Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2022

Lula reúne multidão em caminhada no centro de Porto Alegre

Cerca de 70 mil pessoas lotaram as ruas da capital gaúcha em atividade que encerrou na Praça da Matriz

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Caminhada da candidatura de Lula e Alckmin em Porto Alegre a 12 dias do segundo turno das eleições - Foto: Carol Lima

A 12 dias do segundo turno das eleições, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula (PT) da Silva arrastou uma multidão pelas ruas centrais de Porto Alegre, durante caminhada com apoiadores realizada na tarde desta quarta-feira (19). Em rápida passagem pelo Rio Grande do Sul, sua terceira visita ao estado neste ano e a primeira após o primeiro turno, o candidato também concedeu coletiva de imprensa a jornalistas na Capital.

Lula veio ao estado acompanhado de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e sua companheira Janja. Também participaram da atividade personalidades como a ex-presidenta Dilma Rousseff, o deputado Edegar Pretto (PT), Manuela D'Ávila, Olívio Dutra e outros diversos parlamentares gaúchos do PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB. 


Vista aérea da multidão durante a caminhada em Porto Alegre / Foto: Ricardo Stuckert

Chamada de “caminhada da vitória”, a atividade iniciou junto ao Monumento dos Açorianos, por volta das 16h. Eram vistas bandeiras, faixas e cartazes de diversos movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos. A organização estima que 70 mil pessoas participaram do ato. Lula, que no percurso chegou a segurar uma bandeira do Brasil, interagiu com as gaúchas e os gaúchos da carroceria de um carro.

O ato encerrou na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, onde lideranças políticas se manifestaram em um caminhão de som.

"Estado dos corações valentes"

Ovacionada pelos presentes, ex-presidenta Dilma Rousseff disse que o RS é um estado de mulheres e homens lutadores, corajosos e guerreiros. “Esse é o estado dos corações valentes. Eu tenho a honra de ser gaúcha de propósito. Sei que aqui é o estado que reconhece aqueles que lutam e o presidente lutou toda sua vida pelos direitos do povo brasileiro, pela democracia e soberania deste país", disse.

Fazendo referência à polêmica fala de Bolsonaro, que disse que "pintou um clima" ao se referir a adolescentes venezuelanas, Dilma ressaltou que Lula é o presidente que respeita a família. "Jamais passou perto da cabeça do presidente Lula não ter consideração pelas crianças e adolescentes, ao contrário deste senhor que disputa a eleição e que usou a imagem de crianças e adolescentes de forma indevida e insinuando que meninas de 15 anos se prostituem. Nós defendemos a família e não admitimos que crianças e adolescentes sejam tratados desta forma”, afirmou.


Encerramento do ato em frente ao Palácio Piratini / Foto: Carol Lima

"Política como a arte de construir o bem comum"

Em sua manifestação, Olívio Dutra disse que o povo presente luta por um mundo com respeito e cuidado, em que se possa falar de política sem que isso cause desavenças. "Queremos a política como a arte de construir o bem comum, com o protagonismo das pessoas", ressaltou.

Disse que uma eleição é um processo civilizatório e não um espaço para disseminar o ódio, o preconceito e a exclusão. "Para nós, a democracia é sempre um aprendizado, pois aprendemos muito com os movimentos sociais e populares, do campo e da cidade."

Orçamento participativo em vez de secreto

O ex-governador afirmou que as pessoas tem que fazer parte dos governos e da construção de uma economia viável, justa e sustentável. "O orçamento não pode ser secreto, tem que ser participativo", disse, criticando o modelo de emendas parlamentares em vigência.

Por sua vez, Alckmin saudou os presentes e os partidos da frente política de apoio à candidatura. "É uma alegria estar aqui, com vocês, parabéns por essa festa cívica. Peço a Deus que cubra de bênçãos nossa população, o Brasil não quer ódio, quer paz. Não queremos a fome, queremos emprego. Não queremos o desmatamento, queremos preservar a 'casa comum'. Queremos vida e um SUS forte", disse.


“Não existe uma única coisa de verdade nas coisas que ele (Bolsonaro) fala” / Foto:Jorge Leão

Lula abre sua fala repudiando o racismo

Lula iniciou sua fala convidando o público a levantar a mão em sinal de protesto com o preconceito que o Seu Jorge sofreu em Porto Alegre. “Nós não podemos aceitar o racismo de jeito nenhum. Esse é um país de iguais, o preconceito é crime inafiançável e portanto a gente não pode aceitar o que fizeram com um artista, e mesmo que fosse um trabalhador mais humilde ele teria que ser respeitado. Eu sei que esse preconceito não é do povo de Porto Alegre, do povo gaúcho, esse preconceito é de uma minoria que não sabe respeitar a democracia”, disse.

O candidato disse que o país precisa de um processo de reeducação. Destacou que durante o seu governo foi colocado no Ensino Fundamental o ensino da história africana para que se pudesse combater o racismo no seu nascimento. “Somente preparando as nossas crianças, os nossos jovens, é que a gente vai ter um futuro bem próximo de um povo sem racismo.”


Lula interagiu com pessoas nas ruas e nos prédios / Foto: Ricardo Stuckert

Resgatar a dignidade

Disse ainda que em seus 50 anos de vida política, nunca imaginou disputar uma eleição contra a mentira. “Não existe uma única coisa de verdade nas coisas que ele (Bolsonaro) fala”, criticou o ex-presidente.

Também criticou o retorno da fome no país durante o atual governo. “Esse país voltou a ter fome, 31 milhões de pessoas estão passando fome quando a gente tinha tirado o país do mapa da fome em 2014”, disse Lula.

“Parece que eles têm um desprezo pela educação. A elite brasileira nunca se preocupou pela educação do nosso povo. Nós vamos voltar a investir em universidades, voltar a investir em mais escolas técnicas, vamos fazer a escola integral neste país”, prometeu.


Lula e Alckmin / Foto: Carolina Lima

Também criticou a perda do poder de compra da população. “Faz cinco anos que o salário mínimo não tem aumento real. São 30 milhões de pessoas, dos quais 22 milhões são aposentados e pensionistas que não recebem aumento real.”

“Temos milhões de pessoas que trabalham fazendo bico porque não tem carteira assinada, não têm seguridade social. Vamos fazer uma discussão sobre a reforma trabalhista e garantir aos trabalhadores o direito mínimo dele trabalhar com tranquilidade, que sua família vai ter respaldo em um plano de seguridade social”, afirmou.

Disse que pretende fazer uma economia sólida, com financiamento de micro e pequeno empreendedor, ajudando o povo a se organizar em cooperativa. “Não queremos o trabalhador abandonado achando que é pequeno empreendedor, carregando comida em uma moto ou bicicleta, cheirando a comida sem ter dinheiro para comer, queremos que esse trabalhador tenha direitos e seja respeitado”, ressaltou. 


“Faz cinco anos que o salário mínimo não tem aumento real. São 30 milhões de pessoas, dos quais 22 milhões são aposentados e pensionistas que não recebem aumento real.” / Foto: Jorge Leão

Derrotar o fascismo

Lula convocou a população a derrotar a direita e fazer o Brasil voltar a ser protagonista internacional. Contudo, disse que essa não é uma eleição fácil. “Desde a Proclamação da República até o dia de hoje, se juntar todos os ex-presidentes, nós não utilizamos 10% do dinheiro que o Bolsonaro está utilizando para poder ganhar as eleições, é o Auxílio Brasil, o auxílio não sei das quantas. Eu quero dizer para vocês, qualquer dinheiro que cair na conta de vocês, peguem e gastem, e no dia 30 deem uma banana para eles e vote no 13.”

“Vamos derrotar Bbolsonaro, vamos derrotar o fascismo e trazer de volta a democracia, trazer de volta a comida para o prato do trabalhador. A gente vai voltar a sorrir porque a gente vai viver dignamente, de forma decente. Eu estou nesta campanha jogando a minha vida”, assegurou Lula.


“Nós vamos voltar a investir em universidades, voltar a investir em mais escolas técnicas, vamos fazer a escola integral neste país” / Foto: Jorge Leão

Apoiadores presentes querem Lula para mudar o país

Durante a caminhada, a reportagem do Brasil de fato RS conversou com populares. Emocionada, a aposentada Miriam Burger enfatizou que Lula tem que ganhar a eleição.

“Isso é decisivo para a vida de cada um de nós e para o país, a gente precisa acabar com esse ditador camuflado. Além dele ser um ditador é bandido, tem laços com o banditismo e com a milícia, nada é investigado, fica tudo debaixo dos panos. É urgente que a democracia triunfe e o Lula é o caminho”, afirmou. 

“Estamos em uma encruzilhada civilizacional no Brasil”, avaliou o sociólogo Cristovão Feil. “Ou nós decaímos na barbárie ou a gente avança nos padrões civilizatórios que nos últimos anos ficou muito comprometido no país. É um dever cívico e sobretudo civilizacional comparecer aqui, prestigiar os companheiros”, completou.


Cristovão Feil / Foto: Walmaro Paz

A aposentada Ingeborg Eichwald veio da cidade de São Leopoldo, região Metropolitana, para acompanhar a caminhada. Com uma bandeira do Brasil, ela disse que o que a motivou é colocar de novo Lula na presidência. 

“Uma vez eu ajudei a botar Lula no Planalto, e espero que a gente consiga de novo. Eu fui muito feliz e sabia que era feliz”, disse. Ela espera que, com Lula eleito, o país possa voltar a ter serenidade e que acabe o ambiente de ódio que permeia a sociedade brasileira.


Ingeborg Eichwald / Foto: Clara Aguiar

Natural de Rio Grande e atualmente morando em Porto Alegre, Tatiane Silva levou seu filho pequeno na caminhada. “Temos que fazer alguma coisa para mudar a realidade do nosso país que está um caos. Cada um conta, cada voto conta. Eu podia estar em casa com meu bebê de dois meses , mas estou aqui marcando presença porque é importante”, disse.


Tatiane e seu filho de dois meses / Foto: Clara Aguiar

Coordenador regional do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-IFSul), Francilon Simões veio de Pelotas, município localizado no sul do estado, com a sua família para a caminhada: “É importante estarmos na rua para que o Brasil possa voltar a crescer de novo. Em nome da minha filha, de 4 anos, nós estamos na rua para derrotar o Bolsonaro”, disse.


Francilon Simões / Foto: Clara Aguiar

“A gente precisa de mudança, eu quero um futuro para meu filho, e eu tenho um mais velho que é autista. Aqui a gente é uma minoria e temos que lutar pelos nossos. Se a gente não luta, se a gente não grita, se a gente não protesta, nada vai mudar”, complementa.

Vivi Pereira, porta-voz do Partido Rede Sustentabilidade de Porto Alegre, demonstrou confiança e empolgação com a vitória de Lula no segundo turno. “Estou aqui prestigiando o evento do Lula, esse ato importantíssimo que antecede a sua vitória pra mostrar que Porto Alegre tem força e Porto Alegre está com Lula, é Lula presidente!”


Vivi Pereira / Foto: Clara Aguiar

Abaixo mais fotos da caminhada 


Foto: Jorge Leão


 Foto: Rafael F.R.


Foto: William Clavijo


Foto: William Clavijo


Foto: William Clavijo


Foto: Rafael F.R.


 Foto: William Clavijo


Foto: William Clavijo


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Edição: Marcelo Ferreira