Rio Grande do Sul

Coluna

2023: O tempo urge e ruge

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"O maravilhamento e a emoção de todas e todos que viram o ato de posse do presidente, seja presencialmente, seja via televisão, como no meu caso, ou via redes sociais, foi geral" - Foto: Ricardo Stuckert
É preciso, sim, União e Reconstrução. União do povo. É urgente a reconstrução do Brasil!

“Quando eu digo ´governar´, eu quero dizer ´cuidar´. Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho desde país e do povo brasileiro.”

São palavras fortes e cheias de esperança do presidente Lula no discurso de posse no parlatório no Palácio do Planalto, em frente à multidão que veio de todo Brasil. São palavras e frases que orientam seu mandato e seus compromissos de governante.

O maravilhamento e a emoção de todas e todos que viram o ato de posse do presidente, seja presencialmente, seja via televisão, como no meu caso, ou via redes sociais, foi geral. Assim como as lágrimas e o choro em diferentes momentos de todo mundo, incluído eu, especialmente na subida na rampa do Palácio do Planalto, quando Lula e Alckmin foram acompanhados por gente do povo e uma mulher do povo, negra, recicladora, põe a faixa presidencial em nome de todo povo brasileiro. 

Eram as trabalhadoras e os trabalhadores, os pobres, os sem-terra e os sem-teto, as mulheres, os jovens, as catadoras e os catadores, o povo negro sendo protagonista, e reocupando o espaço que é seu e devia ser sempre seu. Era o anúncio de um novo tempo chegando, era a esperança acontecendo, no melhor sentido da pedagogia libertadora e conscientizadora de Paulo Freire: ESPERANÇAR.

Foi uma festa da democracia, onde o combate à fome e à desigualdade estiveram, não só presentes, mas no centro de almas, mentes e corações, e na fala do presidente Lula, num clima de diálogo, fraternidade e paz, fundamentais nesta quadra histórica por que passam o Brasil e o mundo.

Governar é cuidar. Cuidar do povo e dos seus sofrimentos, suas diferentes dores. Cuidar é alimentar a esperança, é dizer que há futuro. Cuidar é ter cuidado com a Casa Comum, onde todas e todos habitam, com o meio ambiente, com a Amazônia, com os povos da floresta. Cuidar é garantir vida digna e direitos a todas e todos. Cuidar é ouvir, é estar aberto ao novo, é sonhar e alimentar o sonho e a utopia.

Mas sem ilusões. 2023 é muito diferente de 2002. O quadro e a conjuntura brasileira e mundial é, em todos os sentidos, muito mais difícil e complexo hoje que ontem, 20 anos atrás. As urgências são muitas. A caminhada recém está começando. Haverá pedras, buracos, ladeiras, pontes movediças, enchentes e trovoadas. O Senhor Mercado, o grande capital, as elites neofascistas não descansam nunca, tentando domar os que o povo elegeu e, no limite, promover golpes e toda sorte de boicote e perseguição, como tantas vezes aconteceu na história brasileira.  

É preciso, sim, União e Reconstrução. União do povo, união de todas e todos os de boa vontade. É urgente a reconstrução do Brasil.

Mas é preciso muito mais. Hora de dar vez e voz ao povo de novo, através do OP, Orçamento Participativo nacional, através de Conselhos e Conferências com ampla participação popular, com a construção de políticas públicas que garantam vida saudável, comida no prato, terra, casa, saúde, educação, direitos, dignidade, com os processos de educação popular, como os acontecidos com a RECID, Rede de Educação Cidadã. Tempo de colocar de novo o Brasil no mundo, com sua força, sua capacidade de ser luz e apontar horizontes.

Isso tudo vai muito além de união e reconstrução. Os poderosos, como sempre fizeram, não aceitam um povo livre, um país com democracia em pleno vigor, uma nação altiva e soberana. Por isso, não é esperar que o governo federal faça acontecer. A sociedade mobilizada será decisiva nos próximos anos. Todo mundo está, não só convidado, mas convocado: movimentos sociais e sindical, ONGs, escolas e Universidades, pastorais de diferentes igrejas, gente de todas as idades, do campo e da cidade, do centro e da periferia.

2023 não será um ano fácil. Muito ao contrário. Não há tempo a perder. Mas, ´sem medo de ser feliz´, ninguém soltando a mão de ninguém, a roda da História há de girar, e trazer alegria, felicidade, Bem Viver.

É tempo de ser profeta. Denunciar, anunciar, com muita esperança. Como disse Lula na posse, VIVA O POVO BRASILEIRO!

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko