Não vamos nos enganar: o próximo dia 30 vai marcar a maior decisão das nossas vidas. Não se trata de uma eleição a mais, resumida a comparecer à seção eleitoral e pressionar as teclas da urna eletrônica. É uma luta pela sobrevivência. Não é somente um modo de dizer.
Tudo está muito claro nas postulações de um grupo político que almeja retornar à ditadura de 1964. É algo que está acontecendo pela primeira vez desde a volta da nossa cambaleante democracia em 1985. Seu líder é um admirador confesso da tortura e dos torturadores e um cultuador da morte. Um segundo mandato completaria sua obra de destruição não apenas política, mas até mesmo física de seus opositores.
É por isso que acorreram a Lula antigos adversários de uma vida inteira como as principais lideranças do PSDB, muita gente do MDB, antagonistas encarniçados do PT como ex-ministros de STF, juristas que, no passado, cansaram de criticá-lo, economistas que, até ontem, eram seus opositores ferrenhos. Mais religiosos, personalidades da música, da televisão, do teatro, do cinema, da literatura. Pessoas que sempre o rejeitaram, entre elas muitos jornalistas e influenciadores, hoje abrem voto no candidato do PT.
Isto está acontecendo porque a questão está muito além de se gostar ou não de Lula. É porque gostam de democracia. Todos sabem que é sempre no segundo momento, o do segundo mandato, que os monstros se sentem confiantes para exibir todo o tamanho de suas garras.
Todos sabem que ninguém estará em segurança caso ocorra a tragédia. Que haverá mais perseguição, violência, crimes. Que não haverá lar inviolável nem casa segura. Que todos os direitos de viver em paz e em comunidade irão se esfacelar no ar. Que todas as leis serão substituídas por uma só, a lei das armas.
Por isso, no encontro marcado que todos temos no segundo turno, também estaremos dizendo quem somos. A mãe de todas as batalhas também revelará qual o rosto que veremos no espelho. Se a face de um perverso, que gargalha diante da agonia de um ser humano a quem falta o ar para respirar, ou o semblante de uma pessoa que, com esperança, se comove com a dor do outro e estende a mão para o irmão ou a irmã que sofre.
Edição: Ayrton Centeno