A precursora Lei Gaúcha da Reforma Psiquiátrica completou 30 anos em agosto de 2022. Foi a primeira lei sobre o tema do Brasil e a segunda da América Latina. Para celebrar a conquista e homenagear a luta antimanicomial do estado, a Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica da Assembleia Legislativa promove o lançamento de dois livros escritos por usuários, profissionais, professores e pesquisadores da saúde mental.
Por proposição do deputado Zé Nunes (PT), que preside a frente, o evento será realizado no Salão Júlio de Castilhos, primeiro andar da Assembleia Legislativa, na próxima quarta-feira (14), às 11h. A atividade também será transmitida ao vivo pela página no Facebook do Fórum Gaúcho de Saúde Mental.
Evento ocorre no dia 14 de dezembro / Reprodução
Serão lançados os volumes “Luta Antimanicomial e os 30 anos da lei estadual da Reforma Psiquiátrica - RS: rumo a novos avanços na garantia de direitos”, que traz o prefácio da psicóloga e militante Sandra Maria Sales Fagundes; e “Luta Antimanicomial e os 30 anos da lei estadual da Reforma Psiquiátrica - RS: em defesa do cuidado em liberdade”, com prefácio do ex-deputado e especialista sem segurança Pública Marcos Rolim, autor da lei. Além do formato físico, as publicações também serão disponibilizadas em PDF, no site da Biblioteca da ALRS.
Os livros, cada um com mais de 200 páginas, retratam a busca por uma sociedade sem manicômios, sem comunidades terapêuticas. Segundo o Fórum Gaúcho de Saúde Mental, as mais de 400 páginas, numa leitura agradável a todo cidadão, possibilitam uma aproximação cada vez maior da luta antimanicomial com as pessoas no interior da comunidade, nos territórios, junto a que realmente precisa de cuidado em liberdade.
Debate com esperança
Sandra comenta que a publicação “cumpre seu compromisso em debater temas que afetam o cotidiano da população, em especial das pessoas que tem suas vidas vulnerabilizadas pelos preconceitos de cor, de gênero, de classe, e pioradas quando a estes incidem as condições de sofrimento psíquico grave e/ou decorrentes do uso problemático de álcool e outras drogas”.
Marcos destaca que os artigos reunidos nos livros são cheios de esperança. “Ocorre que eles foram produzidos a partir de experiências terapêuticas que assinalaram deslocamentos importantes e não apenas nos usuários dos serviços. Profissionais de saúde mental não são taxonomistas ou burocratas com carimbos. Para descrever sua ciência é preciso aproximá-la das virtudes dos cuidadores e dos inventores. Por isso, eles também se deslocam, desalojando suas próprias certezas.”
O escritor, militante, usuário do sistema de saúde mental e um dos organizadores dos livros, Roque Junior, conta que a produção das duas obras literárias foi trabalhosa, mas recompensadora a todas as pessoas que se envolveram. Dedicaram-se ao trabalho escritores, escritoras, organizadores e organizadoras, o Fórum Gaúcho de Saúde Mental e a Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica da Assembleia Legislativa.
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Edição: Marcelo Ferreira