Rio Grande do Sul

AGROECOLOGIA

Cooperativa camponesa partilha noções de educação ambiental, cooperação e cidadania com alunos

Cooperbio aproxima experiência da base camponesa do MPA com alunos e professores da rede pública em Seberi

Brasil de Fato | Seberi |
Professoras, alunos e alunas da Escla Estadual Pedro Gemelli receberam um dia de partilha de experiências na sede da Cooperbio - Marcos Corbari

A Cooperbio - Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil LTDA - recebeu a visita de turmas da Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Gemelli, em dois turnos, nesta última semana. A visita de professoras e alunos das séries iniciais (a tarde) e do sexto ao nono ano (pela manhã) oportunizaram o contato com a produção agroecológica e a partilha de saberes acerca das ações desenvolvidas por famílias camponesas que compõem a base do Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), em Seberi (RS), no tocante à preservação do meio ambiente, produção de alimentos saudáveis e exercício pleno da cidadania e cooperação.

"Ao longo de 2022, depois que a vacinação permitiu que as ações presenciais pudessem ser retomadas, passamos a ter uma frequência bem relevante de visitação de escolas e projetos sociais junto à sede da Cooperativa, onde podemos conversar a respeito da produção de alimentos saudáveis, agroecologia e educação ambiental, bem como compartilhar noções de cooperação e cidadania que podem contribuir para a formação de nossas crianças e jovens, despertando neles o envolvimento com ações cotidianas de preservação do meio ambiente", destaca Debora Varolli, bióloga vinculada ao projeto Alimergia Continuidade, que está em fase de execução pela Cooperbio, com a parceria da Eletrobras.


Agroflorestas como a que Utalino Fernandes Junior está implantando em Ametista do Sul transformam-se em salas de aula ao ar livre / Foto: Debora Varolli

Além de trabalhar na pesquisa e desenvolvimento de bioinsumos e biofertilizantes, utilizados na produção de alimentos orgânicos e agroecológicos, a Cooperbio mantém em atividade um centro de formação com espaços de sala de aula e práticas pedagógicas. O centro é disponibilizado tanto para a formação das famílias de pequenos agricultores e agricultoras que compõem a sua base, quanto para a comunidade regional que pode desfrutar de espaços práticos para aprendizado, pesquisa e partilha de saberes. O espaço, inclusive, dispões de uma biblioteca com mais de 3,5 mil títulos voltados essencialmente aos temas da produção de alimentos saudáveis, agroecologia e campesinato, além de obras referenciais das ciências agrárias e sociais.

Além da Escola Pedro Gemelli, recentemente, integrantes do projeto social Centro Integrado, Agrícola e Doméstico Criança do Futuro do Município de Seberi participaram de atividades na sede da Cooperbio. “Nosso espaço se torna uma grande sala de aula aberta, onde aprendemos através da relação da agricultura camponesa e familiar com a natureza, de forma integrada e não agressiva, mostrando que é possível alimentar o ser humano no mundo sem que para isso precise esgotar ou destruir os recursos naturais”, aponta Luiza Pigozzi, colaboradora da cooperativa, vinculada às ações de educação e agroindústrias.

Referência nacional e Internacional


Atividade de formação com o professor Sebastião Pinheiro serviu para compartilhar saberes com representantes da comunidade local e regional / Foto: Alex Garcia

O espaço de formação da Cooperbio já desenvolveu atividades de referência nacional e internacional, tendo inclusive sediado escolas de formação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, em 2022. Também recebeu a Consulta/assembleia Regional da América Latina e Caribe sobre a implementação dos direitos do agricultor/campesinato, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) voltada aos países da América Latina, além da Sociedade Civil, Unidade de Parceria, Advocacia e Desenvolvimento de Capacidade (OPC), no ano de 2018.

"Estes são alguns exemplos das ações de formação e educação que acontecem com frequência aqui na nossa sede e que devem ser intensificadas ainda mais a partir do próximo período", aponta Marcos Joni Oliveira, presidente da Cooperbio. Outro destaque citado pelo dirigente é a recente passagem do pesquisador Sebastião Pinheiro, maior autoridade em nível de país e América Latina no tema da agricultura ecológica.

"O professor Sebastião Pinheiro tem estado com frequência aqui conosco, compartilhando com agricultores familiares e camponeses os saberes acumulados ao longo de uma vida inteira dedicada à pesquisa dos sistemas de produção de alimentos com responsabilidade ambiental e compromisso social. Na visão do Pesquisador, o espaço do centro territorial da Cooperbio cumpre um papel importantíssimo que se projeta para o futuro, ser uma universidade popular do clima", comenta Marcos Joni.

A recente passagem de Pinheiro por Seberi rendeu a captura de farto material audiovisual que derivará de uma série de vídeo-aulas e documentários que vão fomentar outras ações de formação e capacitação.

Alimergia Continuidade


Aluno e aluna do projeto social Criança do Futuro conhecem as ações do projeto Alimergia Continuidade / Arquivo Cooperbio

Atualmente a Cooperbio está executando um projeto em parceria com a Eletrobras que se denomina Alimergia Continuidade, centrando o foco na implantação dos sistemas agroflorestais em áreas degradas junto à 20 unidades produtivas camponesas. Bem como fomentando atividades de formação e divulgação acerca do tema da produção de alimentos, aliadas à preservação ambiental.

Através desse projeto, além das atividades diretamente realizadas junto às famílias beneficiadas, está sendo possível compartilhar saberes com a comunidade local e regional, através da acolhida das turmas de escolas das redes municipal e estadual. Também com a oferta de reuniões, oficinas, dias de campo e cursos específicos, como a formação em Agroflorestas recentemente oferecida pelo centro de formação.

"Graças a parceiros como a Eletrobras nós temos a oportunidade de realizar ações como estas, que deixam legados concretos – vide as agroflorestas implantadas – e legados simbólicos – vide as ações de formação e conscientização que vão se perpetuar através das pessoas que aqui vem partilhar de informações e saberes que devem ser tratados como bens da coletividade", aponta a bióloga Debora Varolli.


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Edição: Marcelo Ferreira