Rio Grande do Sul

Coluna

Segue a luta antifascista!

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"É hora de ocupar as ruas para defender as boas ações deste governo e contestar ações que destoem do programa proposto" - Foto: Jorge Leão
É preciso conquistar consciências para a luta contra o fascismo, que sofreu um revés, mas não acabou

É desnecessário, após três dias, reavaliar os atos antidemocráticos protagonizados pelos extremistas vândalos no domingo, 8 de janeiro, em Brasília. O que deveria servir de estopim para um golpe coube como luva para o governo reunir, em defesa da ordem democrática, pessoas das mais variadas correntes ideológicas.

O avanço da extrema direita é visível no mundo todo. Se nos EUA e Europa uma de suas principais bandeiras é a luta contra os ameaçadores imigrantes, no Brasil o que chamam de “ameaças comunistas” é baseada nos códigos morais e na defesa do modelo eurocentrado de cidadão ideal: e aí enquadram o combate à diversidade. Quaisquer defesas de pautas identitárias lhes é intolerada. Ressalva: O desprezo a estas pautas encontra apoio até em pequenas parcelas da esquerda, aquelas que não compreendem que a defesa das pautas identitárias caminha pari passu à luta de classes.

O fascismo tem na defesa da moral ocidental cristã sua bandeira mais alardeada. A tríade Deus-Família-Pátria é comum de Hitler à Trump, reuniu 100 mil em 1964 e foi estandarte no governo Bolsonaro. Defender pautas identitárias equivaleu a ser pró-aborto, desprezar regras morais, contestar o cristianismo, promover a desordem. Assistimos, desde o golpe, a criminalização do politicamente correto. Preconceito e desdém com o diferente, para o fascismo, é o normal. Anormal é ser esquerda e respeitar a diversidade.

Acampamentos contíguos a quartéis e bloqueio de estradas foram criticados e ridicularizados, mas não pela maioria da população. Avaliamos corretamente que 58 milhões de brasileiros (que votaram em Bolsonaro) não são fascistas, que parte destes votos foram apenas votos contra o PT. A maioria destes eleitores não participou de bloqueios, não acampou, mas ainda assim, muitos resistiam à Lula, a criticar erros e deslizes do governo anterior.

O que faltava a estes não-fascistas para abandonar o campo da extrema direita chegou via os mais fanáticos apoiadores do ex-presidente. As invasões, o quebra-quebra, a destruição do patrimônio público, cuja restauração será paga por todos nós. Se para lideranças ‘ordem’ é apenas retórica, para uma imensa massa de brasileiras e brasileiros, não fascistas embora conservadores, ordem foi e é traduzida por segurança e estabilidade.

O que serviria para derrubar o governo mostrou-se elemento estabilizador. Políticos, personalidades, líderes estrangeiros (da esquerda à direita) declaram repúdio aos terroristas políticos. Qualquer pessoa minimamente coerente condenou a ação e fugirá da identificação com os golpistas. O que não significa vácuo nesta área. Não existe espaço vazio. Mas a simpatia ao bolsonarismo certamente diminuiu, e diminuirá ainda mais com a condenação dos métodos e atos dos extremistas. Não significa sua extinção, mas sua redução. E justifica ações enérgicas que o governo julgar necessárias para novas tentativas de desestabilização.

As ações do governo estão acontecendo na medida desejável. Crucial que as punições sejam justas e desencorajadoras. E é o momento de retomarmos, sim, o discurso politicamente correto, a defesa e a valorização das pautas identitárias, é hora de ocupar as ruas para defender as boas ações deste governo e contestar ações que destoem do programa proposto. É urgente aproveitar a brecha aberta pelos extremistas e garantir conquistas! E conquistar consciências para a luta contra o fascismo, que apenas sofreu um revés, mas não acabou.

* Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko