O tradicional Bate Folhas da Virada vai ocorrer entre os dias 28, 29 e 30 de dezembro, das 10h às 18h30, no Bará do Mercado Público de Porto Alegre. No monumento em homenagem ao orixá que, para os praticantes das religiões de matriz africana, detém as chaves para abrir os caminhos, benzedeiras e erveiros estarão realizando banhos de purificação energética e oferecendo conselhos para o ano de 2023.
Local de referência religiosa, o Mercado Público faz parte dos rituais afro-brasileiros desde a sua fundação. Yalorixá Iyá Vera Soares, liderança do Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto, é memória viva do conhecimento ancestral vivenciado e repassado por gerações.
"Desde da minha adolescência vivenciei estes rituais nas datas de Santos Sincréticos aos nossos Orisás. Estas lembranças me acompanham sempre. Passamos a celebrar e a interagir com a população que frequentava as dependências do Mercado. Exatamente no lugar central do Mercado, sagrado para nós e patrimônio imaterial, o Bará do Mercado", conta a Yalorixá Iyá.
"Enquanto Yalorixá visitando a Bahia, recebi o Banho de Cheiro e o Bate folha, que já me era familiar", comenta Iyá / Foto: Arquivo Pessoal
Também conhecidas popularmente como "religiões de matriz da natureza", as religiões afro-brasileiras consideram as plantas como elementos de grande importância. Para a liderança, as folhas significam o resgate da fé: "É pertencimento. Eu desenvolvi um respeito, um carinho e fé no poder das folhas, resultado do saber natural que a 'Mãe Natureza' revela a partir do poder de cura".
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"A cultura do Bate Folhas do Mercado Público renova as energias fragilizadas pelas lutas, doenças, ansiedades, maus olhados, stress, desânimo, desequilíbrio. É o resgate da fé e da esperança de centenas de pessoas que respeitam e participam desse ritual da 'Encruzilhada do Mercado'", complementa Iyá.
Bará, um patrimônio histórico-cultural
Desde 2020, o Bará do Mercado é oficialmente patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre. Segundo a tradição herdada das religiões de matriz africana e afro-brasileira, como o candomblé e a umbanda, no centro do Mercado está assentado o orixá Bará, conhecido como o guardião das entradas, sendo o responsável pela abertura de caminhos.
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Edição: Marcelo Ferreira