Rio Grande do Sul

VIOLÊNCIA POLÍTICA

Deputadas e vítimas levam denúncias de perseguição política a chefe da Polícia Civil gaúcha

Luciana Genro e Fernanda Melchionna pedem investigação dos casos de violência nos municípios de Casca e Santa Maria

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Deputadas do PSOL foram acompanhadas da advogada Janaíra Lopes, de Casca, e da liderança do PSOL de Santa Maria Alice Carvalho - Foto: Divulgação

Os casos de perseguições políticas praticadas por bolsonaristas no Rio Grande do Sul após a vitória de Lula (PT) no segundo turno foram tema de conversa entre a deputada estadual Luciana Genro e a deputada federal Fernanda Melchionna, ambas do PSOL, com o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, na tarde desta segunda-feira (21), no Palácio da Polícia.

As deputadas foram acompanhadas da advogada Janaíra Lopes, de Casca, e da liderança do PSOL de Santa Maria Alice Carvalho, que denunciaram casos de perseguição política dos quais foram alvo. Acompanhando os casos, Luciana Genro já proporcionou que Janaíra fosse ouvida na Comissão de Direitos Humanos. A deputada irá propor à Comissão a realização de uma audiência pública sobre o assunto.

Alice Carvalho relatou que mora na periferia de Santa Maria e, alguns dias atrás, os pais dela a mostraram que havia um furo no teto e um projétil dentro de casa, que atingiu o quarto deles. Eles escutaram um estouro durante a madrugada e registraram boletim de ocorrência. Segundo ela, a polícia da cidade tem levado adiante as investigações e há dúvida de se foi uma bala perdida.

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“A questão é que sempre depois de eleição acaba acontecendo algo. Em 2020, atiraram pedras nas janelas da minha casa, e em 2018 sofremos uma agressão física no centro da cidade. Não sabemos quem foi, mas tem hipótese de que, além de bala perdida, pode ter sido algo político”, afirmou Alice. O delegado Lopes chamou atenção para o fato de apenas um tiro ter sido ouvido, o que não é comum em casos de bala perdida.

“Temos a preocupação de que seja investigada também a possibilidade de ser um crime político, que a Polícia não fique focada apenas na hipótese de ser uma bala perdida. Temos recebido muitos relatos de casos de perseguição política, sempre que divulgamos algum, recebemos mais”, afirmou Luciana Genro.

Em Casca, cidade de 9 mil habitantes onde Janaíra vive, no dia seguinte às eleições começou a circular uma lista de quem havia votado no Lula e indicando que não se deveria comprar nos 19 estabelecimentos ou profissionais citados. “O meu escritório foi atacado, mas a polícia arquivou o boletim de ocorrência. Eu queria que verificassem as câmeras da avenida, mas eles disseram que é dano, que não é problema de polícia. Mas sabemos que é um ataque político, e não de propriedade”, ponderou a advogada.

O delegado Lopes explicou que a Polícia Civil vem avaliando diversos casos de listas de boicote divulgadas em municípios, dos quais algumas inclusive propunham que os estabelecimentos de quem votou no Lula fossem identificados com estrelas vermelhas. “As listas, quando vêm acompanhadas de acusações, podem configurar infração penal. Cada caso tem que ser analisado e investigado”, apontou.

“A nossa luta é para que essas pessoas sejam identificadas, punidas. São dois casos muito graves dentro de um conjunto de casos que vêm acontecendo Brasil afora. Precisamos protegê-las, mas também seguir a luta política para responsabilizar a extrema direita pelos crimes que tem cometido”, destacou Fernanda Melchionna.

* Com informações da Agência de Notícias da ALRS


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Edição: Marcelo Ferreira