O que assistimos neste dia 12 foi uma tentativa de golpe de Estado, fracassada em seu intento
Neste dia 12 de dezembro, o TSE diplomou Lula da Silva como presidente eleito e Geraldo Alckmin como vice-presidente eleito. Este ato formal assimilou uma extraordinária força política em função das ameaças golpistas feitas pela extrema direita que negam os resultados eleitorais de outubro.
O reconhecimento do Parlamento, a instalação da “transição de governo” e, agora, a diplomação, somados, consolidam a nova realidade política. Lula e sua frente ampla democrática venceram as eleições interditando a continuidade do governo da extrema direita no país.
Na mesma noite desse dia 12, a extrema direita bolsonarista incendiou e destruiu automóveis e ônibus no eixo central de Brasília. Algumas dezenas de bolsonaristas estabeleceram um ataque à normalidade do Distrito Federal, supostamente em protesto à prisão de um golpista executada naquele mesmo dia pela Polícia Federal, determinada pelo STF acatando a solicitação da PGR. Não há dúvida que essa prisão, legal, não passou de um pretexto para gerar tumulto em uma data muito importante para a virada do jogo.
São nítidas as evidências de que não se tratou de uma patacoada voluntária de alguns. Tratou-se de uma tentativa organizada, ainda que se possa duvidar de sua competência, em estabelecer uma situação de desordem e anomia que deveria se espalhar para as demais capitais brasileiras.
Os porões do governo podem estar envolvidos com esta tentativa golpista. Como demonstra a matéria da Fórum descrevendo o papel ilegal e inconstitucional do GSI na articulação dos ataques terroristas. Os envolvidos estão, de fato, protegidos em área militar defronte ao Comando do Exército. A fonte da matéria informa que poderá haver mais destes episódios. O objetivo seria o de estabelecer um contexto de legitimação para uma intervenção militar que reporia Bolsonaro no governo. O que assistimos neste dia 12 foi uma tentativa de golpe de Estado, fracassada em seu intento.
Esses atos violentos demonstram que a estratégia golpista, portanto, não foi abandonada. Se de um lado, tem produzido um isolamento do núcleo mais radicalizado da extrema direita, em relação aos seus aliados conservadores que apoiaram Bolsonaro nas eleições, de outro torna-se cada vez mais uma estratégia de aglutinação e organização de um bloco político que não deve ser menosprezado em sua disposição golpista.
A noite do dia 12 mostrou que eles tentam de fato romper a ordem democrática. Sua tentativa fracassada de dar início a um processo golpista, mostra uma disposição política sem preocupação com a lei e com a Constituição.
Os indicativos são de que este será o padrão de oposição ao governo de Lula da Silva. Ataques ao Parlamento, disputa de versão nas redes, notícias falsas se somarão às sabotagens em um processo permanente de questionamento da legitimidade do novo governo. Os primeiros dias após a posse serão decisivos para a desarticulação desse modelo de oposição de extrema direita. As medidas de criminalização do golpismo deverão ser acionadas para estabelecer o devido processo legal e permitir ao Brasil conhecer a verdade sobre o governo Bolsonaro e a extrema direita.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko