Uma assessora parlamentar afirma ter sido abusada sexualmente pelo vereador Fabrício Ollermann (MDB), de Viamão (RS). A jovem relatou ter sofrido uma espécie de "apagão" após ingerir uma bebida alcoólica.
Segundo a reportagem do SBT News, a jovem foi levada pelo vereador para um motel da cidade. Ela relatou à polícia só ter memórias parciais do que aconteceu, passando a se lembrar somente horas após o ocorrido.
A reportagem do SBT teve acesso à imagens das câmeras de segurança do motel que, segundo a polícia, mostram o vereador chegando de carro no local junto da assessora, às 18h do 1° de dezembro. O carro do vereador aparece saindo do local após 2h de estadia.
Ainda de acordo com o SBT News, Fabrício alegou em depoimento à policia que levou a jovem ao motel "para tomar um banho" e negou ter havido relação sexual.
Áudios comprometem versão
Apesar de declarar inocência, o SBT teve acesso à mensagens de áudio em que Ollermann aparece combinando uma versão com outra pessoa. O vereador acusado cita uma expressão comumente utilizada quando se quer guardar um segredo: "Acontece em Vegas, fica em Vegas".
Segundo a delegada Marina Dillenburg, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Viamão, os áudios são comprometedores. "Parece que outras coisas aconteceram além do que sabemos", afirmou a delegada.
A reportagem do Brasil de Fato RS entrou em contato com a assessoria de Ollermann, questionando por qual motivo o vereador teria levado a jovem ao motel e o que teria ocorrido naquelas duas horas de estadia.
Além disso, foi questionado o significado da expressão "Acontece em Vegas, fica em Vegas", proferida pelo vereador.
Em resposta ao questionamento, o vereador afirma que não concorda "com o que tem sido narrado" e que teme "pela exposição da imagem dos envolvidos". Afirma ainda que irá se "defender no âmbito da investigação, apresentando provas de que não são verdadeiras as alegações".
"Em breve, após prévia autorização do delegado(a) que preside a investigação, gostaria de me manifestar para narrar a minha versão do ocorrido, indicando locais, filmagens, testemunhas e provas documentais", concluiu.
A reportagem do BdF RS ainda insistiu sobre o significado da expressão "Acontece em Vegas, fica em Vegas". Porém, a assessoria preferiu não se manifestar sobre o questionamento, "para não prejudicar pessoas envolvidas", limitando-se somente à passar o contato de sua assessoria jurídica.
Câmara de Viamão e Fórum de Mulheres se manifestaram
Na sexta-feira (16) à tarde, a Câmara de Vereadores de Viamão emitiu uma nota de repúdio "a quaisquer atos de violência, assédio ou abuso, especialmente contra mulheres", citando que a presidência do legislativo municipal, assim que soube da denúncia, tomou as medidas cabíveis de imediato.
Além disso, informa que foi aberto um processo administrativo e uma comissão processante. "O Legislativo estará à disposição de todo processo de investigação por parte da Polícia Civil para que em conjunto possamos o mais breve possível chegar a conclusão dos fatos".
Ainda na sexta-feira, o Fórum Feminista de Mulheres de Viamão emitiu uma nota de repúdio, relembrando diversos casos de violência contra mulheres protagonizados por outros vereadores da cidade. Recordou o caso do vereador Luisinho (PSDB), que ameaçou à ex-esposa e que mantinha arma em casa com número de registro raspado.
Além deste, o vereador Thiago (PSD), durante a campanha presidencial, tentou intimidar mulheres que faziam campanha para o candidato Lula (PT). Thiago utilizou-se de músicas com letras degradantes e ofensivas às mulheres, além de debochar das que estavam presentes.
"Muito grave o que vem acontecendo na Casa Legislativa Viamonense! Casos que deveriam ser motivo de expulsão com perda de mandato, são amenizados por seus pares", afirma a nota.
Mais informações do caso
Segundo apuração da página Viamão 24 Horas, é a Delegacia da Mulher de Viamão (DEAM) quem investiga o caso. Informa ainda que a denúncia inicial teria partido do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) que intermedeia o estágio da jovem na Câmara de Viamão.
A jovem teria comunicado através de um e-mail o ocorrido para o CIEE, que encaminhou o caso para o presidente da Câmara de Viamão. Este, por sua vez, fez o registro na DEAM.
Além disso, a vereadora Fátima Maria (PT), presidente da Comissão da Mulher, afirmou que a Comissão não recebeu documentos sobre o caso. A vereadora também recordou os casos anteriores de violência contra a mulher em que os agressores são vereadores da cidade.
“Tiveram episódios piores na Câmara, neste ano, envolvendo armas e prisão de vereador e não foi aberto nenhum processo administrativo, por que? Talvez por que o vereador na época era da situação?”, questionou.
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Edição: Marcelo Ferreira