A ação direta da anciã, colocando em risco sua própria vida, é revolta à decisão de reintegração de posse pedido pela juíza Clarissa Rahmeier, da 9ª Vara da Justiça Federal. A decisão da juíza, após agravo de instrumento do Ministério Público Federal (MPF) e dos advogados da retomada, foi mantida pela desembargadora Marga Inge Tessle, do Tribunal Regional Federal (TRF-4).
A postura das magistradas gerou revolta, por ser uma ação da Justiça em prol de família banqueira sonegadoras. “Será que mais uma liderança vai ser morta ou morrer por causa dessas decisões?, questionou Gah Té.
No processo, o argumento para reintegração é que se trata de uma propriedade privada e só o que os indígenas tem é a “invocação da ancestralidade”.
Pesquisadores da UFRGS já lançaram um pré-laudo apontando indícios da presença Kaingang há séculos no Morro Santana. Estas informações constam no posicionamento do MPF no processo. Ignorados pela juíza, pelo jeito.
Propriedade privada?
Este terreno foi movido para desapropriação devido há dívidas do Grupo Maisonnave. Passou 30 anos, o processo caducou, o terreno não passou para União e se manteve para a família banqueira. Estas informações estão contidas no Dossiê Maisonnave, divulgado pela Federação Anarquista Gaúcha. A intenção dos Maisonnave é construir um condomínio com 11 torres ao pé do Morro Santana.
:: Dossiê aponta irregularidades em pedido de reintegração de posse da Retomada Gãh Ré ::
Para evitar mais esta destruição da natureza, do seu povo Kaingang e de nós todes, Gah Té se coloca nessa situação de risco.
Ao final do anúncio, clima de pesar pela condição de sofrimento e resistência da curandeira e hoje cacique Kaingang. Abraços de solidariedade.
Que o restante dos desembargadores do TRF-4 ajam para frear esta decisão!
Que os encantados protejam a saúde de Gah Té Nascimento e esta terra!
Toda solidariedade à Gah Té e à Retomada Gãh Ré
* Texto e fotos por Alass Derivas. Conheça e apoie o trabalho.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira