Os atos terroristas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiram as sedes dos Três Poderes neste domingo (8) desencadearam esforços das forças de segurança e justiça para identificar e tentar punir os responsáveis.
Como consequências, nos estados, redes de informação estão sendo articuladas para identificar e tentar rastrear não somente os bolsonaristas extremistas, mas também os financiadores.
Logo após os acontecimentos no domingo (8), o vereador de Porto Alegre e deputado estadual eleito Leonel Radde (PT) foi um dos que passou a centralizar o recebimento dessas denúncias, com informações sobre gaúchos que estiveram em Brasília. Ele denominou a operação de Bastardos Inglórios, em referência ao filme de Quentin Tarantino, sobre a ocupação dos nazistas na França, durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer um que tenha informações pode mandá-las para o Whatsapp (51) 996760718, o sigilo da denúncia é garantido.
Em contato telefônico com a reportagem do Brasil de Fato RS, Radde, que também é policial civil, deu um rápido panorama de como está o processo de identificação dos gaúchos responsáveis pela possível tentativa de golpe de estado do domingo (8).
"Estamos ainda analisando os dados que chegam. Já temos algumas identificações, quase uma centena de confirmações de gaúchos que estariam em Brasília."
Informações ajudarão inquérito centralizado
Apesar da grande quantidade de informação, por hora, ainda existe uma certa cautela para diferenciar as pessoas que somente foram até o Distrito Federal para participar dos atos golpistas e aqueles que efetivamente invadiram e depredaram os prédios públicos.
Radde relata que as denúncias recebidas pela rede de informação estão sendo encaminhadas ao Ministério Público Federal da 1° Região (MPF-1), que está responsável pela investigação.
Explicou também que existe uma centralização das investigações e do inquérito, este que está sendo promovido pelo MPF-1, e que as articulações no sentido de levantar informações sobre os gaúchos participantes têm o objetivo de ajudar e facilitar as investigações.
:: Políticos do RS se manifestam sobre atos terroristas em Brasília ::
Por outro lado, também afirmou que ocorrem apurações paralelas, visto que, na sua visão, a ameaça não se restringe ao terrorismo praticado em Brasília, mas se estende às mobilizações golpistas que vêm pedindo a destituição do governo e revogação das eleições e que também merecem a atenção das forças de segurança estaduais.
“Não é só o ato terrorista de Brasília, é um crime continuado das pessoas que vêm pedindo intervenção militar em frente aos quartéis”, afirmou.
Nesse sentido, afirma que os esforços vão seguir para mandar as informações ao inquérito centralizado do MPF, mas também para identificar e responsabilizar, por exemplo, os integrantes do ato que tentou fechar a Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, de forma coordenada com o que acontecia em Brasília no domingo (8).
Leniência do poder público preocupa
Questionado sobre o clima dentro das forças policiais, visto que ele próprio é um integrante da corporação, afirmou que, a partir de sua percepção pessoal, acredita não haver nenhum clima de ruptura dentro das forças de segurança, pelo menos no RS.
Entretanto, afirmou preocupar-se com a “leniência do governo do estado e das chefias das forças de segurança”, que permitiram, desde as eleições de outubro, a instalação dos acampamentos na volta dos quartéis que solicitavam o golpe de estado.
Radde também criticou o governo Leite e seu antecessor Ranolfo. Ambos deram declarações de discordância com o teor das manifestações, mas não agiram efetivamente para impedir ou dissolvê-las.
Também ressaltou a crítica ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que, além de não tomar as medidas para desmobilizar o acampamento em frente ao Comando Militar do Sul, teria dado declarações simpáticas ao movimento.
Financiadores radicalizados
Questionado sobre algumas consolidações das investigações, Radde também afirmou já haver informações sobre as cidades das quais partiram ônibus rumo a Brasília. Há registros de partidas de Santa Rosa, Santa Maria, Canoas, Porto Alegre, Passo Fundo e Caxias, pelo menos.
“Boa parte desses ônibus com tudo pago, o que indica o caminho para identificar os financiadores”, explicou o vereador, afirmando ainda que o MPF já possui indícios de quem seriam alguns desses financiadores.
Questionado se haveriam já alguns nomes a serem divulgados, Radde afirmou apenas que são empresários fanatizados e que a investigação com consequente quebra de sigilos irá apontar os nomes, inclusive, possivelmente, indicando outros financiadores.
Por fim, informou que haverão reuniões entre os integrantes das bancadas dos legislativos municipal e estadual, a fim de promover pressões para a punição dos responsáveis.
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Edição: Katia Marko