enganado.
Num primeiro momento, a unidade de todas e todos os democratas, venham de onde vierem, é fundamental nesta conjuntura perigosa. Todo mundo deve ser chamado, senão convocado, a resistir, a dizer não à ditadura e ao neofascismo, a defender a soberania e a democracia.
Em segundo, sem anistia para quem pratica atos contra a democracia, seja quem for.
Em terceiro, a vez e voz do povo devem, não só ser ouvidos, mas também garantidos e incentivados.
Em quarto, as políticas com participação social, os Conselhos, as Conferências, o Orçamento Participativo nacional, a educação popular perpassando toda a sociedade são decisivas, com protagonismo e organização popular.
O tempo e a hora são de mais movimento, de menos instituição: povo na rua, mobilização total. É o único jeito de enfrentar golpistas, neofascistas e destruidores da democracia. Foi assim que se enfrentou a ditadura militar, foi assim que se construiu a Constituição Cidadã, foi assim que foram eleitos governos populares.
Lula, além da posse formal em primeiro de janeiro com grande participação popular, já tomou posse mais umas três vezes esta semana: quando reuniu os 27 governadores logo após os atos golpistas de 8 de janeiro; quando o povo saiu às ruas em todo o Brasil na segunda, 9 de janeiro, menos de um dia depois das loucuras neofascistas nos três Poderes; quando reuniu todos os Poderes, quando reuniu as lideranças do Congresso para defender a democracia; e quando deu posse histórica às ministras Sonia Guajajara, dos povos indígenas e defensora dos seus territórios, e Anielle Franco, na luta antirracista e por igualdade racial. Sem descanso, pois, sem medo, sempre com muita coragem, determinação e nenhum tipo de vacilação.
As reuniões desta semana da Frente Brasil Popular gaúcha, organizando a mobilização popular, mais a Plenária de organização do Fórum Social Mundial Porto Alegre, FSM POA, que acontecerá de 23 a 28 de janeiro, deram outro tom e dimensão ao FSM POA. Com segurança reforçada, com presença de ministros do governo Lula e, principalmente, com grande participação popular, as atividades vão acontecer em diferentes lugares, especialmente na Assembleia Legislativa gaúcha. A Marcha da Esperança será no final da tarde do dia 25 de janeiro (Informações: www.fsm.org.br).
Este será o tom do que será 2023. ´É preciso estar atento e forte´, diz a canção. A defesa da democracia está em primeiro lugar, garantindo os direitos dos mais pobres, de trabalhadoras e trabalhadores, do povo, com paz, com esperança, com futuro.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko