Rio Grande do Sul

ATAQUES TERRORISTAS

Secretário diz haver identificação de pessoas que transportaram golpistas do RS para Brasília

Sem revelar nomes, Sandro Caron afirma que investigação de gaúchos com relação aos atos na Capital Federal continuará

Sul 21 |
Sandro Caron, à esquerda do governador Leite, em sua cerimônia de posse como secretário de Segurança - Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Vindo do Ceará e recém nomeado secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron encara nos seus primeiros dias no cargo uma das mais graves crises desde a redemocratização no Brasil. Os atos golpistas acontecidos domingo (8) em Brasília, com a invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), começam a mostrar suas ramificações pelos estados. E com o Rio Grande do Sul não seria diferente. Há informações de ônibus que partiram do RS nos últimos dias em direção a Capital Federal para participar dos atos terroristas que chocaram o País e a comunidade internacional.

Nessa entrevista ao Sul21, Caron afirma que já há a identificação de pessoas que participaram da organização e do apoio logístico no transporte rumo a Brasília. O secretário explica que o governo estadual tem atuado em conjunto com as autoridades da intervenção federal no Distrito Federal e órgãos de segurança pública para identificar gaúchos presos na Capital, de modo a relacioná-los com as investigações em curso no RS.    

Caron conta que os setores de inteligência da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública já vêm acompanhando as movimentações dos bolsonaristas há algum tempo, interagindo com as inteligências da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Abin. A intenção é acompanhar e se antecipar a qualquer tipo de situação que possa ocorrer no RS. Como exemplo, diz que a Brigada Militar nesse final de semana, diante dos chamamentos feitos para atos por rede social, intensificou o policiamento em áreas estratégicas no Rio Grande do Sul. 

Sul21 -  Como a secretaria está atuando para identificar pessoas no RS com conexão aos atos ocorridos em Brasília?

Caron -  As inteligências estão acompanhando toda essa situação, buscando a identificação principalmente de pessoas que estejam coordenando e instigando a participação de outros nesses movimentos, e pessoas que estejam também de alguma forma financiando e fornecendo logística para esses atos. Com todos os levantamentos feitos pela inteligência, a Polícia Civil vem atuando e transformando esses dados em prova de inquérito policial para que a gente possa levar essas pessoas a responsabilização.

Sul21 - Já existem pessoas identificadas?

Caron - Sim, já tem pessoas identificadas exatamente nesse transporte de pessoas para Brasília, para os crimes do final de semana. Aquilo não foi manifestação, foi crime, banditismo. Não posso ainda fornecer nomes porque as investigações correm em sigilo e atrapalharia os atos que vêm daqui pra frente na investigação da Polícia Civil, mas nosso foco é levar essas pessoas a responsabilização. 

Estamos pedindo a listagem de todas as pessoas que foram presas ontem exatamente para que se consiga fazer uma eventual ligação com todos os dados que se tem aqui em relação ao que ocorreu em Brasília. A estratégia é dar todo apoio à polícia do Distrito Federal e também seguimos com as investigações do que ocorreu no Rio Grande do Sul. O foco é levar a responsabilização todos aqueles que cometerem eventuais crimes.


Ônibus que partiu de Santa Rosa com bolsonaristas em direção a Brasília / Foto: Reprodução

Sul21 - Se sabe quantos ônibus saíram do RS em direção a Brasília?

Caron -  Os dados estão sendo juntados, tivemos várias agências de inteligência, e agora nos próximos dias tudo vai ser juntado, mas já temos a identificação das pessoas que atuaram na logística e dando suporte e apoio logístico ao transporte dos outros para Brasília. 

Sul21: Os vídeos e fotos publicadas pelas próprias pessoas nas redes sociais podem facilitar a investigação e a identificação?

Caron - Sim, pode facilitar sim. É uma estratégia que soma a outras técnicas de investigação que estão sendo usadas e que no momento oportuno podemos dar um balanço de toda a conclusão dessas apurações. 

A nossa diretriz é manter 100% a ordem no Rio Grande do Sul. Não vamos admitir que ocorra aqui as situações criminosas como ocorreram em Brasília. Se alguém ousar desafiar as instituições e o Poder Judiciário, vai ter uma resposta firme da polícia e que sirva de exemplo para todos.

Edição: Sul 21