Diógenes Oliveira, companheiro lutador, descansou a três dias da eleição e da vitória de Lula
A Diógenes Oliveira
Os tempos não andam nada fáceis. Muita dor e alegria ao mesmo tempo. Muita dor: Diógenes Oliveira, companheiro lutador, que foi preso político na ditadura militar e obrigado a se exilar, descansou a três dias da eleição e da vitória de Lula. Mesmo debilitado, estava presente nos atos da campanha Lula, o militante sempre presente nas boas causas e lutas. Muita alegria: a vitória de Lula e da esperança, com o povo nas ruas, a alegria no coração, o sonho e a utopia revisitados.
Ter a presença de Diógenes nos próximos anos seria muito necessário, com sua lucidez e seu amor pelo povo brasileiro. Todas e todos sabemos que o próximo período não será fácil. Os dois primeiros dias pós-segundo turno já deram mostra do que será preciso enfrentar.
Uma vitória eleitoral não significa, por si só, paz, tranquilidade. O ódio e a intolerância permanecerão presentes na cena política e no cotidiano das pessoas e da sociedade. Há um longo caminho a ser percorrido, com muito trabalho, muito diálogo, muita formação na ação e mobilização social, para garantir vida, direitos, liberdade.
A participação social será fundamental nos próximos anos, com movimentos sociais atuantes, com construção de políticas públicas que devolvam dignidade a trabalhadoras e trabalhadoras, às juventudes, ao povo negro, às mulheres, à população LGBTQIA+ e aos amantes da justiça e da igualdade.
O exemplo de vida de Diógenes, que nunca perdeu a esperança e nunca deixou de acreditar no Brasil e no seu povo, mesmo em meio à perseguição, à tortura, ao exílio, haverá de ser farol e luz, assim como o exemplo de tantas lutadoras e lutadores, militantes da vida e da transformação. Não haverá descanso para nós que estamos vivos, nós que manteremos acesa a chama de Diógenes.
Frei Sérgio Görgen, que escreveu o prefácio do livro ´Diógenes, o guerrilheiro: ousar lutar, ousar vencer! ´, de Hatsuo Fukuda, testemunhou que Diógenes foi “um lutador de três continentes, um ser humano admirável, um gigante nas lutas do povo. Preservemos sua memória (Frei Sérgio Görgen, em ´O guerreiro descansou: o Brasil perde Diógenes Oliveira´, Brasil de Fato RS, 28.10.2022).
Frei Betto, com quem Diógenes esteve preso na ditadura, enviou um poema, que li na cerimônia de despedida, em meio a falas plenas de emoção, especialmente de seus filhos Guilherme e Rodrigo. Poema que pode iluminar os próximos passos no ´ninguém solta a mão de ninguém´.
POEMA DE DESPEDIDA
Autor anônimo
Você pode derramar lágrimas porque ele se se foi
Ou se alegrar por ele ter vivido.
Você pode fechar os olhos e desejar que ele volte
Ou abrir os olhos e ver tudo que ele deixou.
Seu coração pode estar vazio porque agora já não pode vê-lo
Ou ficar repleto do amor que compartilharam.
Você pode voltar as costas ao futuro e viver do passado
Ou ser feliz no futuro por causa do passado.
Você pode se lembrar dele e de que ele se foi
Ou cultivar com carinho a sua memória para que ele permaneça.
Você pode chorar e se fechar, isolar-se e se queixar
Ou fazer o que ele gostaria: sorrir, abrir os olhos e prosseguir.
DIÓGENES PRESENTE!
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko