Com 100% dos votos apurados, Eduardo Leite (PSDB) é o novo governador do Rio Grande do Sul. Sua votação soma 57,12% contra 42,88% de Onyx Lorenzoni (PL). É, também, o primeiro governador que consegue se reeleger em um estado onde o padrão do eleitorado é negar o segundo mandato.
Chegou ao resultado, porém, na condição de "ex-governador". Explica-se: no início de 2022, ele renunciou ao mandato, deixando em seu lugar o vice Ranolfo Vieira Junior (PSDB). Foi tentar a candidatura tucana à Presidência da República, mas acabou derrotado na prévia do partido por João Dória. Batido, retornou à disputa regional, enfrentando o bolsonarista neste segundo turno.
Leite teve 3.687.126 votos enquanto Onyx teve 2.767.786. Foram 202.415 votos brancos e 267.276 nulos. O número de abstenções foi de 1.658.040 eleitores.
Leite cita importância do voto crítico do PT
Em coletiva de imprensa após a vitória, ao lado de apoiadores, políticos e dirigentes partidários, Leite agradeceu à “generosidade do povo gaúcho que mostrou que esta terra quer a paz, quer a união, quer o respeito”. Também agradeceu a todos os partidos que estiveram juntos desde o primeiro turno e também aos que se somaram no segundo.
Citou ainda as adesões do PSB, do PDT, do Solidariedade e também o voto crítico do Partido dos Trabalhadores (PT). “Recebemos conscientes de que este voto, se não vem com convergência dentro da agenda e do programa que temos pro estado, vem na convergência em torno da democracia, do respeito e do diálogo entre aqueles que pensam diferentes”, disse.
“Esta eleição se revelou atípica, no primeiro turno teve resultado fora da cogitação pela pressão da eleição nacional. No segundo turno, mano a mano, comparando projetos, currículo e biografias, o RS disse o que quer”, completou Leite.
Onyx reconhece derrota
Também em discurso, após a confirmação da derrota, Onyx agradeceu a Deus, à esposa Denise, a sua vice Claudinha aos deputados estaduais e federais eleitos e não eleitos. Fez um agradecimento especial ao general Mourão.
“Já conversei com o novo governado Eduardo Leite, o cumprimentei pela vitória e desejei que ele consiga responder às expectativas do povo gaúcho. Na democracia a decisão do povo é soberana”, disse.
Onyx ressaltou que fez uma campanha limpa e no primeiro turno obteve reconhecimento da população. “Mas no segundo turno houve uma outra eleição e houve a união das esquerdas que definiu a eleição para o governo do estado no Rio Grande do Sul. Pela primeira vez em várias décadas a direita passa a ter força de chegar a um segundo turno.”
No final fez várias críticas ao PT e à eleição de Lula. E concluiu: “Vamos continuar de cabeça erguida defendendo Deus, família pátria e liberdade”.
PT foi fundamental para a vitória
No primeiro turno, Leite saiu atrás de Onyx com 26,81% dos votos, bem distante do candidato de Bolsonaro, que largou com 37,5%. Mais: Leite ficou à frente do terceiro colocado, o petista Edegar Pretto, por apenas 2.491 votos.
Neste dia 30, o eleitorado do PT e de partidos aliados como PSOL e PCdoB descarregou um maciço volume de votos no tucano, sendo responsável direto pela virada. Na última semana, o PT regional – que antes tirara a posição de "Nenhum voto em Onyx" – deu um passo adiante e recomendou expressamente um "voto crítico" em Leite.
Na campanha, enquanto o ex-ministro fazia um discurso mais voltado para os seus apoiadores, Leite se apresentou como "um candidato de todos", aberto ao diálogo com todas as forças políticas, inclusive as mais divergentes de seu projeto.
Leite e Onyx protagonizaram um dos mais ríspidos confrontos do segundo turno. Não faltaram, por exemplo, ataques homofóbicos do programa do bolsonarista ao seu oponente – o tucano já admitiu publicamente sua condição de homossexual. Apoiador de Onyx e eleito senador, o general e vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão (Republicanos) disse que Leite não gosta de mulher. Para agravar o mal estar, ao final de um dos debates, Onyx recusou-se a apertar a mão do adversário.
De volta ao jogo da presidência
Filiado ao PSDB – seu único partido – desde 2001, Leite é bacharel em Direito e tem formação em Políticas Públicas pela universidade norte-americana de Columbia. Ex-vereador e ex-prefeito de Pelotas, maior cidade da chamada Metade Sul do Rio Grande do Sul, ele venceu mas teve que abrir mão de uma das convicções que sempre alardeou: a de que, por razões de princípio, não concorreria à reeleição.
Aos 37 anos, é um dos mais jovens governadores da história gaúcha. O triunfo repõe suas chances de tentar novamente uma indicação para a presidência em 2026. Seu governo, como ocorreu no primeiro mandato, deve abrigar partidos do centro à direita. Não se tem certeza, porém, qual a postura de legendas de extrema-direita, como o PL de Bolsonaro e Onyx, diante do novo quadro.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
Edição: Marcelo Ferreira