A escritora Christa Berger dedicou-se, ao longo de quatro anos, na pesquisa e na escrita do livro "Jurema Finamour, a jornalista silenciada". A obra apresenta Jurema ao público: jornalista, romancista, escritora, viajante, feminista, cozinheira de mão cheia. Uma figura que viajou pelo mundo, tendo realizado os primeiros livros-reportagem no Brasil sobre a União Soviética, a China, a Coreia e Cuba.
Foi retratada por Di Cavalcanti e por Dimitri Ismailovitch. Entrevistou o filósofo Jean-Paul Sartre, a escritora Anna Seghers, o cineasta Roberto Rossellini e foi secretária de Pablo Neruda por três ocasiões. “Mas para a memorialística brasileira, ela não existe: seus livros não foram reeditados e não é mencionada nas biografias dos que conviveram intensamente, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Candido Portinari, Carolina Maria de Jesus, Carlos Drummond de Andrade, entre outros”, coloca Christa.
O livro tem lançamento na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre, nessa sexta-feira (4), às 16h30, durante o painel "Jurema Finamour, a jornalista silenciada", com a presença da autora Christa Berger, além de Beatriz Marocco e Lélia Almeida.
A atividade acontece na Sala Noé do Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1223, centro de Porto Alegre). Em seguida, às 18h, ocorre a sessão de autógrafos na Praça Central. O livro já está disponível na banca 23 da Libretos na Feira do Livro.
Apagamento histórico
A autora da biografia revela as possíveis causas do apagamento histórico de uma mulher presente e atuante na vanguarda do mercado editorial. Uma vida que “compõe o arquivo das histórias de mulheres cujas proezas, infortúnios e escritos não encontraram guarida no seu tempo”, observa a autora.
A escritora Lélia Almeida exalta a iniciativa de resgate, escuta e testemunho da autora: “Christa Berger, jornalista, pesquisadora e biógrafa, traz a público uma história emudecida e silente, como são as histórias das grandes mulheres que constroem os momentos mais desafiadores das histórias de seus países e que sempre são ignoradas pelo cânone intelectual e literário masculino, que lhes destina o lugar de uma ausência contundente ou de mera coadjuvante”.
Além disso, Lélia afirma que, a partir da obra de Christa Berger, que se dedicou exaustivamente à construção, é possível conhecer com mais justeza esta Jurema que foi, como outras contemporâneas suas, uma mulher que anunciava e participava da construção de um novo tempo, em que as mulheres não seriam mais cidadãs de segunda categoria.
"A história que Christa conta de Jurema Finamor traz o compromisso de cada uma delas - e o nosso, como leitoras - de reverenciar a possibilidade de nos reconhecermos em novas atitudes e palavras que contém deste mundo que sempre foi um lugar inóspito e excludente para as mulheres”, conclui.
Sobre Christa Berger
Nasceu em Ijuí, no Rio Grande do Sul, em 1950, e vive em Porto Alegre desde 1968, com intervalos em outros lugares. Nos anos 1970, morou na Cidade do México, onde participou do movimento feminista latino-americano. Jornalista, trabalhou no Diário de Notícias e na Folha da Manhã.
Mestre em Ciências Políticas (Unam/México), doutora em Ciências da Comunicação (USP/São Paulo), foi professora-pesquisadora nas faculdades de Comunicação da PUCRS, UFRGS e Unisinos. Autora do livro A terra e o texto: campos em confronto; organizadora de O jornalismo no cinema, tem artigos em coletâneas e revistas. Jurema Finamour – a jornalista silenciada é sua primeira publicação não acadêmica.
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Edição: Marcelo Ferreira